31/Jul/2025
Segundo a StoneX, a indefinição sobre a demanda da China domina as atenções no mercado global de soja. A China pode tanto anunciar compras expressivas da nova safra dos Estados Unidos quanto optar por não adquirir nenhum volume. Essa é a grande incógnita agora. A China costuma antecipar compras da soja norte-americana em julho, mas esse padrão não se repetiu em 2025. As poucas vendas registradas até agora aparecem como destinadas a "locais desconhecidos", uma designação comum, mas insuficiente para apontar a origem segura da demanda. Não há nenhuma evidência de que isso seja China. Além do silêncio nas originações, pesam as tensões comerciais. O governo chinês reativou tarifas retaliatórias contra os Estados Unidos, impostas originalmente durante a primeira gestão Trump.
Isso significa a soja norte-americana vai custar ainda mais. Com os encargos adicionais, o grão norte-americano perde competitividade frente à soja brasileira, que segue disponível a preços mais baixos. A soja brasileira segue com preços competitivos até pelo menos outubro, mesmo diante da chegada da nova safra norte-americana. Os estoques chineses estão elevados, e o país já tem cerca de 6 milhões de toneladas contratadas para recebimento entre setembro e novembro, volume equivalente ao dobro do que foi importado dos Estados Unidos ao longo da safra atual, que termina em agosto. A China pode simplesmente decidir não comprar nada dos Estados Unidos. Pelo lado da produção, os modelos de rendimento nos Estados Unidos apontam para uma produtividade entre 3,6 e 3,7 toneladas por hectare, com possibilidade de superação caso o clima em agosto seja favorável.
Agosto é o mês que realmente determina o tamanho da safra de soja. É quando a maioria das vagens são formadas e enchidas. A StoneX projeta processamento doméstico de 68,9 milhões de toneladas, próximo ao número do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), mas com ressalva sobre limitações operacionais por paradas de manutenção. Nas exportações, a estimativa é de 44,9 milhões de toneladas, cerca de 3 milhões de toneladas abaixo da estimativa oficial do governo. Em um cenário de clima quente e seco, que reduza o rendimento para 3,37 toneladas por hectare, os estoques finais dos Estados Unidos cairiam para cerca de 8,2 milhões de toneladas, com impacto de alta nos preços. A alta nos preços tornaria a China, um comprador sensível a preço, menos propensa a comprar dos Estados Unidos.
Na hipótese oposta, com produtividade elevada para 3,72 toneladas por hectare, os estoques subiriam para aproximadamente 12 milhões de toneladas, ampliando a relação estoque/uso para 10,1% e pressionando os preços para patamares abaixo de US$ 10,00 por bushel. Se os preços da soja caírem tanto, não há como ampliar ainda mais o esmagamento, que já opera próximo ao limite da capacidade instalada. Mas, isso tornaria as compras pelos chineses ainda mais atraentes. Mesmo assim, a oferta ainda elevada na Argentina e no Brasil continua sendo um obstáculo à recuperação das exportações norte-americanas. Há muita soja barata disponível. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.