28/Jul/2025
O aquecimento nas demandas externa (sobretudo da China) e doméstica pela soja brasileira eleva os prêmios de exportação no Brasil. Contudo, as quedas externa e cambial (R$/US$) limitam o movimento da alta. Além disso, o encarecimento nos fretes rodoviários reduz a receita dos sojicultores no País. Essa alta é observada desde o mês passado, mas foi intensificada nas últimas semanas. O custo de transporte rodoviário de soja da região oeste do Paraná para o Porto de Paranaguá (PR) chegou a passar de R$ 200,00 por tonelada, pouco mais de 20% acima do mês anterior. O aumento pode chegar a 30% neste mês no estado de São Paulo. Diante disso, os produtores mostram preferência em negociar a soja com entrega nos próximos meses em detrimento do mercado spot (entrega em até sete dias); isso porque, com a finalização da colheita da 2ª safra de milho de 2025, a tendência é que a oferta de caminhões aumente e, consequentemente, que o custo com frete rodoviário recue.
Além do provável menor custo logístico no próximo mês, a paridade de exportação mostra preços mais atrativos aos vendedores, influenciados pela valorização nos prêmios de exportação. Com base no Porto de Paranaguá (PR) e no embarque em Agosto/2025, o prêmio de exportação de soja é ofertado +US$ 1,50 por bushel pelo comprador e a +US$ 1,67 por bushel pelo vendedor. Na semana anterior, o prêmio estava sendo ofertado em +US$ 1,40 por bushel pelo comprador e a +US$ 1,60 por bushel pelo vendedor e, no mesmo período do ano passado, em +US$ 0,58 por bushel. Entretanto, a queda na Bolsa de Chicago, de 1,7% para o contrato Agosto/2025, a US$ 22,14 por saca de 60 Kg no dia 24 de julho impediu altas no valor FOB em Paranaguá (PR), que, mesmo diante da elevação nos prêmios de exportação no Brasil, registra recuo de 0,8% nos últimos sete dias, a US$ 25,84 por tonelada.
No mercado spot, nos últimos sete dias, o Indicador da soja Paranaguá ESALQ/BM&F, referente ao grão depositado no corredor de exportação e negociado na modalidade spot (pronta entrega), no Porto de Paranaguá, apresenta recuo de 0,2%, cotado a R$ 137,19 por saca de 60 Kg. Em dólar, no entanto, observa-se avanço de 0,3%, a US$ 24,86 por saca de 60 Kg. A média ponderada da soja no Paraná, refletida no Indicador CEPEA/ESALQ registra avanço de 0,5% nos últimos sete dias, a R$ 131,40 por saca de 60 Kg. Nos últimos sete dias, os preços da oleaginosa apresentam alta de 0,9% no mercado de balcão (valor pago ao produtor) e de 1% no mercado de lotes (negociações entre empresas). Para os próximos meses, a paridade de exportação de soja, com base no preço FOB em Paranaguá (PR) e no dólar futuro negociado na B3 no dia 24 de julho, é calculada em R$ 143,00 por saca de 60 Kg, para embarque em agosto e em R$ 135,02 por saca de 60 Kg, para setembro.
Para 2026, a paridade de exportação é calculada a R$ 140,81 por saca de 60 Kg para fevereiro; em R$ 138,71 por saca de 60 Kg para março; em R$ 140,60 por saca de 60 Kg para abril; em R$ 142,93 por saca de 60 Kg para junho e em R$ 149,50 por saca de 60 Kg para embarque em julho de 2026. O aumento nos preços regionais está atrelado à firme demanda das indústrias esmagadoras, diante da maior procura por óleo de soja, sobretudo pelo setor de biodiesel no Brasil. O preço do óleo de soja (posto em São Paulo com 12% de ICMS), registra avanço de significativos 2,8% nos últimos sete dias, indo para R$ 6.820,08 por tonelada. Esse cenário, por sua vez, segue pressionando os valores do farelo de soja no País. Nos últimos sete dias, a queda é de 1,1%. Vale ressaltar, no entanto, que os preços do derivado oscilam dentre as regiões brasileiras, diante da valorização externa e da expectativa de maior demanda internacional.
Com o aumento no preço do óleo de soja, a participação deste subproduto na margem de lucro das indústrias tem aumento de 1,9% nos últimos sete dias, indo para 47,9%. No dia 23 de julho, a participação do óleo de soja chegou a 48,3%, a maior desde 10 de março de 2008, tendo-se como base os valores da soja em grão, do óleo e do farelo no estado de São Paulo. Mesmo com a valorização do derivado, observa-se queda de 12,2% na “crush margin” nos últimos sete dias, passando para R$ 323,69 por tonelada. O retorno financeiro das indústrias esmagadoras em relação ao custo da soja saiu de 19,5% no dia 17 de julho, para 15,7% no dia 24 de julho. No front externo, os contratos futuros do farelo e do óleo de soja registram avanço de 0,4% e 0,8% nos últimos sete dias, para os respectivos produtos, com fechamentos de US$ 297,29 por tonelada e de US$ 1.249,35 por tonelada na Bolsa de Chicago. Essa valorização está atrelada às expectativas de maior apetite internacional, devido ao aumento nas tarifas de exportação na Argentina. Fonte: Cepea. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.