16/Jul/2025
No mercado interno de soja, os preços apresentaram com leve alta entre R$ 0,50 e R$ 1,00 por saca de 60 Kg nesta terça-feira (15/07). A perspectiva de uma redução das tensões comerciais entre Brasil e Estados Unidos, com eventual negociação em torno das tarifas de 50% que o presidente Donald Trump prometeu impor a produtos brasileiros a partir de 1° de agosto, trouxe alívio ao mercado de câmbio local ao longo desta terça-feira (15/07). Na contramão da alta predominante da moeda norte-americana no exterior, na esteira de dados de inflação ao consumidor nos Estados Unidos, o dólar encerrou a sessão em baixa de 0,47%, cotado a R$ 5,55.
Operadores ressaltam que após uma sequência de quatro pregões seguidos de valorização do dólar, com ganhos acumulados de 2,54% no período, havia espaço para ajustes técnicos e realização de lucros. Parte do alívio do Real se deu na esteira da declaração de Trump de que o ex-presidente Jair Bolsonaro não é seu amigo, mas sim um conhecido e um "homem muito bom". A avaliação foi a de que o republicano baixou o tom e deixou a porta aberta para conversas com o governo brasileiro. A recuperação do Real está relacionada a sinais reiterados de que o governo brasileiro não vai partir para o ataque em relação aos Estados Unidos nem promover uma retaliação imediata, optando pelo caminho da negociação.
O mercado de câmbio pode ter um estresse mais forte se o governo Lula "errar na mão" na resposta a Donald Trump. A reunião de conciliação entre governo e Congresso proposta pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), sobre os decretos relacionados ao Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) foi esvaziada. Sem acordo entre as partes, o desenlace da questão ficará à cargo do ministro Alexandre de Moraes. O índice de preços ao consumidor (CPI) dos Estados Unidos subiu 0,3% em junho e 2,7% na comparação anual, superando as estimativas de analistas (0,2% e 2,6%, respectivamente). O núcleo do CPI, que exclui itens voláteis como alimentos e energia, avançou 0,2% em junho e 2,9% na comparação anual.
Os futuros de soja negociados na Bolsa de Chicago fecharam em baixa nesta terça-feira (15/07), pressionados pela melhoria das condições das lavouras norte-americanas e pela contínua ausência da China nas compras da safra 2025/2026. O vencimento novembro da oleaginosa recuou 5,25 cents (0,52%), e fechou a US$ 10,01 por bushel. O clima amplamente favorável nos Estados Unidos continua sustentando expectativas de uma safra volumosa no país. A ausência chinesa nas originações para agosto intensificou as pressões baixistas.
As tarifas de 30% impostas pelo presidente Donald Trump sobre importações do México e da União Europeia ampliaram a instabilidade no comércio internacional. Essa medida se soma à tarifa de 35% já aplicada ao Canadá e eleva o risco de retaliação, com impacto direto sobre o comércio de grãos. Segundo relatório das organizações OCDE e FAO, a produção global de soja está projetada para crescer 1% ao ano até 2034, desaceleração ante os 2,2% da última década. A safra 2024/2025 deve aumentar cerca de 7% ante a temporada anterior, resultando na primeira safra superior a 400 milhões de toneladas.
Em Mato Grosso do Sul, na região de Dourados, os compradores indicam entre R$ 118,00 e R$ 119,00 por saca de 60 Kg FOB, para retirada imediata e pagamento entre 10 e 15 dias. Em relação à soja da safra 2025/2026, as indicações de compra variam entre R$ 116,00 e R$ 117,00 por saca de 60 Kg FOB, para retirada em fevereiro e pagamento em março. Em São Paulo, na região de Campinas, os compradores indicam entre R$ 136,00 e R$ 138,00 por saca de 60 Kg CIF Porto de Santos, para embarque em agosto e pagamento em 15 de agosto. Quanto à soja futura 2025/2026, a indicação de compra é de R$ 135,00 por saca de 60 Kg CIF Porto de Santos, para entrega em fevereiro e pagamento em março.
Fonte: Cogo Inteligência em Agronegócio.