16/Jul/2025
Segundo a StoneX, as tarifas de 30% impostas pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, sobre importações do México e da União Europeia ampliaram a instabilidade no comércio internacional de grãos e proteínas. O risco climático no cinturão do milho nos Estados Unidos e a ausência da China nas compras de soja norte-americana são fatores de pressão para o mercado, com possível redirecionamento da demanda para o Brasil. O México, sendo o maior parceiro de comércio, essencialmente em muitas áreas diferentes, e a União Europeia também foram deixados por último, ainda tentando conseguir acordos. A medida se soma à tarifa de 35% já aplicada ao Canadá e eleva o risco de retaliação, com impacto direto sobre o comércio de carnes e grãos. A ausência da China nas originações para agosto tem chamado a atenção do mercado de soja. A China, que tipicamente acelera as compras de soja dos Estados Unidos para a entrega em agosto, está basicamente ausente, não sendo vista em qualquer lugar no mercado.
O comportamento atípico do principal comprador mundial reforça a expectativa de aumento da demanda pela soja brasileira, especialmente diante da atual competitividade nos portos. No milho, o foco se volta ao clima. O sul do Meio Oeste dos Estados Unidos tem apresentado sinais de estresse térmico e hídrico. Esse tipo de problema não é capturado pelos índices semanais de condição das lavouras, o que aumenta a imprevisibilidade do rendimento final. Modelos indicam produtividade potencial de até 11,9 toneladas por hectare, mas esse número pode recuar a depender do clima em agosto, período decisivo para a formação dos grãos. Se agosto for quente, isso acelera a maturação e os grãos ficam menores, o que reduz o rendimento. Os fundos especulativos mantêm cerca de 25 milhões de toneladas em posições vendidas no milho. Quando os fundos têm as maiores posições curtas, é preciso prestar atenção, porque isso pode causar uma corrida de cobertura. A combinação entre clima adverso e grande volume vendido cria um cenário propício para repiques.
No Brasil, os produtores ainda seguram a comercialização da 2ª safra de milho de 2025, e as estimativas de produção superam as projeções do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA). Isso limita o espaço para altas nos contratos da B3. Há muitas toneladas para serem vendidas contra qualquer alta que se desenvolva. A cadeia de carnes também pode ser afetada pelas novas tarifas. O México costumava enviar cerca de 30 mil cabeças de gado por semana aos Estados Unidos, mas esse comércio foi interrompido. Com a fronteira fechada, os mexicanos estão engordando o rebanho dentro do país com milho importado dos Estados Unidos e depois exportando a carne já processada. Esse produto, no entanto, também será atingido pela tarifa de 30% anunciada por Donald Trump. Ao Brasil, foi aplicada uma tarifa de 50%. Hoje, o Brasil responde por 27% da carne bovina importada pelos Estados Unidos. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.