04/Jul/2025
Segundo o Itaú BBA, as margens da soja no Brasil devem recuar para R$ 2.140,00 por hectare na safra 2025/2026, queda de 17% em relação aos R$ 2.669,00 por hectare estimados para o ciclo que se encerrou, pressionadas pelo aumento de custos e preços estáveis da commodity. A previsão é de alta de 8% nos custos operacionais, puxada principalmente pelos fertilizantes, que devem subir aproximadamente 20%. Em termos percentuais, a rentabilidade deve cair de 41% na safra 2024/2025 para 34% em 2025/2026, retornando a patamares similares aos observados em 2022/2023, quando ficou em 35%. O custo por hectare deve saltar de R$ 3.918,00 na temporada atual para R$ 4.223,00 em 2025/2026, refletindo principalmente a alta dos fertilizantes. Os custos de produção devem voltar a subir, depois de um leve recuo em 2024/2025.
Os custos com fertilizantes para a safra 2025/2026 devem subir aproximadamente 20%, sendo este o item com maior influência na elevação do custo operacional. Potássio e fósforo subiram quase 20% nos últimos 12 meses, encarecendo significativamente o custo por hectare. O preço médio da soja deve ficar em R$ 108,00 por saca de 60 Kg em 2025/2026, ante R$ 106,00 por saca de 60 Kg no ciclo atual, alta de apenas 1,9% que não compensa o aumento dos custos. A produtividade esperada deve recuar de 62 sacas de 60 Kg por hectare em 2024/2025 para 59 sacas de 60 Kg por hectare em 2025/2026, retornando a níveis mais próximos da média histórica. A alta dos insumos, combinada com preço relativamente estável da commodity, resultou em piora da relação de troca. Cada tonelada de soja compra hoje menos insumo do que na média histórica, o que ajuda a pressionar as margens. Na safra atual, a produtividade média obtida no Cerrado surpreendeu positivamente e ajudou a compensar, em parte, o baixo preço do grão.
Para a próxima temporada, a expectativa é de rendimentos dentro da normalidade, sem o benefício excepcional observado em 2024/2025. O cenário de margens mais apertadas reflete também os custos financeiros elevados, com o alto patamar de juros reduzindo a rentabilidade líquida dos produtores. Apesar das boas produtividades em muitas regiões, as margens por hectare estão mais apertadas do que em anos recentes de preços altos, como em 2020/2021 e 2021/2022. A deterioração das margens deve influenciar as decisões de plantio para 2025/2026. Com os custos altos, o estímulo para aumento da área plantada é mais limitado. A expectativa é de crescimento de apenas 1,5% na área plantada, o menor avanço em 18 safras consecutivas de expansão. A evolução das margens nos últimos ciclos mostra a volatilidade do setor: de R$ 2.575,00 por hectare em 2022/2023 (35% de rentabilidade), caindo para R$ 1.736,00 por hectare em 2023/2024 (28%), recuperando-se para R$ 2.669,00 por hectare em 2024/2025 (41%) e agora com projeção de nova queda para R$ 2.140,00 por hectare em 2025/2026 (34%).
Fatores como a possível apreciação do Real e questões fiscais podem influenciar a rentabilidade final. Caso a apreciação recente do real não se intensifique, isso tende a oferecer algum alívio financeiro para os produtores, ajudando a soja cotada em Reais. O câmbio mais elevado é uma das variáveis que pode favorecer a precificação da soja em moeda nacional. Diante da tendência de alta volatilidade dos preços e da pressão sobre as margens, é fundamental que os produtores utilizem ferramentas de gestão de risco. É sempre prudente que os produtores se protejam das quedas de preço, com vistas a minimizar o risco de corrosão de margens. Fazer o uso de ferramentas que contribuam com a gestão de risco e possibilitem a fixação de piso de preços pode fazer muito sentido. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.