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30/Jun/2025

Preços da soja pressionados no mercado doméstico

Após recuarem por quase dois meses, os preços do óleo de soja subiram na semana passada no Brasil. O movimento de alta está atrelado às expectativas de maior demanda por biodiesel no mercado nacional. Esse cenário, que tende a puxar o esmagamento da soja no País, também ajuda a sustentar os preços da soja em grão. Em contrapartida, os valores do farelo de soja seguem em queda, visto que o aumento do esmagamento do grão para atender à demanda por óleo pode resultar em excedente de farelo. O otimismo na comercialização do óleo de soja no Brasil está atrelado à recente aprovação do Conselho Nacional de Política Energética (CNPE) em aumentar a mistura obrigatória do biodiesel ao óleo diesel, que passa dos atuais B14 (14%) para B15 (15%), entre agosto deste ano e fevereiro de 2026. A partir de março de 2026, a mistura pode aumentar para B16 (16%). Vale lembrar que o crescimento na mistura do biodiesel ao diesel era esperado para março deste ano e a não efetivação desta mudança no primeiro trimestre foi o principal fator do enfraquecimento nos valores internos do óleo naquele período.

Após a aprovação do CNPE, o prêmio de exportação do óleo de soja registrou significativa alta, especialmente para entregas a partir de agosto. Com base no Porto de Paranaguá (PR) e no embarque em agosto/2025, o prêmio de exportação de óleo de soja, do lado comprador, passou de -US$ 0,92 por libra-peso no dia 18 de junho, para -US$ 0,45 por libra-peso agora. Na venda, o prêmio aumentou de -US$ 0,07 por libra-peso no dia 18 de junho para -US$ 0,03 por libra-peso agora. Diante disso, o preço FOB do óleo de soja registra significativa alta de 3,6% nos últimos sete dias, indo para US$ 1.091,29 por tonelada, o maior valor registrado para este embarque. No mercado spot nacional, o preço do óleo de soja (posto em São Paulo com 12% de ICMS) apresenta avanço de 1,1% nos últimos sete dias, a R$ 6.291,85 por tonelada. Com o aumento no preço do óleo de soja, a participação deste subproduto na margem de lucro das indústrias tem alta de 1,2% nos últimos sete dias, indo para 44,9%. No dia 23 de junho, a participação do óleo de soja chegou a 45%, a maior desde 15 de junho de 2022, tendo-se como base os valores da soja em grão, do óleo e do farelo no estado de São Paulo.

Diante disso, há expressivo aumento de 17,8% na “crush margin” nos últimos sete dias, passando para R$ 323,16 por tonelada. O retorno financeiro das indústrias esmagadoras em relação ao custo da soja foi de 16% no dia 26 de junho, contra 13,3% no dia 18 de junho. Na contramão do óleo de soja, os preços do farelo seguem em queda. Além de os consumidores estarem abastecidos para o médio prazo e otimistas quanto à oferta nesta temporada, a pressão vem, também, da maior oferta na Argentina, principal exportador global de derivados de soja. Notícias de que a China vem avançado com o relacionamento comercial com a Argentina, sobretudo nas transações de farelo de soja, reforça a pressão sobre a commodity brasileira. Nos últimos sete dias, as cotações registram baixa de 1,4%. Com a expectativa de maior demanda nacional para o esmagamento, os preços da soja estão sustentados no mercado brasileiro. Entretanto, a liquidez é baixa, diante da menor demanda externa. Os produtores também não mostram interesse em negociar grandes volumes do grão no curto prazo, diante do prêmio de exportação mais atrativo para o segundo semestre deste ano.

Ressalta-se, no entanto, que pode haver necessidade em escoar parte da soja armazenada, diante da entrada da 2ª safra de milho de 2025 no Brasil, que é prevista em volume recorde. Com isso, nos últimos sete dias, o Indicador da soja Paranaguá ESALQ/BM&F, referente ao grão depositado no corredor de exportação e negociado na modalidade spot (pronta entrega), no Porto de Paranaguá, apresenta avanço de 0,6%, cotado a R$ 135,50 por saca de 60 Kg. A média ponderada da soja no Paraná, refletida no Indicador CEPEA/ESALQ registra leve alta de 0,3% nos últimos sete dias, a R$ 129,79 por saca de 60 Kg. Nos últimos sete dias, a soja registra desvalorização de 0,7% no mercado de balcão (preço pago ao produtor) e de 0,3% no mercado de lotes (negociações entre empresas). Os preços externos do complexo soja estão pressionados, influenciados por expectativas de maior oferta global e pela diminuição na demanda estrangeira pelos produtos norte-americanos. A menor demanda, por sua vez, está relacionada à oferta elevada na América do Sul, o que tende a atrair os importadores.

Além disso, as condições climáticas favoráveis às lavouras de soja nos Estados Unidos também pesaram sobre as cotações. Na Bolsa de Chicago, o contrato de primeiro vencimento da soja (Julho/2025) apresenta desvalorização de significativos 4,8% nos últimos sete dias, a US$ 10,22 por bushel. Com base no mesmo contrato, o preço futuro do óleo de soja tem recuo de 4,1% e o do farelo, de 4,9% no mesmo comparativo, com respectivos fechamentos de US$ 1.157,86 por tonelada e de US$ 298,61 por tonelada. O valor do farelo para o contrato de primeiro vencimento é o mais baixo desde 7 de abril de 2016, em termos nominais. Nos Estados Unidos, de acordo com o relatório de acompanhamento de safras do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), até 22 de junho, a semeadura da soja havia alcançado 96%, em linha com a safra passada. Na Argentina, de acordo com a Bolsa de Cereais de Buenos Aires, a colheita de soja alcançou 98,3% da área, com produção estimada em 50,3 milhões de toneladas. Fonte: Cepea. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.