23/Jun/2025
Segundo o Itaú BBA, o mercado global da soja entra nas próximas semanas com foco em dois vetores principais: o relatório de área plantada nos Estados Unidos, que será divulgado no fim de junho, e os desdobramentos da nova política de biocombustíveis do país, que pode elevar a demanda por óleo de soja e dar sustentação ao esmagamento. Os dois fatores devem influenciar os preços do grão e dos derivados na Bolsa de Chicago e no mercado interno. A projeção é de redução da área colhida de soja nos Estados Unidos para 33,5 milhões de hectares na safra 2025/2026, queda de 3,9% em relação ao ciclo anterior. O recuo deve se refletir diretamente no balanço de oferta e demanda. A produção norte-americana foi mantida em 118,1 milhões de toneladas, mas os estoques finais podem cair para 8 milhões de toneladas, volume 15,7% menor que o estimado para 2024/2025. O balanço norte-americano ficará mais apertado, e qualquer nova revisão para baixo na produtividade pode provocar reação de preços.
A política de biocombustíveis dos Estados Unidos é outro elemento de atenção. O governo norte-americano propôs aumentar as metas de mistura de biodiesel até 2027, com restrições à geração de créditos renováveis (RINs) para biocombustíveis produzidos com matérias-primas importadas, como sebo bovino brasileiro e óleo usado de cozinha da China. O impacto mais imediato é a perspectiva de maior demanda interna por óleo de soja, o que tende a sustentar o esmagamento e, por tabela, dar suporte também ao grão. Esse movimento já trouxe reflexos na Bolsa de Chicago. Na primeira quinzena de junho, a soja avançou 0,5%, para US$ 10,51 por bushel, puxada pela valorização do óleo, que subiu 2,9% em maio e manteve viés positivo nas primeiras semanas de junho. O mercado continuará sensível a qualquer nova sinalização sobre a política de biocombustíveis ou o clima nas regiões produtoras norte-americanas. No Brasil, o comportamento dos preços seguiu outra direção em maio.
A queda dos prêmios de exportação e a valorização do Real frente ao dólar resultaram em recuo de 1,4% no preço da soja no Porto de Paranaguá (PR), para R$ 133,00 por saca de 60 Kg. Em junho, a recuperação da Bolsa de Chicago e a melhora dos prêmios garantiram leve ajuste, com o preço subindo para R$ 134,00 por saca de 60 Kg na primeira quinzena. O mercado de derivados, por sua vez, apresenta dinâmicas distintas. O farelo de soja continua pressionado no Brasil, com queda de 3,2% em maio e recuo adicional de 2,7% na primeira quinzena de junho em Rondonópolis (MT). O enfraquecimento da demanda interna por proteína animal, com redução estimada de 4% nos abates de bovinos, aves e suínos, ajuda a explicar o recuo. O estoque de farelo no País subiu para 2,9 milhões de toneladas, o maior da série histórica da Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais (Abiove).
No caso do óleo, o cenário é de recuperação, especialmente nos contratos futuros. A alta global reflete as expectativas de aumento da mistura de biodiesel nos Estados Unidos. No mercado interno, porém, o preço ainda acumula queda de 1,7% na parcial de junho em Mato Grosso, com o óleo cotado a R$ 5.705,00 por tonelada, diante da lentidão na demanda do setor de biodiesel. Na Argentina, a redução temporária da alíquota de retenciones (imposto de exportação) para 26%, válida até o fim de junho, estimulou a venda de soja, com comercialização próxima de 5 milhões de toneladas no mês. O fim do benefício, previsto para 30 de junho, pode mudar o ritmo das negociações e gerar pressão de venda de milho na sequência. Para o curto prazo, a combinação entre biodiesel, clima nos Estados Unidos e relatório de área plantada será determinante para a formação dos preços da soja e de seus derivados nas bolsas e no mercado físico. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.