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28/May/2025

Brasil é mais competitivo que os Estados Unidos

De acordo com estudo da Associação Americana dos Produtores de Soja (ASA), a soja brasileira segue ganhando terreno no mercado internacional graças a dois fatores-chave: o custo da terra e das sementes. Mesmo com insumos mais caros e maior dependência de fertilizantes importados, os produtores do País têm conseguido manter custos totais de produção mais baixos do que os dos Estados Unidos. Os custos com terra e sementes fornecem aos produtores brasileiros a vantagem mais significativa sobre os norte-americanos, mesmo que enfrentem despesas operacionais mais altas com outros insumos. Essa dinâmica permite que o Brasil continue expandindo sua produção e se mantenha competitivo no mercado global, mesmo em meio a tarifas comerciais e à volatilidade cambial. Segundo o levantamento, o custo total por hectare da soja em Mato Grosso foi de US$ 1.176,78 na safra 2023/2024, enquanto nos Estados Unidos, no estado do Missouri, o valor foi de US$ 1.253,00.

A principal diferença está no custo da terra: US$ 110,15 por hectare em Mato Grosso, contra US$ 449,33 por hectares nos Estados Unidos. Para sementes, os brasileiros gastaram US$ 122,10 por hectare, enquanto os norte-americanos desembolsaram US$ 187,68 por hectare. Segundo a ASA, os produtores brasileiros podem multiplicar sementes na fazenda e parte do mercado ainda recorre a sementes piratas, sem pagamento formal de royalties. Essas sementes são estimadas em 29% do total utilizado no Brasil. O sistema de cobrança de royalties no Brasil funciona na entrega do produto nos armazéns, o que facilita o uso informal. Nos insumos, a realidade se inverte. Os brasileiros gastaram US$ 362,22 por hectare com fertilizantes, contra US$ 260,09 por hectare nos Estados Unidos. Com defensivos, foram US$ 259,00 por hectare no Brasil e US$ 156,00 por hectare nos Estados Unidos. A ASA atribui a diferença ao clima tropical e à menor fertilidade dos solos do Cerrado, o que exige maiores volumes por hectare.

Em 2022, os produtores brasileiros aplicaram 4,6 vezes mais potássio, 3,8 vezes mais fósforo e 1,6 vez mais nitrogênio por hectare que os norte-americanos. A estrutura de armazenagem e logística também pesa mais no Brasil. Os custos pós-produção ficaram em US$ 29,47 por hectare, contra apenas US$ 9,88 por hectare nos Estados Unidos. O custo com juros, influenciado pela taxa básica mais alta no Brasil, foi de US$ 75,30 por hectare, ante US$ 26,88 por hectare nos Estados Unidos. A taxa de juros no Brasil costuma ser mais elevada, o que pressiona os custos de financiamento. Por outro lado, o estudo ressalta a vantagem cambial do Brasil. Os agricultores brasileiros vendem a soja em dólares e pagam a maior parte dos custos em Reais. Com a desvalorização do Real nas últimas décadas, a margem de lucro em moeda local tem sustentado a expansão da área plantada. O estudo observa que, nos últimos 20 anos, o Real esteve desvalorizado frente ao dólar na maior parte das safras, o que favoreceu a rentabilidade.

A expansão da soja no Brasil também é viabilizada pela disponibilidade de terra. Segundo o levantamento, há 69 milhões de acres de pastagens degradadas com potencial para conversão em lavoura. Isso representa cerca de 27,9 milhões de hectares. O crescimento médio anual da área colhida no País foi de 5% entre 2020 e 2024, enquanto nos EUA o ritmo foi de 2,9%. Para 2025, a área plantada de soja nos Estados Unidos deve cair 4,1%, atingindo o menor nível dos últimos cinco anos. O estudo aponta ainda que o Brasil foi responsável por 71% das exportações de soja à China em 2024, contra apenas 21% dos Estados Unidos. Em 1995, os Estados Unidos respondiam por 49% das compras chinesas. A guerra comercial de 2018 deslocou ainda mais a demanda da China para o Brasil. Agora, com novas tarifas impostas pelos Estados Unidos em 2025, essa tendência pode se intensificar. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.