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23/May/2025

Biodiesel: expansão do uso no Brasil é irreversível

A 3tentos afirmou que a expansão do uso de biodiesel no Brasil é um caminho sem volta e que a consolidação do setor ocorrerá de forma natural. A fragmentação atual da indústria não é um problema, já que a descentralização aproxima as plantas da produção de matéria-prima. Ainda assim, o mercado passará por ajustes. Os movimentos de M&A (fusão e aquisição) estão na mesa todos os dias, mas é difícil prever os prazos. O Brasil já produz cerca de 9 bilhões de litros de biodiesel por ano, mesmo com um percentual de mistura ainda em 14%. A aprovação técnica do B20 e do B25 aponta para um futuro de expansão, e o setor precisa estar preparado para isso. Comparando o Brasil com os Estados Unidos, embora o País produza mais soja, destina uma parcela menor para a produção de biocombustíveis. Há potencial de novas rotas, como o uso de combustível marítimo e o SAF (combustível sustentável de aviação). Sobre a capacidade ociosa, parte das usinas ainda está no papel e que o setor já vinha se preparando para misturas mais altas. O mercado está rodando bem. Existe crescimento orgânico de 3% a 4% ao ano. As cobranças das distribuidoras para garantir o uso do B14 já vem gerando aumento da demanda.

Ainda, a sinalização da Petrobras de que pode voltar a investir no setor de biocombustíveis foi recebida com otimismo por executivos de empresas ligadas à produção e comercialização do segmento. A presença da estatal pode impulsionar o mercado e reforçar a agenda regulatória do setor. Para a UISA, a volta da Petrobras pode trazer ganhos estratégicos. A entrada da estatal pode ajudar a impulsionar as agendas que são, em alguns momentos, necessárias a serem aceleradas. A Evermat compartilha a mesma visão. Quando o Estado entra num setor, vem só para somar. Os exemplos de apoio estatal por meio do BNDES mostram que a presença do governo pode impulsionar o crescimento. Quando uma empresa do porte da Petrobras entra, o conhecimento só agrega. Na avaliação da 3tentos, o interesse da maior empresa do Brasil pelo biocombustível confirma a importância estratégica do segmento. No entanto, é importante que haja condições justas. A movimentação da Petrobras é uma prova de que o biocombustível é uma realidade permanente.

Segundo a Caramuru Alimentos, o Brasil tem potencial para elevar gradualmente a mistura de biodiesel dos atuais 14% para 35%, seguindo o exemplo da Indonésia. A expansão do programa reduziria a volatilidade enfrentada pelos produtores e consolidaria o País como líder global em biocombustíveis. A Indonésia já opera com 35% de mistura de biodiesel no diesel comum e planeja chegar a 50%. O Brasil poderia seguir essa rota. O país asiático utiliza óleo de palma, ambientalmente mais problemático, enquanto o Brasil conta com programa mais sustentável, baseado na soja. O debate sobre competição entre alimentos e combustíveis não se sustenta tecnicamente. Quando se processa soja, 79% viram farelo para ração e apenas 20% é óleo. Desse óleo, só 20% podem ser usados para consumo humano. O restante tem destino natural: biodiesel. A processadora opera 2,1 milhões de toneladas anuais. O Grupo Cereal reforçou a importância estratégica do biodiesel para a rentabilidade da soja. O biodiesel é hoje um dos principais fatores que valorizam a soja brasileira. Se o Brasil tivesse um programa maior, a volatilidade seria menor. Há também um aspecto frequentemente ignorado: o papel social do programa brasileiro.

Diferente do etanol, no biodiesel as empresas são obrigadas a comprar de pequenos produtores familiares; é uma exigência legal. Quando a Europa importa farelo brasileiro, está comprando também um projeto social que mantém famílias no campo. O Grupo Cereal apresentou esse argumento em painel recente na Europa, com representantes de redes de supermercados e frigoríficos, explicando que o setor ajuda a agricultura familiar, onde produtores ganham muito pouco. Isso evita êxodo rural. 90% do preço do biodiesel é determinado pelo valor do óleo de soja, ou seja, flutuações são causadas por fatores externos, como alta do petróleo ou maior demanda norte-americana por biocombustíveis. Nem sempre é culpa do setor quando os preços sobem. O Grupo Cereal já testa caminhões Scania fabricados especificamente para rodar 100% a biodiesel, demonstrando viabilidade técnica de misturas maiores. A indústria oferece preços mais estáveis ao produtor do que o mercado spot, porque precisa garantir fornecimento. A Lei do Combustível do Futuro prevê crescimento de 1% ao ano até 20% de mistura, processo suspenso em 14% por questões inflacionárias. Agora que o óleo baixou de preço, é hora de retomar os 15% previstos. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.