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16/May/2025

Brasil mantém vantagem na exportação para China

A recente trégua tarifária entre China e Estados Unidos não deve impulsionar significativamente as vendas de soja dos agricultores dos Estados Unidos para a China sem concessões adicionais. Os produtores norte-americanos argumentam que o Brasil, principal fornecedor da commodity para o gigante asiático, ainda mantém uma vantagem competitiva substancial em termos de preço. Os Estados Unidos reduzirão as tarifas extras sobre as importações chinesas de 145% para 30% nos próximos três meses, enquanto as taxas chinesas sobre as importações norte-americanas cairão de 125% para 10%. Essa notícia gerou uma queda nos prêmios de exportação da soja no Brasil, enquanto os preços futuros nos Estados Unidos atingiram uma alta de três meses, refletindo a expectativa de que a China pudesse aumentar suas compras de soja norte-americana. No entanto, agricultores norte-americanos expressam ceticismo quanto à eficácia da suspensão tarifária. Eles apontam que o Brasil, com sua vasta oferta de uma safra recorde e preços mais baixos, não enfrenta as mesmas tarifas impostas aos seus concorrentes nos Estados Unidos.

A China, maior importadora mundial de produtos agrícolas, já obtém cerca de 70% de suas importações de soja do Brasil. A Associação Americana de Soja, enfatiza que a tarifa que permanece em vigor para a soja dos Estados Unidos está longe de ser insignificante. Os produtos adquiridos do Brasil e da Argentina não sofrem esse custo extra. Embora os Estados Unidos tenham sido responsáveis por aproximadamente 28% das importações de soja da China em 2022/2023, o mercado chinês tem sido crucial para os agricultores norte-americanos, representando mais da metade das exportações de soja dos Estados Unidos no ano comercial mais recente. A guerra comercial iniciada pelo presidente Donald Trump prejudicou as vendas de soja, sorgo e produtos suínos norte-americanos para a China, criando uma nova janela de oportunidade para o Brasil expandir sua participação de mercado. Segundo o Ministério da Agricultura do Brasil, o País pretende exportar ainda mais produtos agrícolas para a China, incluindo sorgo, carne suína e de frango, buscando consolidar sua fatia no mercado.

Os compradores chineses também têm demonstrado preferência por trigo de outros fornecedores, evitando o produto norte-americano e adquirindo da Austrália e do Canadá nas últimas semanas. Os agricultores norte-americanos esperam que a China aumente as compras de produtos agrícolas dos Estados Unidos como parte das negociações comerciais. No entanto, os importadores chineses podem relutar em fazer grandes compras devido às barreiras comerciais remanescentes e à incerteza sobre o futuro após o término da pausa tarifária. Há algumas coisas que impedem que esse cessar-fogo na guerra comercial seja uma bênção para os agricultores. Mesmo durante a pausa, a carne suína dos Estados Unidos exportada para a China ainda enfrenta uma tarifa total mínima de 57%, de acordo com o Conselho Nacional de Produtores de Carne Suína. A trégua expira pouco antes do início da colheita de soja e milho nos Estados Unidos, um período crucial para as exportações.

Os agricultores norte-americanos plantaram menos soja nesta primavera em comparação com o ano anterior, indicando uma menor lucratividade percebida para a safra. Um processador de soja chinês pondera que, se as negociações fracassarem, os compradores correm o risco de perdas quando as cargas chegarem durante a temporada de comercialização de soja nos Estados Unidos. Simplesmente não vale a pena arriscar. A pausa tarifária tem feito pouco para resolver as questões subjacentes que levaram à disputa comercial, incluindo o déficit comercial dos Estados Unidos com a China. A China não cumpriu os compromissos de comprar mais produtos agrícolas dos Estados Unidos em um acordo comercial firmado com Donald Trump em 2020. Os produtores estão frustrados. Fonte: Reuters. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.