ANÁLISES

AGRO


SOJA


MILHO


ARROZ


ALGODÃO


TRIGO


FEIJÃO


CANA


CAFÉ


CARNES


FLV


INSUMOS

09/May/2025

Derivados: oferta da Argentina pressiona mercado

Segundo o Itaú BBA, a recuperação econômica da Argentina está reconfigurando o mercado de soja e derivados na América do Sul. Com câmbio unificado, impostos temporariamente reduzidos e uma safra regular em plena comercialização, o país vizinho voltou a exportar com força farelo e óleo, ampliando a concorrência e pressionando a rentabilidade das indústrias brasileiras. O produtor argentino vivia um pesadelo cambial. Vendia soja com um câmbio, mas pagava insumos com outro muito pior. Agora, ele tem uma única taxa, perto de 1.150 pesos por dólar, e passou a reagir como qualquer outro: olhando a Bolsa de Chicago, câmbio e fluxo de caixa. O fim do chamado dólar blend (que misturava 80% de câmbio oficial com 20% de paralelo) transformou a lógica de venda no país.

A mudança veio acompanhada de uma janela fiscal: até 30 de junho, as retenções sobre exportações de soja foram reduzidas de 33% para 26%. O farmer selling está agressivo na Argentina. Os produtores estão vendendo com força, aproveitando a redução temporária do imposto. O resultado é uma queda nos prêmios e um avanço do esmagamento. O reflexo direto é uma oferta abundante de farelo argentino no mercado internacional, com descontos significativos sobre o produto brasileiro. O farelo virou ‘o patinho feio’ do complexo soja. Com essa oferta elevada da Argentina, os prêmios caíram e a margem no Brasil foi para ‘o espaço’. A indústria nacional enfrenta uma combinação desfavorável de fatores: soja valorizada no interior, farelo pressionado e um mercado de biodiesel menos atrativo. O leilão realizado para o bimestre maio-junho resultou em preços abaixo da paridade de exportação, com o SFIS (indicador que mede essa relação) registrando resultado negativo.

O bimestre anterior foi positivo, mas agora virou. As compras de biodiesel decepcionaram e isso prejudica ainda mais as processadoras, que já estavam pressionadas. Nos Estados Unidos, a situação também é desafiadora. Com o aumento do esmagamento doméstico e margens comprimidas, as indústrias norte-americanas competem com a Argentina pelo espaço no mercado global de farelo. A briga é mundial. E a Argentina, hoje, está em vantagem. O avanço argentino deve continuar enquanto as condições econômicas e tributárias forem favoráveis. A Argentina está com boa safra, câmbio estabilizado e incentivo fiscal. O Brasil, por outro lado, tem que lidar com a disputa por grão no interior, prêmios achatados e um biodiesel que não ajuda. Pensando em margem de esmagamento, a melhora da Argentina é péssima para o Brasil. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.