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25/Apr/2025

Indústria nacional teme perder soja para exportação

De acordo com a Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais (Abiove) e o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), a intensificação da guerra comercial entre Estados Unidos e China coloca o Brasil em posição estratégica no fornecimento global de soja, mas também acende o alerta da agroindústria sobre possíveis impactos na capacidade de processamento interno do grão. Há potencial de crescimento nas exportações, mas foi feito alerta para a importância de previsibilidade nas políticas públicas que sustentam a agregação de valor no País.

Possivelmente, o Brasil vai exportar mais soja para a China, e mais farelo para os principais mercados: Europa, Oriente Médio e Sudeste Asiático. Esse movimento pode gerar efeitos indiretos sobre o esmagamento doméstico, especialmente se não houver uma sinalização clara sobre o uso do óleo de soja, principal subproduto do processamento. É possível que a indústria tenha um pouco mais de dificuldade, justamente porque ela só tem capacidade de reter soja, industrializar e oferecer farelo para as cadeias de proteína animal se também tiver segurança sobre o que vai fazer com o óleo de soja.

O setor precisa de previsibilidade na política industrial e energética, incluindo a definição do cronograma de mistura obrigatória de biodiesel, atualmente suspenso. O óleo de soja representa mais de 70% da matéria-prima usada na produção de biodiesel no País. A falta de clareza sobre a demanda doméstica pode estimular o redirecionamento do grão para exportação in natura, o que reduziria a geração de valor da cadeia dentro do Brasil. Dados do Cepea apontam que, em 2024, cada tonelada de soja processada gerou R$ 8.108,00 ante R$ 1.738,00 por tonelada exportada sem processamento. O ano de 2025 tende a ser de recuperação para o setor, com base nas projeções de safra e no histórico de reação da cadeia à expansão da demanda por biodiesel.

O Brasil terá uma boa safra no campo, e esse crescimento pode ser potencializado se houver aumento também no processamento. Em momentos anteriores, a elevação do teor de biodiesel incentivou o esmagamento e beneficiou a indústria de rações, via farelo. Diante da volatilidade internacional e das oscilações tarifárias no comércio entre China e Estados Unidos, o Brasil deve reforçar seu papel como fornecedor estável de alimentos. O Brasil precisa seguir como parceiro confiável e previsível, não só no campo, mas também na sua política energética e industrial. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.