25/Apr/2025
Segundo a Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais (Abiove), a decisão do governo federal de manter a mistura de biodiesel no diesel em 14% (B14), contrariando o cronograma que previa a elevação para 15% (B15) a partir de março deste ano, já provoca impactos na cadeia da soja. A suspensão do cronograma deve levar o País a exportar mais óleo de soja, reduzindo o processamento interno e a geração de valor no Brasil. O Brasil vai aumentar a exportação de óleo. Esse óleo que seria processado e destinado ao biodiesel está indo para fora, e o País perde a agregação de valor que o biodiesel oferece nessa etapa industrial. A Abiove representa as principais indústrias processadoras de soja, como Bunge, ADM, Cargill e Louis Dreyfus Company, e defende políticas que incentivem a industrialização da oleaginosa no País.
Em 2024, o setor de biodiesel foi responsável por um aumento de 20,45% no PIB da agroindústria da soja, com geração de R$ 10 bilhões, segundo dados do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), da Esalq/USP, em parceria com a própria Abiove. Em 2023, o segmento de biodiesel já havia avançado, impulsionado pela adoção do B12 em abril e do B13 em julho. A previsão do governo, estabelecida em dezembro daquele ano, era de adotar o B14 em janeiro de 2024 e o B15 em março. O cronograma foi interrompido por decisão do Conselho Nacional de Política Energética (CNPE), que citou preocupações com a inflação. Os efeitos da suspensão do B15 ainda não foram mensurados, mas os impactos negativos devem aparecer nas análises do primeiro semestre de 2025. Certamente haverá efeito na geração de PIB. O Brasil perde uma etapa relevante de industrialização quando o óleo deixa de ser usado internamente para virar biodiesel.
Em 2024, cada tonelada de soja processada no País gerou R$ 8.108,00 em valor agregado, ante apenas R$ 1.738,00 na exportação do grão in natura. Sem a sinalização clara sobre os mandatos, é difícil para a indústria segurar soja para esmagar internamente. Mais de 70% da matéria-prima do biodiesel vem do óleo de soja, e a previsibilidade nas regras é considerada essencial pelas empresas para garantir o planejamento industrial. Além da perda de valor agregado, a suspensão do B15 também implica maior importação de diesel fóssil pelo Brasil e aumento dos estoques de óleo no mercado interno, o que pressiona os preços do produto. Os preços do óleo de soja caíram sistematicamente nas últimas semanas, o que já permite a retomada do cronograma. As condições econômicas já estão dadas para que o governo reveja essa decisão. O setor espera uma sinalização do CNPE o mais rápido possível. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.