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24/Apr/2025

China deverá elevar as compras de soja brasileira

Segundo o Itaú BBA, a China deve concentrar suas compras de soja no Brasil nos próximos meses para evitar a dependência do produto norte-americano na segunda metade do ano. A China deve originar o máximo possível do Brasil no primeiro semestre. Com embarques ganhando tração em março e prêmios em alta, o movimento já sustenta os preços domésticos em níveis mais firmes. A demanda chinesa, combinada à valorização do dólar e à recuperação dos prêmios de exportação, impulsionou as cotações no Brasil. Em Sorriso (MT), o preço subiu para R$ 110,00 por saca de 60 Kg na primeira quinzena de abril, avanço de 1% sobre março, quando já havia registrado alta de 2,4% ante fevereiro.

No Porto de Paranaguá, os prêmios chegaram aos maiores níveis do ano, perto de 100 pontos-base no início do mês. Na Bolsa de Chicago, a média de março recuou 3,2%, para US$ 10,07 por bushel, pressionada pela tensão comercial entre Estados Unidos e China e pela expectativa de menor demanda pela soja norte-americana. No entanto, na primeira metade de abril, as cotações voltaram a subir cerca de 1%, para US$ 10,17 por bushel. O movimento é atribuído ao enfraquecimento do dólar frente a outras moedas e à busca por commodities como ativos defensivos. As boas margens de esmagamento na China também ajudaram. Com a colheita avançando e a necessidade de liquidez entre os produtores, as vendas também ganharam ritmo.

A valorização do prêmio e a alta do dólar trouxeram os produtores para as vendas, com bom avanço da comercialização. Em maio, é possível que haja nova rodada de avanço nas vendas, impulsionada pelos vencimentos de contas e pela boa perspectiva para o milho 2ª safra de 2025. O volume exportado em março atingiu 14,7 milhões de toneladas, o maior já registrado para o mês. No primeiro trimestre, as exportações somaram 22,2 milhões de toneladas, 0,5% acima do mesmo período de 2024 e novo recorde histórico para o acumulado de janeiro a março.

Na atualização de abril, o USDA elevou em 1 milhão de toneladas a estimativa de estoque final global, para 122 milhões de toneladas. No Brasil, a produção foi mantida em 169 milhões de toneladas, com aumento no esmagamento para 57 milhões de toneladas e no consumo doméstico para 61,1 milhões de toneladas. A expectativa é que os estoques chineses continuem crescendo até setembro, acompanhando o aumento do recebimento de navios nos portos e fábricas. A margem de esmagamento segue positiva e o line-up para abril indica que os volumes devem ser fortes novamente, assim como a expectativa para maio e junho.

A Terra Investimentos avalia que demanda da China pela soja produzida no Brasil deve crescer consideravelmente ao longo deste ano, como reflexo do fechamento do mercado entre o país asiático e os Estados Unidos. Esse maior direcionamento da soja brasileira para a China, porém, não deve resultar em pressão inflacionária doméstica, dado o aumento da produção do grão no País no período. Com base em números da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), que a safra de soja deve atingir 168 milhões de toneladas neste ano, alta de 13,6% em relação a 2024. Como a produção é concentrada no primeiro trimestre, o desempenho deve, inclusive, levar a uma alta de 9,5% no Produto Interno Bruto (PIB) agrícola em relação ao último trimestre de 2024.

No contexto de guerra tarifária entre Estados Unidos e China, o prognóstico é de que cerca de 80% da demanda chinesa por soja será realocada dos Estados Unidos para o Brasil, em linha com o ocorrido entre 2017 e 2018, no primeiro mandato do presidente Donald Trump. A análise também parte da premissa de que não haverá redirecionamento da soja norte-americana para outros mercados no curto prazo, o que levará ao aumento dos estoques do país. Com isso, deverá haver aumento anual de 8 milhões de toneladas de soja nas exportações do Brasil para a China, já que alguns gargalos logísticos impedem um escoamento ainda maior entre os dois países. No limite, muitos citam um teto de 10 milhões de toneladas adicionais para a China, além dos 73 milhões exportados em 2024, nível a partir do qual o escoamento do produto corre sério risco de colapsar.

Ao colocar na conta que a safra recorde deste ano deverá elevar a produção de soja no Brasil em 20 milhões de toneladas, haverá ainda, pelo menos, 10 milhões de toneladas do grão para serem absorvidos pela demanda doméstica ao longo do ano. Apesar do aumento esperado da demanda chinesa, o excedente para o mercado doméstico indica que os riscos à inflação advindos de pressões sobre a cadeia proteica são ainda baixos. A Terra estima um Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de 5,6% em 2025. Dado esse aumento nas exportações de soja, haverá um impulso adicional de US$ 3,1 bilhões na balança comercial do País em 2025. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.