22/Apr/2025
A proximidade da finalização da colheita nacional da safra 2024/2025 tem elevado a disponibilidade doméstica do grão e intensificado o ritmo de negócios no Brasil. No entanto, os menores patamares dos prêmios de exportação e a significativa oscilação cambial impedem que a liquidez seja ainda maior. A expectativa de maior demanda da China pela oleaginosa brasileira também acaba afastando uma parte dos produtores nas negociações envolvendo grandes volumes, tendo em vista que esses agentes estão à espera de preços ainda maiores. Neste caso, ressalta-se que, no dia 10 de abril, os Estados Unidos aumentaram a tarifa de importação de produtos chineses para 145% e, no dia seguinte, a China retaliou e anunciou tarifa de 125% sobre as importações norte-americanas. Vale destacar, porém, que as negociações brasileiras com a China e os embarques efetivos levam algum tempo para se concretizarem.
Os dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex) divulgados no dia 14 de abril apontam que pouco mais de 7 milhões de toneladas de soja em grão foram embarcadas nesta parcial de abril, com média diária 16,5% acima da média de abril/2024. Os preços atuais de exportação estão 8,8% menores que há um ano. O maior volume de exportação está relacionado ao crescimento do excedente doméstico, diante de uma safra 13,6% maior que em 2024, segundo estimativas da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). Outro aspecto de influência sobre as transações globais de soja e derivados deve ser a alteração na política cambial da Argentina. O governo do país vizinho fez mudanças no chamado 'cepo' cambial e liberou a cotação do peso, antes fixada, e a moeda pode flutuar na faixa entre 1.000 e 1.400 pesos por dólar. Há expectativa de que esse processo possa incentivar os agricultores e as indústrias nas comercializações da soja e de seus derivados, o que, por sua vez, limitaria as vendas brasileiras.
Nos últimos sete dias, o Indicador da soja Paranaguá ESALQ/BM&F, referente ao grão depositado no corredor de exportação e negociado na modalidade spot (pronta entrega), no Porto de Paranaguá, apresenta leve recuo de 0,5%, cotado a R$ 136,70 por saca de 60 Kg. A média ponderada da soja no Paraná, refletida no Indicador CEPEA/ESALQ registra pequeno avanço de 0,8% nos últimos sete dias, a R$ 132,15 por saca de 60 Kg. Nos últimos sete dias, o aumento é de 0,3% tanto no mercado de balcão (valor pago ao produtor) quanto no mercado de lotes (negociações entre empresas). As negociações de farelo e de óleo de soja seguem lentas no mercado brasileiro. Para o farelo, as cotações vêm oscilando entre as regiões. Parte dos compradores sinaliza estar abastecida, enquanto demandantes ativos adquirem volumes pequenos. Nos últimos sete dias, o farelo registra valorização de 0,4%.
Quanto ao óleo de soja, a demanda por indústrias de biodiesel continua baixa no mercado nacional, mas há expectativas de que os maiores consumos das indústrias alimentícias e do setor externo compensem a menor demanda do setor de biocombustíveis. Vale lembrar que a mistura obrigatória do biodiesel ao óleo diesel permanece em 14%. O preço do óleo de soja (posto em São Paulo com 12% de ICMS) se mantém em R$ 6.721,46 por tonelada. Nos Estados Unidos, os futuros da soja e do óleo estão em alta, com boa demanda externa, diante da suspensão temporária das tarifas. Os maiores preços do petróleo também dão sustentação aos valores. Na Bolsa de Chicago, o primeiro vencimento (Maio/2025) da oleaginosa registra avanço de 0,9% nos últimos sete dias, a US$ 10,38 por bushel. O contrato de mesmo vencimento do óleo de soja tem valorização de significativos 2,5% em igual comparativo, a US$ 1.046,74 por tonelada.
O contrato Maio/2025 do farelo de soja apresenta recuo de 0,4% nos últimos sete dias, a US$ 327,05 por tonelada. As atividades de campo da safra 2024/2025 seguem para a reta final no Brasil. De acordo com a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), até o dia 12 de abril, 88,3% da área nacional de soja havia sido colhida, superando os 83,2% registrados no mesmo período de 2024 e os 87,4% da média de cinco anos. O estado de São Paulo já encerrou a colheita, e Mato Grosso, Goiás e Minas Gerais devem concluir as atividades nesta semana. O Paraná está com 97% da área colhida, em linha com o período equivalente da safra passada; o Tocantins soma 98% da área da colhida, acima dos 90% há um ano; em Mato Grosso do Sul, 97% da área foi colhida, apenas 1% abaixo no ano passado.
A Bahia colheu 95% da área, bem acima dos 75% colhidos em igual período de 2024; no Piauí, a colheita avançou para 94% da área, acima do 76% há um ano; e o Maranhão soma 68%, também acima dos 54% na temporada passada. No Rio Grande do Sul e em Santa Catarina, a colheita alcançou 44% e 71,2% das respectivas áreas, acima dos 38% e dos 49,5% há um ano. A colheita de soja da safra 2024/2025 também teve início na Argentina, alcançando 4,9% dos 18,4 milhões de hectares cultivados; a produção segue estimada em 48,6 milhões de toneladas, de acordo com a Bolsa de Cereais de Buenos Aires. No Hemisfério Norte, as condições climáticas favoreceram o início da semeadura da safra 2025/2026. De acordo com o relatório de acompanhamento de safras do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), 2% dos 33,79 milhões de hectares foram cultivados até o dia 13 de abril. Fonte: Cepea. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.