22/Apr/2025
A relação comercial entre Estados Unidos e China continua abalada pela guerra tarifária iniciada em 2018. Mesmo com eventuais tentativas de reconciliação, como o acordo de “Fase 1” de 2020, analistas e especialistas apontam para uma mudança estrutural na forma como a China conduz suas importações agrícolas – especialmente no setor de soja.
Principais Pontos da Análise
Redução da Dependência da Soja Americana:
Wendong Zhang, professor de economia aplicada da Universidade Cornell, afirma que a China dificilmente retomará os volumes anteriores de importação de soja dos EUA, mesmo que as tarifas desapareçam. A confiança foi abalada e a dependência, reduzida.
Brasil Ganha Relevância Estratégica:
Em 2024, o Brasil forneceu mais de 70% das importações chinesas de soja, consolidando-se como parceiro preferencial. Fatores como preços competitivos, logística mais previsível e relações diplomáticas estáveis contribuíram para essa posição.
Investimentos Chineses no Brasil:
Empresas estatais chinesas vêm investindo diretamente em infraestrutura logística brasileira, especialmente em portos, indicando um compromisso de longo prazo com o Brasil como fornecedor estratégico.
Impacto da Guerra Comercial nos EUA:
As exportações americanas de soja à China caíram drasticamente após 2018. Mesmo com algum nível de recuperação, a participação dos EUA deve se manter entre 28% e 32% até 2026 – bem abaixo dos 40-45% registrados antes da guerra tarifária.
Vulnerabilidades Brasileiras:
Apesar do protagonismo, o Brasil ainda enfrenta gargalos logísticos e está sujeito a riscos climáticos. A capacidade de manter a liderança dependerá de investimentos contínuos em infraestrutura e gestão de riscos climáticos.
Tendência de “Desglobalização Estratégica”:
A China está adotando uma abordagem mais cautelosa no comércio internacional, priorizando segurança sobre preço. Isso inclui diversificação de fornecedores, formação de estoques e estímulo à produção doméstica.
Oportunidades para o Brasil
• Manutenção e expansão da liderança no mercado chinês de soja.
• Atração de investimentos estrangeiros em infraestrutura logística.
• Fortalecimento da imagem do agronegócio brasileiro como parceiro confiável.
Desafios a Monitorar
• Infraestrutura de transporte e armazenagem.
• Eventos climáticos extremos em regiões produtoras como Mato Grosso.
• Pressões internacionais por sustentabilidade e compliance ambiental.
Conclusão
O novo arranjo do comércio global de soja favorece o Brasil, que se consolida como principal fornecedor para a China. No entanto, a manutenção dessa vantagem exige ações estratégicas em infraestrutura, diplomacia comercial e gestão climática. A disputa geopolítica entre EUA e China oferece uma janela de oportunidade – mas o Brasil precisa continuar investindo para transformá-la em vantagem competitiva sustentável.
Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.