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16/Apr/2025

Tarifas dos EUA podem abrir mercados para Brasil

Segundo a Associação dos Produtores de Soja e Milho de Mato Grosso (Aprosoja-MT), a nova rodada de tarifas anunciada pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, sobre produtos da China pode ampliar o espaço da soja brasileira no mercado internacional. O cenário representa uma oportunidade estratégica para o País, mas exige contrapartidas em políticas públicas, principalmente no Plano Safra 2025/2026. Com o aumento das alíquotas para até 145% sobre produtos chineses, o Brasil surge como alternativa para suprir a demanda do gigante asiático, que atualmente perfaz 52% das exportações brasileiras de soja. Mas, é preciso cautela, porque o presidente Donald Trump está forçando essas tarifas altas justamente para ter uma negociação. Então, a qualquer momento pode haver uma negociação e tudo voltar ao normal.

Porém, se continuar, o Brasil pode ser o maior fornecedor de soja para a China, como já é, tem sido e tem potencial de aumento de produção, convertendo áreas de pecuária em lavoura. Basta ter viabilidade econômica. A guerra comercial entre Estados Unidos e China já beneficiou o Brasil em anos anteriores. O movimento pode se repetir agora, com possíveis desdobramentos também no mercado europeu. Se de fato não houver acordo com a Europa, haverá grande oportunidade para o Brasil, especialmente se ocorrer prorrogação, ou até extinção da Lei Antidesmatamento, porque a Europa vai viver uma inflação muito forte senão comprar alimentos do Brasil. Apesar do ambiente externo mais favorável, há gargalos internos, como o custo elevado de produção e os desafios logísticos. Quando se fala em zerar a tarifa de importação, abre-se espaço para a entrada de produtos subsidiados de outros países, onde os produtores contam com seguros agrícolas robustos e políticas públicas estruturadas.

Isso traz ainda mais atenção para o Plano Safra, que precisa garantir condições mínimas de competitividade ao produtor brasileiro. A Aprosoja-MT também manifestou preocupação com a alta da Selic, atualmente em 14,25%, o que torna o crédito agrícola mais caro. Com os juros nesse patamar, está muito difícil para o produtor rural e há um claro desestímulo à produção. O setor está enfrentando custos elevados, e muitos produtores já sinalizam que devem reduzir o uso de fertilizantes nesta safra. Isso pode interferir diretamente na produtividade e até se refletir na inflação dos alimentos. A entidade defende a adoção de taxas de juros mais baixas e a criação de um seguro rural que cubra o risco econômico da atividade. Hoje, o seguro rural não cobre todos os custos enfrentados pelos produtores, ao contrário do que acontece com os agricultores europeus e norte-americanos. Isso coloca o Brasil em desvantagem comercial.

A Aprosoja Brasil e a Aprosoja Mato Grosso já enviaram ao Ministério da Agricultura sugestões para o próximo Plano Agrícola e Pecuário, previsto para ser lançado em junho. Entre as prioridades estão mais recursos para armazenagem e linhas de crédito com juros diferenciados para práticas sustentáveis. Um dos pedidos é que haja linha de crédito para equipamentos de combate ao fogo dentro das propriedades e que os produtores tenham (quem tem plano de combate a incêndios dentro das propriedades e quem faz o plantio direto que sequestra carbono) linhas de crédito com juros diferenciados para estimular cada vez mais os produtores. E, dar o recado ao mercado internacional de que os produtores brasileiros estão comprometidos com a sustentabilidade. Cabe ao governo federal enaltecer esse trabalho que os produtores brasileiros têm feito. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.