14/Apr/2025
Os preços da soja estão em alta nos mercados nacional e internacional, impulsionados pela maior demanda global. No Brasil, a alta é intensificada pela expressiva valorização do dólar frente ao Real. O ritmo de negócios no mercado spot nacional, no entanto, é limitado por esta forte oscilação cambial, que deixa parte dos agentes mais cautelosa e à espera de melhores oportunidades. Além disso, na quarta-feira (09/04), o governo dos Estados Unidos suspendeu as tarifas recíprocas de vários países (incluindo o Brasil) por 90 dias, com exceção da China. Por um lado, esse cenário trouxe certo alívio ao mercado e movimentou as transações internacionais, mas, por outro, acirrou a guerra comercial com a China, que, por sua vez, deve buscar intensificar as importações de outros países, como o Brasil. Vale observar que a China é o principal destino da soja brasileira. O país asiático absorve mais de 70% dos embarques nacionais da oleaginosa desde 2011.
Ressalta-se que, de 2017 a 2019, as vendas para a China representaram mais de 80% do total, e este foi justamente o período do primeiro mandato do presidente Donald Trump nos Estados Unidos e do início da guerra comercial entre o país norte-americano e a China. Diante disso, as exportações brasileiras de soja seguem estimadas em volume recorde na temporada 2024/2025, em 105,8 milhões de toneladas (de outubro/2024 a setembro/2025) pelo Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) e em 105,85 milhões de toneladas (de janeiro/2025 a dezembro/2025) pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). De acordo com a Secretaria de Comércio Exterior (Secex), no primeiro trimestre de 2025, o Brasil já escoou 22,17 milhões de toneladas de soja, um recorde para o período. Do total embarcado, 76,7% tiveram a China como destino, crescimento de 6,9% frente ao volume de 2024. O cenário segue de otimismo para os produtores brasileiros.
Nos últimos sete dias, o Indicador da soja Paranaguá ESALQ/BM&F, referente ao grão depositado no corredor de exportação e negociado na modalidade spot (pronta entrega), no Porto de Paranaguá, apresenta forte alta de 4,2%, cotado a R$ 137,66 por saca de 60 Kg. A média ponderada da soja no Paraná, refletida no Indicador CEPEA/ESALQ registra expressiva valorização de 3,2% nos últimos sete dias, a R$ 131,10 por saca de 60 Kg. Nos últimos sete dias, os aumentos são de 3,9% no mercado de balcão (preço pago ao produtor) e de 3,5% no mercado de lotes (negociações entre empresas). O avanço no preço nacional da oleaginosa foi limitado pelas projeções de safra recorde no País, estimada em 169 milhões de toneladas pelo USDA e em 167,8 milhões de toneladas pela Conab. De acordo com a Conab, a colheita de soja alcançou 85,3% da área cultivada no Brasil, com destaque para Mato Grosso, São Paulo e Minas Gerais, que já estão encerrando as atividades de campo desta temporada.
Na Bolsa de Chicago, o primeiro vencimento (Maio/2025) registra alta de 1,7% nos últimos sete dias, a US$ 10,29 por bushel. O contrato de mesmo vencimento do farelo de soja tem valorização de significativos 3,4% no mesmo período, a US$ 328,38 por tonelada. O contrato Maio/2025 do óleo de soja apresenta baixa de 1,6% nos últimos sete dias, a US$ 1.021,17 por tonelada. Os preços internos do óleo de soja seguem praticamente estáveis. A demanda para a produção de biodiesel continua crescente no Brasil. De março para abril, o USDA reajustou positivamente em 2,8% o consumo brasileiro de óleo, projetado agora em 10,2 milhões de toneladas. Esse aumento foi verificado mesmo diante da decisão de fevereiro/2025 do Conselho Nacional de Energia (CNE) de manter temporariamente a taxa de mistura de biodiesel em 14%. Ressalta-se que o consumo interno está projetado pelo USDA em patamar estável frente à safra passada. Com isso, o óleo de soja (posto em São Paulo com 12% de ICMS) é comercializado a R$ 6.723,39 por tonelada, leve alta de 0,1% nos últimos sete dias.
Quanto ao farelo de soja, o USDA reajustou neste mês a projeção de exportação do Brasil para um recorde de 23 milhões de toneladas, 1 milhão de toneladas acima da estimativa de março. Esse aumento se deve à elevação na demanda global, sobretudo por parte da União Europeia (de março para abril, o USDA reajustou em 3,4% o volume a ser demandado pelo bloco europeu). Esse cenário pode elevar a disputa entre os consumidores domésticos e internacionais, cenário que impulsiona as cotações no Brasil. Nos últimos sete dias, o farelo registra valorização de 1,4% entre 3 e 10 de abril. A alta no preço do farelo de soja, por outro lado, é limitada pela maior disponibilidade na Argentina (principal país exportador global de farelo e óleo de soja). De acordo com o USDA, devem sair dos portos argentinos 29,5 milhões de toneladas do derivado nesta temporada, o maior volume desde a temporada 2016/2017. Fonte: Cepea. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.