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08/Apr/2025

Câmbio é mais relevante que tarifas para o produtor

Segundo o Santander, o câmbio tem mais impacto nos preços da soja brasileira do que os prêmios pontuais decorrentes das tarifas impostas pela China sobre produtos dos Estados Unidos. Uma valorização de apenas R$ 0,10 de Real frente ao dólar pode ser suficiente para anular os efeitos positivos das tarifas sobre os preços da soja no Brasil. Na semana passada, a China anunciou tarifa adicional de 34% sobre produtos norte-americanos, além da alíquota de 10% já aplicada à soja em março. A princípio, a medida poderia beneficiar os exportadores brasileiros com prêmios maiores, como ocorreu na disputa comercial de 2018 e 2019, quando os prêmios da soja brasileira chegaram à média de R$ 2,30 por saca de 60 Kg. Esse efeito, porém, foi concentrado logo após o anúncio das tarifas e durante a entressafra e o plantio (entre junho e dezembro). O impacto da nova tarifa tende a ser limitado.

Uma valorização cambial de R$ 0,10 já seria suficiente para neutralizar os prêmios e alerta para um cenário mais amplo de "desrisco" no mercado de soja, com possibilidade de preços baixos persistentes. O relatório cita a intenção dos Estados Unidos de reduzir em 1,46 milhão de hectares a área destinada à soja. Caso se repitam os rendimentos do ciclo anterior, o estoque/uso da soja norte-americana poderia cair a 3,8%, abaixo dos 4,9% registrados em 2014/2015, quando os preços ajustados pela inflação chegaram a US$ 13,60 por bushel, valor 38% superior ao atual. Ainda assim, os analistas veem risco de queda adicional na demanda chinesa por soja norte-americana, o que poderia aliviar a pressão sobre os preços globais. O banco criou dois cenários: no primeiro, os Estados Unidos mantêm participação média de 23% nas importações chinesas; no segundo, essa fatia cai para o menor nível histórico (10%). Ambos os cenários resultam em recuperação da relação estoque/uso em relação às estimativas anteriores, o que sinaliza menor risco e suporte limitado para os preços da soja.

A substituição estrutural da soja norte-americana pela brasileira não é simples para a China. Brasil e Estados Unidos são fornecedores complementares por conta da diferença no calendário de colheita: o Brasil domina o mercado entre maio e outubro, enquanto os Estados Unidos assumem maior relevância a partir de novembro. A China poderia enfrentar desafios em se afastar dos Estados Unidos para seu fornecimento de soja. O tempo médio de trânsito entre os dois países é de cerca de 50 dias. Além disso, há gargalos logísticos no Brasil. O déficit de armazenagem nacional é estimado em 37% da produção total de grãos, chegando a 50% em Estados produtores-chave como Mato Grosso. Soja e milho competem por infraestrutura no pico da exportação, entre fevereiro e junho. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.