01/Apr/2025
Segundo relatório trimestral do Rabobank, divulgado nesta segunda-feira (31/03), a safra brasileira de soja 2024/2025 deve atingir 170 milhões de toneladas, 15 milhões de toneladas a mais que no ciclo anterior. Mesmo com a produção recorde, o mercado segue pressionado por incertezas relacionadas ao cenário geopolítico e ao adiamento do aumento da mistura obrigatória de biodiesel no diesel (B15), inicialmente previsto para março. A elevação da oferta, somada à desaceleração da economia chinesa, tende a pressionar os preços ao longo de 2025. Ainda assim, a cotação da soja em Mato Grosso subiu 2% em março na comparação anual, enquanto os preços da Bolsa de Chicago caíram 15% no mesmo período. A Bolsa de Chicago é referência internacional para precificação da soja, e sua queda contrasta com o movimento doméstico sustentado por prêmios elevados e desvalorização cambial.
A nova rodada de tarifas entre Estados Unidos e China distorce as variáveis que influenciam o mercado brasileiro. Desde janeiro, o governo norte-americano retomou sobretaxas sobre produtos chineses, e a China respondeu com tarifas de 10% sobre a soja norte-americana. Essa nova guerra comercial pode alterar as principais variáveis que influenciam a precificação da soja no Brasil, como Bolsa de Chicago, prêmios, preço em Reais e custos logísticos. Boa parte das exportações norte-americanas à China foi antecipada para o fim de 2024, mas a permanência das tarifas no segundo semestre pode beneficiar ainda mais os prêmios da soja brasileira. No cenário doméstico, o adiamento do aumento da mistura obrigatória de biodiesel no diesel, que deveria subir de 14% para 15% em março, adiciona mais um elemento de incerteza.
O atraso no aumento da mistura obrigatória do biodiesel pode afetar negativamente o total esmagado e margens de esmagamento previstas para o ano de 2025. Apesar do crescimento de 14% nos estoques globais projetados para esta temporada, fatores externos têm prevalecido sobre os fundamentos de oferta. A desvalorização de 15% do Real no último ano e o aumento dos prêmios no Porto de Paranaguá (PR) compensaram a queda na Bolsa de Chicago e mantiveram os preços internos firmes. O mercado monitora ainda o relatório de intenção de plantio do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA). A redução da área de soja nos Estados Unidos pode dar suporte aos preços na Bolsa de Chicago. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.