28/Mar/2025
A Agroconsult manteve sua estimativa de safra recorde de soja no Brasil em 2024/2025 em 172,1 milhões de toneladas, após concluir a etapa da oleaginosa do Rally da Safra. O volume representa aumento de 10,7% em relação à safra anterior e supera em 6% o último recorde, registrado no ciclo 2022/2023. A área plantada foi estimada em 47,8 milhões de hectares, com crescimento de 2,1% frente ao ciclo passado. A produtividade média nacional é projetada em 60 sacas de 60 Kg por hectare, com grandes variações entre os Estados. Desde o início do Rally, as projeções indicavam que essa safra tinha tudo para ser recorde e, ao longo de três meses de trabalho de campo, os números se confirmaram. Ao analisar a produção nacional, pode parecer que nada mudou, porém, há variações regionais importantes que merecem destaque.
Os números da safra de soja 2024/2025 mostram que Mato Grosso, Goiás, Bahia, Minas Gerais, Paraná e a região do Matopiba (Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia) adicionaram 6,1 milhões de toneladas ao cálculo total, enquanto Rio Grande do Sul, Mato Grosso do Sul, São Paulo e Santa Catarina retiraram 6,4 milhões de toneladas. Mato Grosso continua como principal produtor nacional, com estimativa de cerca de 50 milhões de toneladas. Os dados de campo do Rally da Safra dos últimos anos têm revelado um incremento contínuo no número de grãos por hectare e peso de grãos no Estado. Essas variáveis são muito influenciadas pelo clima, mas também estão relacionadas ao bom manejo fitossanitário e nutricional das lavouras e aos constantes ganhos genéticos. A produtividade média no Estado é estimada em 66,5 sacas de 60 Kg por hectare.
Goiás e Minas Gerais também devem registrar produtividades recordes, com 68 sacas de 60 Kg por hectare e 66,5 sacas de 60 Kg por hectare, respectivamente. A Bahia, mesmo prejudicada por clima quente e seco no fim do ciclo, manterá a liderança nacional em produtividade pelo terceiro ano seguido, com 68 sacas de 60 Kg por hectare, agora dividindo o posto com Goiás. O Paraná aparece com produtividade estimada em 63 sacas de 60 Kg por hectare. São Paulo e Santa Catarina devem alcançar 62 sacas de 60 Kg por hectare, com perdas localizadas em virtude do clima adverso. Em Mato Grosso do Sul, o desempenho do norte do Estado ajuda a compensar perdas no sul, e a produtividade média foi projetada em 51,1 sacas de 60 Kg por hectare. O Rio Grande do Sul teve nova revisão negativa. As chuvas irregulares e o calor persistente levaram a uma queda na produtividade média para 37,5 sacas de 60 Kg por hectare. A produção estimada recuou de 20,2 milhões para 15,3 milhões de toneladas.
A Agroconsult identificou aumento no número de grãos de soja por planta e peso de grão nas principais regiões produtoras do Cerrado, o que impulsionou o rendimento médio em estados como Mato Grosso, Goiás, Minas Gerais, Tocantins e Maranhão na safra 2024/2025. Os ganhos estão ligados ao avanço genético das cultivares, à qualidade das sementes e ao melhor preparo de solo, além de um plantio realizado em janelas mais favoráveis. No Cerrado, os produtores estão colhendo de 5 a 10 sacas de 60 Kg por hectare acima do que haviam planejado. Muitos relataram ter estimado 65 sacas de 60 Kg por hectare e estão entregando 70 ou até 75 sacas de 60 Kg por hectare. Isso gera uma injeção de liquidez na agricultura brasileira que é muito importante. A maior produtividade, contudo, não foi suficiente para evitar perdas em regiões com lavouras tardias afetadas por clima seco e quente em março. Estados como Rio Grande do Sul e parte do Sul de Mato Grosso do Sul encerram a safra com recuos relevantes.
No caso do Rio Grande do Sul, a produtividade média foi ajustada para 37,5 sacas de 60 Kg por hectare, e a produção estimada caiu para 15,3 milhões de toneladas, 5 milhões a menos que o previsto no início do Rally. É uma safra muito heterogênea. Houve uma troca de produção entre regiões: Cerrado entregou mais, Sul tirou volume. As variações regionais somam uma diferença de 12,5 milhões de toneladas nas estimativas desde janeiro, embora o número total da safra brasileira tenha se mantido em 172,1 milhões de toneladas, conforme projetado em janeiro. Destaque para o padrão de redução na população de plantas por hectare, mas com compensação por maior número de grãos por planta. O uso de cultivares com maior engalhamento, sementes de alta qualidade e plantio em boas condições têm permitido esse ganho de produtividade, mesmo com menos plantas.
Os destaques positivos ficaram com seis Estados que estabelecem novos recordes de produtividade: Mato Grosso (66,5 sacas de 60 Kg por hectare), Goiás (68 sacas de 60 Kg por hectare), Maranhão (63 sacas de 60 Kg por hectare), Minas Gerais (66,5 sacas de 60 Kg por hectare), Tocantins (61,5 sacas de 60 Kg por hectare) e Rondônia (62 sacas de 60 Kg por hectare). Esta safra é muito importante para mostrar que, de fato, há tetos produtivos bastante elevados para a agricultura brasileira por conta de toda a tecnologia que está à disposição hoje do produtor. A safra atual representa um alívio para os produtores após as dificuldades enfrentadas no ciclo passado. A expectativa era boa e ela se confirmou. Claro que num país continental como o Brasil, há alguns reversos. A Bahia chegou muito perto de quebrar pela primeira vez a barreira das 70 sacas de 60 Kg por hectare.
Nas regiões mais afetadas por problemas climáticos, a preocupação especial é com o sul de Mato Grosso do Sul. É uma região que tem passado por consecutivas quebras de safra. Isso traz uma preocupação da maneira como o Estado se recupera, principalmente considerando a concentração muito grande de produtores que trabalham em áreas arrendadas. Para o Rio Grande do Sul, a situação permanece incerta. A safra do Rio Grande do Sul ainda depende de umidade para finalizar toda essa colheita, caso contrário, pode perder ainda um pouco mais de produtividade. As equipes do Rally da Safra percorreram 62 mil quilômetros entre janeiro e março, avaliando mais de 1,6 mil lavouras em 13 Estados, que respondem por 97% da área de soja no Brasil. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.