24/Mar/2025
As negociações envolvendo soja estão mais aquecidas, influenciadas pelas maiores demandas externa e doméstica. Esse cenário eleva os prêmios de exportação da oleaginosa no Brasil, o que, por sua vez, resulta em alta dos preços FOB nos portos brasileiros. Diante desse contexto, no spot nacional, as quedas nas cotações são limitadas, sendo que, em algumas regiões, os valores até encontram sustentação. De modo geral, contudo, a maior oferta de soja e a desvalorização do dólar seguem causando pressão sobre os valores da oleaginosa. Com base no Porto de Paranaguá (PR) e no embarque em abril/2025, o prêmio de exportação de soja registra o maior valor desde 2022, quando considerado o mesmo mês de embarque em período equivalente dos anos anteriores, sendo ofertado a +US$ 0,75 por bushel pelo comprador e a +US$ 1,15 por bushel pelo vendedor. Na semana passada, o prêmio estava sendo ofertado em +US$ 0,70 por bushel e, há um ano, -US$ 0,50 por bushel.
Diante disso, o preço FOB da soja, no Porto de Paranaguá, registra alta expressiva de 4,6% nos últimos sete dias, passando para US$ 414,76 por tonelada (US$ 24,89 por saca de 60 Kg). A paridade de exportação de soja é calculada em R$ 141,45 por saca de 60 Kg para embarque em abril/2025, significativamente acima dos valores praticados no mercado spot nacional. Nos últimos sete dias, o Indicador da soja Paranaguá ESALQ/BM&F, referente ao grão depositado no corredor de exportação e negociado na modalidade spot (pronta entrega), no Porto de Paranaguá, apresenta recuo de 1,2%, cotado a R$ 133,32 por saca de 60 Kg. Para embarque em maio/2025, a paridade de exportação é calculada em R$ 140,98 por saca de 60 Kg e, para junho/2025, em R$ 143,53 por saca de 60 Kg. Ressalta-se que a comercialização com entrega em 2026 também está mais aquecida.
A paridade de exportação para embarque em fevereiro/2026 é calculada em R$ 144,39 por saca de 60 Kg; para março/2026, em R$ 143,26 por saca de 60 Kg; para abril/2026, em R$ 144,60 por saca de 60 Kg; e, para embarque em maio/2026, em R$ 149,79 por saca de 60 Kg. A média ponderada da soja no Paraná, refletida no Indicador CEPEA/ESALQ registra leve queda de 0,1% nos últimos sete dias, a R$ 127,99 por saca de 60 Kg. Nos últimos sete dias, os valores registram leve recuo de 0,1% tanto no mercado de balcão (preço pago ao produtor) quanto no mercado de lotes (negociações entre empresas). As cotações dos derivados seguem em queda no mercado brasileiro, pressionadas pela baixa demanda doméstica. Suinocultores e avicultores sinalizam estarem abastecidos com farelo de soja para médio prazo e sem necessidade de adquirir grandes volumes para recebimento imediato.
Esses agentes têm expectativa de menor preço do derivado nas próximas semanas, diante da safra recorde de soja. O farelo apresenta desvalorizou 1,2% nos últimos sete dias. O preço do óleo de soja também está pressionado, influenciado pela demanda enfraquecida por parte do setor de biodiesel. O óleo de soja (posto em São Paulo com 12% de ICMS) é comercializado a R$ 6.724,43 por tonelada, queda de 1,3% nos últimos sete dias. Os contratos futuros da soja estão em alta na Bolsa de Chicago devido à maior demanda e à valorização do óleo de soja, que, por sua vez, é influenciado pelo petróleo. Vale lembrar que esse cenário eleva o incentivo da mistura do biodiesel ao óleo diesel (o óleo de soja é a principal matéria-prima do biodiesel). Além disso, o déficit hídrico na Argentina tem prejudicado as lavouras, contexto que levou a Bolsa de Cereais de Buenos Aires a reduzir em 1 milhão de toneladas as estimativas da safra 2024/2025, projetada agora em 48,6 milhões de toneladas.
A desvalorização do dólar no mercado internacional, que tende a deixar as commodities norte-americanas mais atrativas aos consumidores estrangeiros, também contribui para a alta nos contratos futuros. Os contratos Maio/2025 da soja e do óleo de soja registram valorização de respectivos 1,6% e 4,7%, passando para US$ 10,13 por bushel e US$ 941,58 por tonelada. Para o farelo, o vencimento Maio/2025 acumula baixa de 1,1% no período, indo para US$ 327,49 por tonelada. De acordo com a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), até o dia 16 de março, 69,8% da área nacional de soja havia sido colhida, superando os 61,6% registrados no mesmo período de 2024 e os 64,9% da média de cinco anos. Em Mato Grosso, a colheita atingiu 96,6% da área, acima dos 94,8% há um ano. Em Mato Grosso do Sul, 80% da área foi colhida, contra 85% em 2024. Em Goiás, as atividades somam 82% da área, superando os 70% de um ano atrás.
Em Minas Gerais, a colheita soma 75% da área cultivada, 23% acima do registrado no mesmo período de 2024. Em São Paulo, 95% da área foi colhida, bem acima dos 68% há um ano. No Matopiba (Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia), a colheita está intensa. No Maranhão, 52% da área já foi colhida, um avanço expressivo em relação aos 34% do mesmo período de 2024. Na Bahia, as atividades somam 70% da área, mais que o dobro dos 30% registrados no ano passado. No Piauí, o avanço também é significativo, atingindo 32%, contra os 15% de um ano atrás. Em Tocantins, a colheita alcançou 70% da área colhida, superando os 60% de 2024. No Paraná, 72% da área foi colhida, praticamente a mesma evolução do mesmo período do ano passado. Em Santa Catarina, a colheita alcançou 35% da área semeada, acima dos 14% há um ano. No Rio Grande do Sul, 10% da área foi colhida, contra apenas 1% no mesmo período de 2024. Fonte: Cepea. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.