17/Mar/2025
A colheita de soja segue “a todo vapor” nas principais regiões do Brasil. A maior produtividade vem se confirmando em muitas localidades, o que reforça a estimativa de produção recorde no País. Com a oferta do grão aumentando e compradores mais ativos, os negócios para entrega imediata estão aquecidos. Para as próximas semanas, no entanto, agentes temem que o já crônico problema na infraestrutura nacional limite a liquidez. A concentração do escoamento de soja e derivados e do milho nesta época do ano evidencia todas as dificuldades logísticas enfrentadas por produtores. De acordo com dados deste mês da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), a produção de soja deve crescer nas principais regiões do País na safra 2024/2025, com exceção do Rio Grande do Sul, onde a Companhia estima colheita de 17,06 milhões de toneladas, 13,2% abaixo da temporada passada.
Esse cenário está atrelado às chuvas irregulares no Estado. Porém, as demais regiões devem mais que compensar essa queda. Mato Grosso segue como o principal produtor nacional, com a produção apontada em 48,49 milhões de toneladas (+23,3%); seguido pelo Paraná, com 21,09 milhões de toneladas (+15%); e por Goiás, que agora passa a ser o terceiro maior Estado produtor nacional, com 20,21 milhões de toneladas da oleaginosa (+20%). A produção nacional de soja está estimada em 167,37 milhões de toneladas, 0,8% a mais que a apontada em fevereiro e 13,3% superior à safra 2023/2024. Deste total, 56,3% já haviam sido colhidos até o dia 9 de março, ainda de acordo com a Conab. O Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), por sua vez, segue mais otimista, mantendo a projeção de 169 milhões de toneladas para a safra 2024/2025 no Brasil.
O USDA indica que 105,5 milhões de toneladas de soja devem ser exportadas nesta temporada (de outubro/2024 a setembro/2025), um recorde. No entanto, na parcial desta safra (de outubro/2024 a fevereiro/2025), os embarques brasileiros estão 30,4% inferiores aos do mesmo período da temporada passada, de acordo com a Secretaria de Comércio Exterior (Secex). Na Argentina, as áreas de soja foram prejudicadas pelo déficit hídrico no início da safra e, mais recentemente, pelo excesso de chuvas. Ainda assim, a Bolsa de Cereais de Buenos Aires segue estimando a produção em 49,6 milhões de toneladas de soja, acima das 49 milhões de toneladas projetadas pelo USDA. Diante das estimativas de maior oferta, sobretudo da América do Sul, a produção global de soja está estimada em 420,76 milhões de toneladas na safra 2024/2025, um recorde.
Nos últimos sete dias, o Indicador da soja Paranaguá ESALQ/BM&F, referente ao grão depositado no corredor de exportação e negociado na modalidade spot (pronta entrega), no Porto de Paranaguá, apresenta leve recuo de 0,6%, cotado a R$ 134,88 por saca de 60 Kg. A média ponderada da soja no Paraná, refletida no Indicador CEPEA/ESALQ também registra queda de 0,6% nos últimos sete dias, a R$ 128,07 por saca de 60 Kg. Nos últimos sete dias, os valores registram pequeno recuo de 0,1% no mercado de balcão (preço pago ao produtor) e de 0,5% no mercado de lotes (negociações entre empresas). Na Bolsa de Chicago, o contrato Março/2025 da soja apresenta desvalorização de 1,7% nos últimos sete dias, a US$ 9,96 por bushel. Os preços do óleo de soja apresentam leve baixa no Brasil, pressionados pela fraca demanda para recebimento imediato, sobretudo de indústrias de biodiesel.
A queda é limitada pela procura externa firme. Na parcial desta temporada (de outubro/2024 a fevereiro/2025), o Brasil embarcou 487,95 mil toneladas de óleo de soja, 50,6% a mais que o exportado no mesmo período da safra passada, de acordo com a Secretaria de Comércio Exterior (Secex). O óleo de soja (posto em São Paulo com 12% de ICMS) é comercializado a R$ 6.812,60 por tonelada, recuo de 0,4% nos últimos sete dias. A baixa nacional se deve, também, à forte desvalorização externa, a qual, por sua vez, está relacionada às estimativas de menor consumo nos Estados Unidos. De acordo com o USDA, o consumo de óleo de soja norte-americano foi estimado em 12,45 milhões de toneladas, 0,54% abaixo do projetado em fevereiro. O consumo para o setor alimentício deve ser o menor desde 2019/2020, estimado em 6,35 milhões de toneladas. Assim, na Bolsa de Chicago, o contrato Março/2025 do óleo de soja apresenta recuo de expressivos 4,3% nos últimos sete dias, a US$ 899,04 por tonelada.
O farelo de soja registra valorização, impulsionado pela firme demanda, sobretudo internacional. Na parcial desta temporada (de outubro/2024 a fevereiro/2025), o Brasil escoou 9,3 milhões de toneladas de farelo de soja, um recorde quando comparado a período equivalente de safras anteriores, conforme dados da Secex. Além disso, o USDA reajustou as transações globais para 77,92 milhões de toneladas e o consumo mundial, para 270,4 milhões de toneladas, respectivos aumentos de 2,1% e de 0,6% frente aos apontados no relatório passado. As importações da União Europeia foram revisadas para 16,6 milhões de toneladas, 6% acima das projetadas no relatório anterior. Com isso, o contrato Março/2025 do farelo de soja, na Bolsa de Chicago, acumula alta de 1,1% nos últimos sete dias, a US$ 331,02 por tonelada. O preço do farelo de soja tem valorização de 0,6% no mesmo comparativo. Fonte: Cepea. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.