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03/Mar/2025

Preços da soja avançam no mercado doméstico

Os preços da soja estão em alta no Brasil, influenciados pelo aquecimento da demanda interna. Ainda que uma safra abundante esteja sendo colhida na América do Sul, preocupações com a produtividade das lavouras que ainda serão colhidas, o aumento dos custos logísticos e a sinalização por parte do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) de uma possível menor área com soja no país ajudam a sustentar as cotações domésticas. Nos últimos sete dias, o Indicador da soja Paranaguá ESALQ/BM&F, referente ao grão depositado no corredor de exportação e negociado na modalidade spot (pronta entrega), no Porto de Paranaguá, apresenta alta de 2,6%, cotado a R$ 134,55 por saca de 60 Kg. A média ponderada da soja no Paraná, refletida no Indicador CEPEA/ESALQ registra avanço de 1,5% nos últimos sete dias, a R$ 127,33 por saca de 60 Kg. De janeiro/2025 para fevereiro/2025, porém, registra-se queda, de aproximadamente 3%, com a atual média a R$ 125,10 por saca de 60 Kg, a menor desde fevereiro/2024, em termos reais (IGP-DI de janeiro/2025).

Nos últimos sete dias, a alta é de 0,8% no mercado de balcão (preço pago ao produtor) e de 1% no mercado de lotes (negociações entre empresas). De janeiro/2025 para fevereiro/2025, o preço no mercado de balcão cedeu expressivos 0,9% e, no mercado de lotes, -3,3%. De acordo com a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), até 23 de fevereiro, 36,4% da área nacional de soja havia sido colhida, abaixo dos 38% registrados no mesmo período de 2024. Assim, no geral, parece que o ritmo de colheita está se igualando ao observado em período equivalente do ano anterior. Os trabalhos de campo estão mais adiantados que em 2024 em regiões do Piauí (6%), Bahia (20%), Maranhão (35%) e Tocantins (40%). A colheita no Paraná soma 40% da área; em Mato Grosso, 66,7%; em Minas Gerais, 23%; em Goiás, 40%; e, em Santa Catarina, 7%. Os trabalhos de campo estão mais atrasados que em 2024 em Mato Grosso do Sul (32%) e em São Paulo (10%).

Os preços do óleo e do farelo operam em direções opostas. No caso do óleo, os valores são impulsionados pela forte demanda, tanto para o setor alimentício quanto para a indústria de biocombustíveis. O óleo de soja (posto em São Paulo com 12% de ICMS) está cotado a R$ 6.862,92 por tonelada, alta de 2,2% nos últimos sete dias. Contudo, entre janeiro/2025 e fevereiro/2025, observa-se queda, de 4,9%. Em fevereiro, a média do preço do óleo de soja superou em 38,6% a média de fevereiro/2024. O farelo de soja, por sua vez, registra desvalorização, refletindo a cautela dos compradores, que aguardam um maior avanço da colheita para negociar novos lotes. A expectativa é de que as indústrias ampliem o processamento nas próximas semanas, o que pode aumentar a oferta do derivado. Diante desse cenário, a liquidez permanece reduzida. Os preços do farelo de soja apresentam baixa de 0,7% nos últimos sete dias. Entre a média de janeiro e a de fevereiro, a baixa foi de 3,1% e, no comparativo anual, houve recuo de 5,3%.

Nos Estados Unidos, os preços da soja estão pressionados, refletindo a aceleração do ritmo de colheita no Brasil, o retorno das chuvas em algumas regiões da Argentina e a valorização do dólar. Vale lembrar que a alta da moeda norte-americana torna os produtos brasileiros mais competitivos no mercado internacional, estimulando as exportações do Brasil e pressionando as cotações nos Estados Unidos. Além disso, a possibilidade de taxação aos produtos chineses a partir desta terça-feira (04/03) pode reduzir a demanda pela oleaginosa norte-americana. Na Bolsa de Chicago, o contrato Março/2025 da soja registra queda de 2,2% nos últimos sete dias, mas subiu 1,2% entre as médias de janeiro/2025 e fevereiro/2025. A média mensal de fevereiro foi de US$ 10,41 por bushel, a mais alta desde julho/2024, em termos nominais. O contrato de mesmo vencimento do farelo tem recuo de 1,7% nos últimos sete dias e de 1,3% na comparação entre janeiro/2025 e fevereiro/2025, indo para US$ 328,41 por tonelada.

O contrato Março/2025 do óleo de soja registra baixa de 5,3% nos últimos sete dias. O preço futuro deste derivado subiu significativos 4,4% de janeiro/2025 para fevereiro/2025, com a média de fevereiro a US$ 1.011,69 por tonelada. Em relatório divulgado no dia 27 de fevereiro, o USDA sinalizou redução de 3,2% na área de soja da safra 2025/2026 dos Estados Unidos, para 33,67 milhões de hectares. Os baixos preços e a menor competitividade com a América do Sul são fatores de desestímulo para o cultivo de soja, especialmente com os preços futuros também em queda. Além disso, o preço da soja é cerca de 2,3 vezes superior ao do milho, de acordo com a relação atual, sendo a menor desde 2013, o que motiva a substituição de soja por milho. No âmbito internacional, a relação estoque sobre o consumo de milho está em 23,6%, enquanto o da soja está em 30,6%, ou seja, no médio prazo, há maior probabilidade de os preços de milho se sustentarem do que os da soja. Fonte: Cepea. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.