19/Feb/2025
O ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, afirmou que a expectativa é de que o cronograma de 15% de mistura de biodiesel ao óleo diesel possa ser retomado na próxima reunião do Conselho Nacional de Política Energética (CNPE), considerando a perspectiva de acomodação do preço do óleo de soja. Com o início da safra, o preço do óleo de soja já começou a cair, mas é preciso agir com cautela. O adiamento do B15 vai permitir a maior disponibilidade de óleo de soja no mercado, não havendo disputa com óleo de cozinha, e a queda do preço do óleo de soja, afirmou o ministro a jornalistas após reunião com o setor do biodiesel nesta terça-feira (18/02). Com a acomodação do preço do óleo de soja nas gôndolas dos supermercados, talvez possa ser possível fazer a mistura de B15 dentro de 60 dias, afirmou.
O encontro ocorreu após o CNPE manter a mistura do biodiesel ao óleo diesel em 14%, derrubando o cronograma previsto da mistura de 15% para 1º de março. O ministro afirmou que a decisão do governo pela manutenção da mistura deve-se ao aumento significativo do preço do óleo de soja no ano passado após a quebra na safra nacional com eventos climáticos adversos. Em função da crise hídrica no ano passado, houve redução da safra de soja, ao mesmo tempo em que os estímulos ao biodiesel foram retomados e, com isso, houve descasamento no excedente de óleo para biodiesel e óleo na gôndola do supermercado. Houve aumento bastante significativo do preço do óleo de soja na gôndola dos supermercados. A prioridade é com a alimentação do ser humano, acrescentou Fávaro.
Segundo o ministro, o preço do óleo de soja ao consumidor e a oferta de óleo de soja nos supermercados são uma preocupação do presidente Lula. Apesar de os preços de óleo de soja já estarem caindo, Fávaro afirmou que o governo tem de agir com cautela e esperar a queda realmente chegar ao mercado. Talvez a adoção de B15 em momento que a indústria planeja suas compras de matéria-prima, ao fim de fevereiro, poderia quebrar esse ciclo de retração de preços comprando mais óleo para suprir 1% a mais de mistura. O ministro reforçou, ao lado de dirigentes da indústria, que o governo Lula tem compromisso com biocombustíveis e com a energia renovável, lembrando que foi o presidente Lula em seu primeiro mandato que criou o Programa Nacional de Biodiesel em 2004.
O governo passado vinha desestimulando o programa do biodiesel, retrocedendo a B10 e priorizando a importação de diesel S500. O governo Lula entende a importância do combustível renovável, do biodiesel. O governo Lula entende que o óleo ajuda na formação de preço do farelo de soja que se transforma em carne. De acordo com o ministro, o setor de biodiesel deve se encontrar na próxima semana com o presidente Lula. Ao fim de janeiro, o presidente Lula sinalizou que queria explicações do setor sobre a relação do preço do óleo de soja, que subiu 29% em 2024, com a maior demanda por biodiesel. O encontro é articulado por Carlos Fávaro e deve contar com a presença do empresário e ex-ministro da Agricultura, Blairo Maggi, um dos principais interlocutores do governo Lula com o agronegócio. O ministro Alckmin e o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, também devem comparecer.
O deputado federal Arnaldo Jardim (Cidadania-SP), presidente da Comissão Especial da Transição Energética e Produção de Hidrogênio Verde e relator da Lei do Combustível do Futuro, disse que a decisão do CNPE de suspender a elevação da mistura de biodiesel no diesel fóssil, de 14% para 15%, desorganiza uma cadeia produtiva que se planejou para atender as regras estabelecidas pela Lei do Combustível do Futuro. A questão não é apenas sobre preço, mas sim sobre previsibilidade, fundamental para o fortalecimento do setor de biocombustível no Brasil. A União Brasileira do Biodiesel e do Bioquerosene (Ubrabio) espera que, em 60 dias, em nova reunião do CNPE, o colegiado retome o aumento da mistura do biodiesel ao diesel.
Para a entidade, o avanço da mistura do biocombustível ao combustível fóssil é extremamente importante para que o País evolua na descarbonização da matriz energética brasileira, gerando mais empregos, produzindo mais alimentos, inclusive barateando o preço de alimentos. Muitos setores dizem que há concorrência entre biocombustíveis e alimentos. Mas é exatamente o contrário, não há concorrência entre esses setores. Há, sim, aumento da produção de proteínas e derivados com o aumento da mistura do biodiesel ao diesel. A produção de farelo de soja aumenta e, com isso, há mais alimentos para a pecuária. O setor "está preparado" para o aumento da mistura de 14% para 15%. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.