14/Feb/2025
Em 2025, as cotações da soja em Chicago voltaram para acima de US$ 10,00 por bushel, em meio a preocupações com o andamento da safra de América do Sul. Essa alta representou uma mudança em relação ao período anterior, de preços mais pressionados, num contexto de balanço de oferta e demanda mundial folgado. De qualquer forma, por enquanto, as expectativas para as safras no Hemisfério Sul se mantêm predominantemente positivas, o que tende a limitar as perspectivas para avanços mais expressivos das cotações da oleaginosa. O ciclo 2024/2025 no Brasil começou com atrasos do plantio, após a seca histórica registrada no País. Mas, passadas as semanas iniciais, a semeadura avançou rapidamente, com as chuvas voltando a ocorrer de forma mais generalizada e em bons volumes, o que alimentou as perspectivas de produção recorde. Na Argentina, as condições das lavouras também vinham muito favoráveis, além de o país ter registrado crescimento de área.
Essa situação de safra cheia na América do Sul estava reforçando a pressão sobre os preços, já que contribuiria para ampliar a diferença entre a produção e consumo globais. Contudo, entre o fim de dezembro e grande parte de janeiro, predominou um clima bastante seco no Sul do Brasil e na Argentina, ameaçando essas boas perspectivas para a oleaginosa. Na Argentina, várias estimativas já caíram para abaixo de 50 milhões de toneladas, mas boas chuvas recentes estão limitando maiores perdas, com as previsões meteorológicas continuando no radar nas próximas semanas. Cabe lembrar que o ciclo da soja no país é mais tardio, com o plantio começando no final de outubro, e o período mais seco acabou afetando lavouras que já estavam passando por fases reprodutivas. Situação semelhante foi observada no Rio Grande do Sul, uma vez que o Estado tem um ciclo similar ao da Argentina, com o plantio se iniciando mais tarde.
Com isso, já são estimadas reduções na produtividade para a safra gaúcha e também em Mato Grosso do Sul e Paraná. Em compensação, outros Estados estão registrando condições muito favoráveis, com revisões positivas nos números de produção e produtividade. É o caso de Minas Gerais, São Paulo, Goiás e Mato Grosso, por exemplo. Apesar de chuvas excessivas em parte do Estado, Mato Grosso tem mostrado resultados acima do esperado em algumas regiões com o avançar da colheita. Dessa forma, as outras grandes regiões brasileiras apresentam um cenário muito positivo, compensando grande parte das perdas já estimadas em virtude da seca no Sul do País. Nesse contexto, o último número de safra da StoneX seguiu indicando uma produção recorde, em 170,9 milhões de toneladas. O clima continuará a ser um fator-chave nas próximas semanas, com os níveis de precipitação sendo muito importantes principalmente para localidades onde o plantio começa mais tarde em um contexto de temperaturas elevadas.
Confirmando-se uma colheita ao redor de 170 milhões de toneladas no Brasil e um resultado para a Argentina que ainda pode chegar próximo de 50 milhões de toneladas, a tendência seria de manutenção de um balanço de oferta e demanda mundial bastante confortável para a soja, com a produção estimada ainda superando o consumo. Em meio a esse cenário, além da consolidação da safra na América do Sul, as atenções devem se voltar para a definição de área do próximo ciclo dos EUA. Ainda não foram divulgados os primeiros dados oficiais para o país, mas as apostas são de que a soja possa perder área para o milho, uma vez que os preços do cereal registraram recuperação mais significativa desde o ano passado. Caso uma queda da área de soja nos EUA se confirme, a oferta da oleaginosa poderá se contrair, com o balanço de oferta e demanda global da oleaginosa caminhando para uma situação mais restrita, situação que poderia impulsionar os preços do grão de maneira mais significativa. Fonte: Ana Luiza Lodi – Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.