10/Feb/2025
Os preços da soja estão reagindo no mercado brasileiro, influenciados por chuvas irregulares na América do Sul. Esse cenário vem deixando os vendedores em atenção e afastados de novas vendas no spot nacional. Além disso, incertezas sobre a relação comercial entre os Estados Unidos e a China também reforçam o movimento de alta no Brasil. O apetite chinês pela oleaginosa brasileira pode crescer nos próximos meses. Por outro lado, a elevação no preço doméstico foi limitada pela desvalorização do dólar, que deixa as commodities norte-americanas mais atrativas aos importadores em detrimento das brasileiras. O aumento no frete rodoviário no Brasil (que diminui o valor recebido pelos produtores) também limita a elevação do preço no spot nacional. Nas Regiões Centro-Oeste e Sudoeste do Brasil, o excesso de chuva limita o avanço da colheita de soja. Na Região Sul do País e na Argentina, é a escassez hídrica que preocupa. De acordo com o Centro de Previsão de Tempo e Estudos Climáticos (CPTEC), as chuvas devem seguir irregulares no Brasil nos próximos dias.
No Rio Grande do Sul, as previsões são de chuvas isoladas. A produção de soja no Estado apresenta situação crítica e depende de maior índice pluviométrico para alcançar o potencial produtivo. De acordo com a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), 8% da área nacional de soja foi colhida até o dia 2 de fevereiro. Dentre as regiões, 18% haviam sido colhidos no Paraná, 1% abaixo do mesmo período do ano passado; 14,7% em Mato Grosso, abaixo dos 30,8% colhidos há um ano; 7% em Mato Grosso do Sul, abaixo dos 8% em igual período de 2024; 6% em Minas Gerais, 2% inferior ao volume colhido há um ano e 4% em São Paulo, abaixo dos 10% há um ano. Na Bahia, a colheita alcançou 3% da área, acima dos 1,5% em período equivalente de 2024. Vale ressaltar que os produtores deste Estado estão otimistas para a safra 2024/2025, com expectativa de produtividade excepcional. Nos últimos sete dias, os preços da soja registram acréscimo de 0,4% no mercado de balcão (preço pago ao produtor) e estabilidade no mercado de lotes (negociações entre empresas).
Nos últimos sete dias, o Indicador da soja Paranaguá ESALQ/BM&F, referente ao grão depositado no corredor de exportação e negociado na modalidade spot (pronta entrega), no Porto de Paranaguá, apresenta avanço de 0,8%, cotado a R$ 132,05 por saca de 60 Kg. A média ponderada da soja no Paraná, refletida no Indicador CEPEA/ESALQ registra alta de 0,4% nos últimos sete dias, a R$ 126,08 por saca de 60 Kg. Vale ressaltar que a paridade de exportação indica preços maiores para os próximos meses. Com base no Porto de Paranaguá e no dólar futuro negociado na B3, a paridade é calculada em R$ 134,72 por saca de 60 Kg, para embarque em março/2025; em R$ 136,75 por saca de 60 Kg, para abril/2025; em R$ 138,80 por saca de 60 Kg para junho/2025; e em R$ 146,17 por saca de 60 Kg para julho/2025. Além do cenário preocupante na América do Sul, os preços futuros da soja são impulsionados pela maior demanda externa. De acordo com o relatório de inspeção e exportação do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), os embarques de soja dos Estados Unidos cresceram 37,3% entre as duas últimas semanas e 15,7% na parcial desta safra (de setembro/2024 a janeiro/2025).
Diante disso, na Bolsa de Chicago, o contrato Março/2025 da soja tem valorização de 1,6% nos últimos sete dias, a US$ 10,60 por bushel. O contrato de mesmo vencimento do farelo registra avanço de 0,6% no mesmo período, indo para US$ 337,74 por tonelada. O contrato Março/2025 do óleo de soja apresenta alta de 0,9% nos últimos sete dias, a US$ 1.000,89 por tonelada. Os preços dos derivados de soja estão em direções opostas. O valor do óleo de soja é impulsionado pela baixa disponibilidade para entrega imediata e pela firme demanda, tanto por indústrias de alimentos quanto por indústrias de biodiesel. Com isso, o óleo de soja (posto em São Paulo com 12% de ICMS), está cotado a R$ 6.501,68 por tonelada, alta de 1,2% nos últimos sete dias. O farelo de soja segue se desvalorizando, diante da demanda enfraquecida para recebimento no spot nacional. Com isso, os preços do farelo de soja apresentam baixa de 0,4% nos últimos sete dias. Fonte: Cepea. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.