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10/Feb/2025

Óleo de Soja: preço em alta está na mira do governo

Diante da crescente preocupação do governo Lula com a alta no preço dos alimentos, auxiliares do presidente buscam informações que ajudem a explicar os motivos que levaram o óleo de soja a escalar quase 30% no ano passado. Querem saber ainda se o aumento da produção de etanol pode estar influenciando os preços do milho. O presidente Lula reclamou que o preço do óleo de soja tinha chegado a R$ 4,00 por litro quando ele chegou à Presidência e agora, está perto de R$ 10,00 por litro. Lula questionou se a soja para o biodiesel e o milho para o etanol estão criando problema. Para tanto, o presidente chamará os empresários da área para conversar. Representantes empresariais estão respondendo a pedidos de informação enviados por emissários de Lula. A União Nacional do Etanol de Milho (Unem) passou informações ao Ministério de Minas e Energia e ao BNDES, dados mostrando o que está acontecendo no mercado internacional, o aumento da área plantada e a contribuição do etanol de milho para a segurança alimentar e para a segurança energética.

Os produtores de óleo de soja também foram contatados. Os dois segmentos estão reunindo informações para mostrar, via Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA), que o aumento da oferta de biocombustíveis não tem culpa na alta dos preços dos alimentos. O motivo de preocupação dos auxiliares de Lula é que a mistura dos biocombustíveis aos combustíveis de origem fóssil vai subir em abril. No caso do biodiesel adicionado ao diesel, o percentual subirá de 14% para 15%, em um cronograma que foi acelerado pelo Conselho Nacional de Política Energética (CNPE). O biodiesel é majoritariamente fabricado com óleo de soja, mas também tem sebo bovino em sua composição. Os dois tipos de óleo subiram em 2024. Até 2030, a fração do biodiesel deve chegar a 20% e, depois disso, poderá subir a 25%, de acordo com o projeto do Combustível do Futuro, aprovado no ano passado no Congresso e sancionado com o apoio de Lula. No caso do etanol misturado à gasolina, a fração deverá subir de 27,5% para 30% neste ano; a decisão dependerá de estudos de desempenho de motores que estão em andamento. No futuro, a mistura deverá alcançar 35%.

Embora a maior parte do etanol seja feita da cana-de-açúcar, é crescente a produção de etanol de milho no País. Desde 2017, a área plantada de milho na Região Centro-Oeste aumentou 50% e o volume cresceu em 10 milhões de toneladas, segundo a Unem. O presidente Lula já disse mais de uma vez estar preocupado com a alta do preço dos alimentos, o que vem pesando sobre a sua popularidade. No ano passado, no segundo semestre, os preços da soja e do óleo de soja no Brasil ficaram acima dos praticados no exterior. A discrepância disparou em setembro e só passou a dar trégua em meados de janeiro deste ano, com a perspectiva de entrada da nova safra no Brasil. Isso não havia ocorrido desde o início do atual mandato de Lula, em janeiro de 2023. As informações repassadas pelo setor privado ao governo são de que os preços mais altos da soja e do óleo de soja no Brasil têm mais relação com o dólar e com a quebra da safra anterior (2023/2024) do que com os biocombustíveis. O primeiro fator eleva o estímulo à exportação, e o segundo cria um cenário interno de menor oferta para o esmagamento para a produção de óleo, o que incide nos preços.

Além disso, antevendo problemas comerciais com os Estados Unidos sob Donald Trump, a China ampliou a compra de soja do Brasil em cerca de 10%. O volume vendido para compradores chineses subiu de 66 milhões de toneladas para 79 milhões de toneladas. Dos Estados Unidos, a China reduziu as compras de soja de 32 milhões de toneladas para 24 milhões de toneladas. A safra vai ser maior neste ano, a projeção é de uma safra recorde, o que fará com que os prêmios caiam e fiquem negativos, como ocorre todo ano. Agora, o quanto vão cair e ficar negativos neste ano dependerá do efeito Trump. Produtores de óleo de soja relataram ao governo que o preço do óleo refinado caiu 3% na semana passada no atacado e a tendência é de que siga em queda, em razão de um dólar mais baixo neste ano do que o verificado no fim do ano passado, acima de R$ 6,30, e do início da safra. Hoje, os produtores afirmam que a capacidade produtiva instalada consegue suprir a demanda por óleo de soja para a produção de biodiesel.

No entanto, a previsão é de que a mistura prevista no projeto do Combustível do Futuro fará dobrar a necessidade de esmagamento de soja nos próximos dez anos, o que demandará investimentos e financiamento via BNDES para a construção de unidades produtivas. No caso do etanol de milho, o aumento da produção do grão para o etanol ocorre em áreas já plantadas de soja, no que se convencionou chamar de "2ª safra" brasileira, feita logo após a colheita da soja. Apenas 15% da produção de milho do País vira etanol. Além de aumentar a produtividade da soja, o plantio de milho e seu esmagamento para a fabricação de etanol também vêm contribuindo para ampliar a oferta de farelo para ração, principalmente de bovinos, o que pode ajudar no preço da carne. A produção de etanol de milho não é concorrente e não tem nada a ver com o preço dos alimentos. O presidente Lula foi comedido, ao sublinhar que pretende chamar empresários para entender o que está ocorrendo. Foi responsável de dizer que precisa entender isso melhor. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.