06/Feb/2025
Segundo o Rabobank, os preços da soja na Bolsa de Chicago devem seguir pressionados, refletindo a produção recorde no Brasil e possíveis impactos de uma nova guerra comercial entre Estados Unidos e China. A expectativa é que o Brasil produza 170 milhões de toneladas, contribuindo para uma recomposição expressiva dos estoques globais. Quando se adicionam os estoques do Brasil e da China ao cenário, há uma recomposição significativa que traz um tom mais baixista para Bolsa de Chicago. Observando um histórico das cotações desde 2013, identifica-se duas fases distintas. Entre 2013 e 2014, a Bolsa de Chicago registrou patamares elevados de preço devido a choques de oferta e forte demanda chinesa. Naquele momento, o produtor rural teve um estímulo financeiro muito grande para investir no negócio e na expansão agrícola. A resposta foi um rápido crescimento da oferta global, levando a Bolsa de Chicago a operar entre US$ 8,00 e US$ 9,00 por bushel de 2015 a 2020.
A primeira guerra comercial EUA-China, iniciada em 2018, fez as cotações caírem ainda mais e os Estados Unidos acumularam 25 milhões de toneladas em estoque. O cenário mudou no último trimestre de 2020, após o acordo comercial EUA-China e com a desvalorização do Real impulsionando as exportações brasileiras. A China tinha volume vindo tanto do Brasil quanto dos Estados Unidos, os estoques nos principais produtores diminuíram consideravelmente, e a Bolsas de Chicago foi tendo um suporte importante. A guerra Rússia-Ucrânia em 2022 também sustentou as cotações. As margens dos produtores brasileiros cresceram significativamente em 2022 e 2023, levando a uma expansão considerável da área plantada. Agora, a produção está crescendo num ritmo maior que a demanda. Para 2025/2026, os Estados Unidos devem reduzir a área de soja e aumentar a de milho, o que pode dar suporte aos preços. No entanto, uma nova guerra comercial tende a pressionar a Bolsa de Chicago.
Na última vez, quando a China taxou a soja norte-americana em 25%, houve uma redução importante das cotações, quase US$ 2,00 por bushel em seis meses. O México surge como novo elemento nesse cenário. Principal importador mundial de milho e importante parceiro comercial dos Estados Unidos, o país pode buscar outros fornecedores caso entre no conflito. Se isso acontecer, os prêmios do milho brasileiro devem se deslocar ainda mais. A China está mais preparada para um possível conflito, com estoques mais confortáveis que em 2017/2018. É diferente da primeira fase, quando a demanda chinesa crescia fortemente. Hoje, o crescimento é mais tímido. A Argentina pode ganhar competitividade após a redução de impostos sobre exportações. Provavelmente haverá uma mudança significativa dos fluxos globais, com Estados Unidos ficando mais caros e Argentina um pouco mais barata. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.