05/Feb/2025
Segundo a Universidade Cornell, do estado de Nova York (EUA), o Brasil pode ampliar em US$ 22 bilhões as exportações de soja para a China com as tarifas comerciais norte-americanas. O valor representaria um aumento de 73% sobre os US$ 30 bilhões que o Brasil exportou à China na temporada 2023/2024, quando enviou 69 milhões de toneladas ao país asiático. A pesquisa também projeta um potencial adicional de US$ 901 milhões em vendas de carne bovina brasileira ao mercado chinês. A China vai buscar fornecedores alternativos para reduzir sua dependência dos Estados Unidos, assim como fez na guerra comercial de 2018/2019, e o Brasil é o candidato natural para preencher esse espaço. Os Estados Unidos impuseram tarifas de 25% sobre produtos do Canadá e México e sobretaxa adicional de 10% sobre bens chineses a partir desta terça-feira (04/02).
No entanto, na segunda-feira (03/02), o presidente Donald Trump anunciou um adiamento de 30 dias nas tarifas sobre produtos do México, após uma conversa com a presidente mexicana, Claudia Sheinbaum. Horas depois, o primeiro-ministro do Canadá, Justin Trudeau, afirmou que as tarifas sobre produtos canadenses também serão pausadas por "pelo menos" 30 dias, enquanto os dois países negociam uma solução. O estudo faz parte de um conjunto mais amplo de cenários tarifários avaliados. Publicada em 28 de janeiro, a pesquisa analisou seis diferentes possibilidades de tarifas e retaliações, desde aumentos mútuos de 60% entre Estados Unidos e China até uma guerra comercial global com sobretaxas de 10% para todos os parceiros. O cenário que está se materializando combina um adicional de 10% sobre as tarifas já existentes com a China e 25% sobre produtos do Canadá e México.
Nessa configuração, o PIB do Canadá deve recuar 3,59% e o do México 1,91%, enquanto a China, que promete retaliar, sofreria queda de 0,14%. Os Estados Unidos teriam retração de 0,33%. Em termos de poder de compra das famílias, o Canadá perderia US$ 137,6 bilhões e o México US$ 67,2 bilhões. O modelo econômico utilizado no estudo abrange 65 setores em 141 países e considerou diversos cenários de retaliação. No pior caso, com uma tarifa global de 10%, Canadá e México sofreriam as maiores perdas de bem-estar econômico, com quedas de 9,4% e 6%, respectivamente. China e Estados Unidos teriam perdas menores, em torno de 0,5%, enquanto Vietnã emergiria como o maior beneficiário do desvio de comércio. A reconfiguração do comércio global também afeta outros produtos. As exportações norte-americanas de milho ao México devem cair US$ 271,5 milhões. No setor de carnes, as vendas de bovinos dos Estados Unidos ao Canadá recuariam US$ 526,2 milhões e ao México US$ 863,7 milhões.
O Brasil precisa resolver seus gargalos logísticos para capturar essa demanda adicional. A infraestrutura brasileira já está sob pressão. A dependência do transporte rodoviário e a capacidade limitada dos portos podem atrasar embarques e elevar custos. Para aproveitar essa oportunidade, o País precisa acelerar projetos de modernização portuária e expansão ferroviária. É recomendada cautela estratégica ao Brasil. O País não pode depender excessivamente da China. É fundamental diversificar mercados, especialmente no Sudeste Asiático, Oriente Médio e África, para reduzir riscos de mudanças políticas e comerciais. No mercado de carnes, onde a China já é o principal destino das exportações brasileiras, a competição deve se intensificar. A tendência é de maior demanda chinesa por carne bovina brasileira, mas outros fornecedores como Austrália e Argentina também disputarão esse mercado. A pesquisa indica ainda que as tarifas sobre Canadá e México podem beneficiar indiretamente a China.
Com a ruptura das cadeias de suprimento na América do Norte, exportadores canadenses e mexicanos buscarão mercados alternativos, enquanto a China poderá ocupar esses espaços e fortalecer sua influência comercial na América Latina. Para mitigar riscos e ampliar ganhos, o Brasil precisa acelerar investimentos na modernização da infraestrutura logística. O País precisa urgentemente expandir sua malha ferroviária, melhorar a eficiência portuária e investir em armazenagem para garantir que possa suprir a demanda crescente sem comprometer a competitividade. Além disso, o Brasil deveria agregar mais valor às exportações agrícolas, apostando na produção de farelo e óleo de soja, em vez de depender exclusivamente da venda do grão in natura. " ideal seria desenvolver uma estratégia que combine modernização da infraestrutura com busca de novos parceiros comerciais. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.