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03/Feb/2025

Tendência de pressão baixista sobre preços da soja

Os preços internos da soja seguem em queda e já operam nos menores patamares reais desde março do ano passado. A pressão vem do avanço da colheita da safra 2024/2025 no Brasil, das reduções das “retenciones” sobre o complexo soja na Argentina e da desvalorização cambial (US$/R$). Esses fatores afastam os compradores do produto brasileiro. Vale lembrar que a demanda pela soja nacional deve seguir desaquecida nos próximos dias, devido ao Ano Novo Chinês, iniciado em 29 de janeiro. Nos últimos sete dias, o Indicador da soja Paranaguá ESALQ/BM&F, referente ao grão depositado no corredor de exportação e negociado na modalidade spot (pronta entrega), no Porto de Paranaguá, apresenta recuo de 2,1%, cotado a R$ 130,99 por saca de 60 Kg. Em janeiro, a média foi de R$ 134,89 por saca de 60 Kg, 4,4% inferior à média de dezembro/2024 e a mais baixa desde março/2024, em termos reais. Entre janeiro/2024 e janeiro/2025, observa-se leve baixa, de 0,8%.

A média ponderada da soja no Paraná, refletida no Indicador CEPEA/ESALQ registra queda de 2,3% nos últimos sete dias, a R$ 125,57 por saca de 60 Kg. De dezembro/2024 para janeiro/2025, registra-se queda significativa, de 6,2%, com a média de janeiro a R$ 129,82 por saca de 60 Kg, a menor desde março/2024, em termos reais (IGP-DI de dezembro/2024). Em relação à média de janeiro/2024, observa-se estabilidade, em termos reais. Nos últimos sete dias, a queda é de 1,7% no mercado de balcão (preço pago ao produtor) e no de lotes (negociações entre empresas). De dezembro/2024 para janeiro/2025, o preço de balcão cedeu expressivos 5,1% e o de lote, significativos 6,5%. Para os próximos meses, a paridade de exportação também tem apontado preços menores. Com base no Porto de Paranaguá (PR) e dólar futuro na B3, a paridade de exportação de soja é de R$ 135,72 por saca de 60 Kg para embarque em fevereiro/2025, queda de 2,62% nos últimos sete dias; em R$ 133,19 por saca de 60 Kg para março/2025 (-2,65%); em R$ 136,05 por saca de 60 Kg para abril/2025 (-2,27%) e em R$ 140,35 por saca de 60 Kg para maio/2025 (-2,48%).

Embora a colheita esteja em ritmo mais lento que o observado em período equivalente das temporadas passadas, os produtores seguem otimistas e esperam por safra recorde. De acordo com a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), a colheita da soja no Brasil atingiu 3,2% da área até o dia 26 de janeiro. No Paraná, os trabalhos de campo avançaram de forma mais acelerada, com 10% da área colhida, conforme dados do Departamento de Economia Rural (Deral/Seab), com destaque para a região de Toledo, onde 84% da colheita já foi concluída, e em Cascavel, com a colheita somando 46% da área até o dia 29 de janeiro; em Umuarama e Campo Mourão, os percentuais são de 30% e 27%, respectivamente. Em Mato Grosso, no entanto, a colheita segue em ritmo lento, diante do elevado volume de chuvas. Segundo o Instituto Mato-Grossense de Economia Agropecuária (Imea), apenas 4,4% da área havia sido colhida até 24 de janeiro, bem inferior aos 21,51% registrados no mesmo período da temporada passada.

No médio-norte de Mato Grosso, a colheita avançou para 6,23%, contra 31,27% da safra 2023/2024. Na região noroeste, apenas 3,43% da área foi colhida, contra 21,7% no ano anterior. No norte do Estado, 4,09% foram colhidos, abaixo dos 22,02% do mesmo período de 2024. Na região oeste, a colheita soma 4,82%, significativamente inferior aos 34,04% da safra anterior. No mercado de farelo e de óleo de soja, a liquidez esteve lenta em praticamente todo o mês de janeiro, com negociações pontuais. Grande parte dos consumidores está abastecida para o médio e longo prazos e não mostra necessidade imediata nas aquisições desses coprodutos. Além disso, o tipo de negociação “frame” tem crescido no Brasil, sobretudo no mercado de farelo de soja. Este tipo de negociação permite que o comprador garanta antecipadamente volumes do derivado por um período determinado e esse agente pode ir, aos poucos, fixando o preço futuro, o prêmio e, posteriormente, a taxa de câmbio. Tal cenário tem afastado esses agentes do mercado spot nacional.

Os preços do farelo de soja registram recuo de 2% nos último sete dias. Entre a média de dezembro/2024 e janeiro/2025, a baixa foi de 0,9% e, no comparativo anual, de expressivos 16,7%, em termos reais. A demanda por óleo de soja também está enfraquecida, mas, neste caso, expectativas de que a procura para o biodiesel seja maior neste ano limita as baixas. O óleo de soja (posto em São Paulo com 12% de ICMS incluso) está cotado a R$ 6.425,60 por tonelada, queda de 6,9% nos últimos sete dias. Entre dezembro/2024 e janeiro/2025, a queda foi de 4,6%. No comparativo anual, a média de janeiro do preço do óleo de soja supera em 25,8% a de janeiro/2024. Nos Estados Unidos, os preços também estão pressionados, refletindo a menor demanda internacional, sobretudo da China. Além disso, o governo argentino oficializou, no dia 27 de janeiro, a diminuição das “retenciones” da soja, que passou de 33% para 26%, e do farelo de soja e do óleo de soja, que passou de 31% para 24,5%, com durabilidade até 30 de junho deste ano.

Na Bolsa de Chicago, o contrato Março/2025 da soja registra queda de 2% nos últimos sete dias, mas avançou expressivos 4,6% entre as médias de dezembro/2024 e janeiro/2025. A média mensal de janeiro foi de US$ 10,28 por bushel, a mais alta desde julho/2024, em termos nominais. O contrato de mesmo vencimento do farelo rem baixa de 3,4% nos últimos sete dias, mas avançou 4% na comparação mensal, indo para US$ 332,66 por tonelada, a maior média desde outubro/2024. O contrato Março/2025 do óleo de soja apresenta leve recuo de 0,1% nos últimos sete dias. Em janeiro/2025, o preço futuro deste derivado subiu significativos 6,9% frente ao mês anterior, com valor médio de US$ 966,45 por tonelada. Fonte: Cepea. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.