21/Jan/2025
No último dia 13 de janeiro o biodiesel completou 20 anos de idade. Criado pela Lei 11.097/2005, editada em 13/01/2005, o programa já produziu 77 bilhões de litros deste biocombustível sustentável e renovável, evitando a emissão de 240 milhões de toneladas de CO2. E, tão importante quanto isto, garantiu a economia de 38 bilhões de dólares que seriam gastos com a importação de diesel de origem fóssil. Só esses dois números seriam suficientes para comemorar com sobra esta iniciativa brasileira. Mas há outros igualmente importantes, entre os quais a vantagem para o meio ambiente e para a saúde pública, na medida em que o biodiesel emite menos de 20% do CO2 emitido pelo diesel.
Inicialmente programado para uma mistura de 5% de biodiesel no diesel de petróleo, essa quantidade só foi efetivada de maneira obrigatória em 2009, quando houve produção suficiente. Atualmente, a mistura é de 13%, mas a Lei 14.993/2024, que estabelece as normas do Combustível do Futuro, indica um aumento da mistura até chegar a 20% em 2030. Os benefícios para o agronegócio são também enormes, uma vez que as matérias-primas para produção do biodiesel vêm majoritariamente da agropecuária. A principal é o óleo de soja, com quase 70% de participação entre todas as matérias-primas. Mas outros produtos vegetais vão crescer nessa matriz, como o óleo de palma.
Produtos de origem animal, como sebo bovino e gorduras animais, são igualmente relevantes, e o óleo de cozinha usado vem aparecendo em quantidades crescentes. No início do programa houve grande interesse em usar o óleo de mamona como matéria-prima, assim como o "pinhão manso", mas a quantidade de soja produzida era muito maior e mais barata, de modo que rapidamente assumiu a liderança na oferta de óleo de soja. Nesse sentido, vale observar que, em 2024, cerca de 22% da produção de soja, equivalente a 35 milhões de toneladas da oleaginosa, foram usados para a fabricação do biodiesel. Este dado dá a grandeza da relevância do programa para a agricultura!
Sem o biodiesel, não existiria essa produção de soja, ou, em números aproximados, seriam plantados menos 9,5 milhões de hectares de soja! Que dizer das milhares de toneladas de farelo de soja utilizados na alimentação animal? Está claro que o biodiesel é um grande programa para o agronegócio brasileiro. Quanto empregos foram criados ao longo da cadeia produtiva toda? Aliás, raciocínio similar pode ser feito em relação ao Proálcool, criado em 14/11/1975, e que completará 50 anos em 2025. Dos quase 10 milhões de hectares plantados com cana-de-açúcar, a produção de mais de 4,5 milhões vai para a fabricação do etanol de cana. E mais de 18% da safra de milho vira etanol, e crescendo espetacularmente.
E tudo isso com a oferta igualmente crescente do DDG para alimentação animal, na mesma linha do farelo de soja. E vem vindo o etanol de segunda geração, a partir da biomassa, também da roça. Para o futuro, o céu é o limite, literalmente, uma vez que estes biocombustíveis serão fatalmente utilizados na aviação, através do SAF. Todos estes fatos são uma realidade brasileira, e que pode ser replicada em outros países do cinturão tropical do planeta. Tomara que o governo e o setor privado se juntem para mostrar ao mundo esse belo exemplo de energia renovável na COP30, que acontecerá em novembro próximo em Belém. O Brasil pode, e deve, ser o grande protagonista na transição energética para uma matriz renovável que interessa a todos os cidadãos do mundo. Fonte: Roberto Rodrigues. Broadcast Agro.