ANÁLISES

AGRO


SOJA


MILHO


ARROZ


ALGODÃO


TRIGO


FEIJÃO


CANA


CAFÉ


CARNES


FLV


INSUMOS

20/Jan/2025

Preços da soja pressionados no mercado doméstico

Os preços da soja registram comportamentos distintos nos Estados Unidos e no Brasil. Enquanto as cotações externas são impulsionadas por estimativas de menor produção norte-americana e pela demanda aquecida, os valores internos são pressionados por expectativas de safra recorde no País. A liquidez, entretanto, está menor nos últimos dias no Brasil, uma vez que o remanescente da safra 2023/2024 é baixo e a colheita da temporada 2024/2025 ainda está no início. A oferta global de soja foi reajustada pelo Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) para 424,26 milhões de toneladas na safra 2024/2025; embora este volume seja levemente (-0,7%) inferior ao estimado no relatório anterior, trata-se de quantidade recorde. Com isso, a relação estoque/consumo mundial é calculada em 31,7%, a maior desde a temporada 2018/2019. Esse reajuste na oferta global se deve sobretudo à diminuição na produção dos Estados Unidos (colhida no ano passado), revisada pelo USDA em 118,84 milhões de toneladas de soja, 2,13% abaixo do estimado no relatório anterior.

Esse cenário surpreendeu agentes de mercado e elevou os futuros da oleaginosa. Na Bolsa de Chicago, o contrato Março/2025 registra alta de 2% nos últimos sete dias, a US$ 10,19 por bushel. A valorização também está atrelada à expressiva alta nos preços do óleo de soja, que, por sua vez, são impulsionados pela elevação do petróleo. Isso gera maior incentivo na mistura de biodiesel ao óleo diesel (o óleo de soja é a principal matéria-prima do biodiesel). Além disso, o USDA aumentou as exportações de óleo de soja dos Estados Unidos em 45,49% frente ao relatório anterior e em expressivos 159% em relação à temporada passada. Vale ressaltar que o consumo doméstico está projeto em volume recorde, de 12,52 milhões de toneladas, sendo 51% deste total destinado às indústrias alimentícias e 49%, ao biodiesel. Com isso, o contrato Março/2025 do óleo de soja apresenta valorização de significativos 5,3% nos últimos sete dias, a US$ 992,73 por tonelada. O primeiro vencimento do farelo de soja está cotado a US$ 324,52 por tonelada, recuo de 1,6% no mesmo comparativo.

A queda no preço futuro do farelo está atrelada às expectativas de que a oferta se sobreponha à demanda. Embora as transações globais deste derivado sejam recordes (75,67 milhões de toneladas), o excedente pode crescer devido à firme demanda por óleo de soja. O USDA mantém a projeção de 169 milhões de toneladas de soja na temporada 2024/2025 brasileira, um recorde e 10,5% a mais que o volume produzido na safra passada. A Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) indica que 47,4 milhões de hectares foram cultivados com soja no Brasil nesta temporada (2024/25) e estima produtividade excepcional, resultando em produção recorde, de 166,33 milhões de toneladas. A Conab indica que 0,3% da área nacional de soja havia sido colhida até o dia 12 de janeiro. De acordo com o Departamento de Economia Rural (Deral/Seab), a colheita de soja alcançou 2% no Paraná até o dia 13 de janeiro. Dentre as regiões, 10% foram colhidos em Toledo; 4%, em Cascavel; 3%, em Campo Mourão; 2%, em Umuarama e 1% do total foi colhido em Pato Branco, Laranjeiras do Sul e Francisco Beltrão.

Em Mato Grosso, o Instituto Mato-Grossense de Economia Agropecuária (Imea) informou que 0,7% da área foi colhida, com avanço mais expressivo na região médio-norte do Estad. Conforme apontam dados da Conab, o estoque inicial de soja, em janeiro/2025, é o menor das últimas cinco temporadas, estimado em 1,02 milhão de toneladas, fortes 86% abaixo do verificado em igual período da safra passada. A exportação brasileira de soja está prevista em 105,47 milhões de toneladas, 7% a mais que na temporada 2023/2024. O esmagamento é estimado em 56,6 milhões de toneladas (+7,3%) e o estoque final, em dezembro/2025, em 2,17 milhões de toneladas, aumento de 112% no mesmo comparativo. Os estoques iniciais de farelo e óleo de soja também abriram esta temporada menores. Para o óleo, as demandas interna e externa podem ser maiores, projetadas em 10,11 milhões de toneladas e 1,4 milhão de toneladas, respectivos aumentos de 7,2% e de 3,7%. Para o farelo de soja, o consumo interno pode somar 19 milhões de toneladas, 5,6% superior à safra 2023/2024, mas as exportações podem reduzir 3,9%, para 22 milhões de toneladas.

Com expectativa de safra recorde no Brasil, o Indicador da soja Paranaguá ESALQ/BM&F, referente ao grão depositado no corredor de exportação e negociado na modalidade spot (pronta entrega), no Porto de Paranaguá, apresenta recuo de 2,4% nos últimos sete dias, cotado a R$ 134,20 por saca de 60 Kg. A média ponderada da soja no Paraná, refletida no Indicador CEPEA/ESALQ registra queda de 0,9% nos últimos sete dias, a R$ 129,98 por saca de 60 Kg, o menor valor nominal desde 28 de agosto de 2024. Nos últimos sete dias, os preços registram alta de 0,8% no mercado de balcão (preço pago ao produtor), mas recuo de 0,4% no mercado de lotes (negociações entre empresas). A demanda por óleo está enfraquecida no mercado interno. Assim, o óleo de soja (posto em São Paulo com 12% de ICMS) é comercializado a R$ 6.825,91 por tonelada, queda de 1,2% nos últimos sete dias. Os valores do farelo de soja estão em alta, com parte dos consumidores ativa nas aquisições, sobretudo para completar estoques. As cotações do farelo registram avanço de 0,3% nos últimos sete dias. Fonte: Cepea. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.