14/Jan/2025

Segundo a Embrapa Soja, o risco de perdas recorrentes na produção de soja devido à intensificação das mudanças climáticas já é realidade no Brasil. O Rio Grande do Sul, Paraná e outras regiões produtoras enfrentam perdas significativas nas últimas safras, com o Rio Grande do Sul perdendo praticamente uma safra em temporadas recentes como 2020/2021, 2021/2022 e 2022/2023. O que se projetava para ocorrer daqui a 50 anos está sendo vivenciado hoje. Com apenas 5% da área nacional de 45 milhões de hectares irrigada, o setor está altamente exposto aos veranicos (períodos prolongados de déficit hídrico associados a altas temperaturas).

A vulnerabilidade é especialmente preocupante devido ao papel estratégico da soja. Não tem frango, não tem ovo, não tem suíno se não tiver soja, pois as quebras de safra afetam toda a cadeia do agronegócio brasileiro. Tecnologias básicas para mitigação de riscos ainda são subutilizadas. Em muitos casos, os agricultores não adotam adequadamente a técnica, com por exemplo, calagem (correção do solo com calcário) e gessagem (aplicação de gesso agrícola), que são práticas agronômicas para construir o perfil do solo para aumentar a capacidade de reserva de água. A construção de solos mais resilientes demanda investimentos de longo prazo. Pode-se levar de 5 a 15 anos para construir um perfil do solo.

Os produtores que já adotam práticas conservacionistas têm desempenho muito superior em anos de seca. A Embrapa está desenvolvendo variedades mais adaptadas ao calor e à seca, além de um novo sistema do Zoneamento Agrícola de Risco Climático (Zarc). O sistema trabalha com séries mínimas de 30 anos de dados climáticos diários, não apenas médias mensais ou anuais. O produtor tem todo o custo para instalar a lavoura, mas deixa de vender o grão e, com isso, toda a sociedade passa a se afetar, com impactos em vários segmentos que dependem da produção agrícola. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.