13/Jan/2025
No momento em que a Moratória da Soja sofre ataques e tem futuro incerto, a Bunge, uma das maiores empresas de agronegócios do mundo, se esforça para tornar toda a sua cadeia livre de desmatamento em 2025. Alcançar o monitoramento integral das cadeias diretas e indiretas de fornecimento em regiões prioritárias do Cerrado é um passo importante na trajetória iniciada há dez anos na busca por cadeias de valor responsáveis e rastreáveis. Esse tipo de medida dá visibilidade à sustentabilidade do agronegócio brasileiro. Não se trata apenas de abrir mercados ou vender mais. Há uma mudança na demanda. A Bunge desenvolveu um sistema de monitoramento que é capaz de identificar mudanças no uso do solo e plantio do grão em mais de 19 mil fazendas, cobrindo 27 milhões de hectares na América do Sul. As compras que a empresa faz diretamente em regiões prioritárias, como o Cerrado, são 100% rastreadas e monitoradas desde 2020. A cobertura chega a 97,7% dos volumes que a companhia compra de fornecedores indiretos.
Junto com a tailandesa BKP, do grupo CP Foods, a empresa testa um sistema de rastreabilidade da soja baseado em tecnologia blockchain. Durante os testes, a companhia embarcou para a Tailândia 185 mil toneladas de farelo de soja livre de desmate. A agricultura do futuro é de baixo carbono. A Bunge quer apoiar produtores e clientes nessa transição, ao mesmo tempo em que avança nas metas de descarbonização, que incluem o compromisso com cadeias livres de desmatamento em 2025. Como parte dos esforços de descarbonização, a companhia avança no programa de agricultura regenerativa, ampliando a área para 600 mil hectares até 2026, com soja, milho, trigo e sementes de baixa emissão de carbono, como canola e mamona. O investimento no projeto é de US$ 20 milhões. O programa começou em 2023 com 250 mil hectares no Maranhão, Piauí, Tocantins, Bahia e Mato Grosso. A meta de 2024 era chegar a 250 mil hectares, e a empresa já está com 345 mil. A ideia é apoiar agricultores para que eles aproveitem as oportunidades desse mercado crescente.
A Bunge pretende ampliar o projeto para dez Estados, incluindo Pará, Goiás, São Paulo, Paraná e Rio Grande do Sul. A Bunge não divulga projeção de vendas para 2025, mas diz que a demanda por óleo e farelo de soja continuam firmes e que a companhia espera um nível maior de compras antecipadas de soja. No ano passado, as negociações se concentraram no mercado físico (spot), com produtores segurando vendas, à espera de preços mais altos, o que não aconteceu. Com a ampla estrutura e capilaridade de ativos, a Bunge está bem-posicionada para capturar as oportunidades de originação que surgirem. No terceiro trimestre de 2024, o lucro global da Bunge caiu 40,7%, a US$ 221 milhões, com a queda dos preços afetando a rentabilidade. A receita recuou 9,3%, a US$ 12,91 bilhões, com a piora do desempenho no Hemisfério Norte ofuscando a expansão na América do Sul. Com perspectiva de uma safra recorde no Brasil na temporada 2024/2025, a Bunge informou, sem citar números, que investirá no aumento da eficiência operacional. A companhia possui 70 silos para originação de grãos no Brasil.
No fim de 2023, adicionou cinco armazéns de grãos em Goiás e no Mato Grosso, além de investir em silos-bolsas nas Regiões Nordeste e Centro-Oeste, com capacidade de armazenagem de 500 mil toneladas. A empresa trabalha com a Zen-Noh na formação de uma joint-venture, com participações iguais, para administrar o Terminal XXXIX, no Porto de Santos (SP). O anúncio da compra dos 50% do terminal que pertenciam à Rumo ocorreu em maio de 2024; os outros 50% seguem com a Caramuru Alimentos. O terminal tem capacidade para movimentar 8 milhões de toneladas de grãos e farelo por ano. Em 2023, a movimentação foi de 5,7 milhões de toneladas. A multinacional também espera colher os frutos da compra dos ativos da CJ Selecta, de proteína concentrada de soja. A aquisição, acertada no fim de 2023, foi de R$ 1,8 bilhão. No exterior, a conclusão da compra da Viterra ainda depende de aprovações regulatórias em diversos países. A expectativa é que a operação, anunciada em 2023 e avaliada em US$ 34 bilhões, seja aprovada logo. Fonte: Globo Rural. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.