09/Jan/2025
Segundo o Rabobank, uma possível nova guerra comercial entre Estados Unidos e China pode gerar efeitos colaterais no mercado global de farelo de soja e aminoácidos utilizados em rações. A China, maior produtora mundial de aminoácidos como lisina, metionina e treonina, pode priorizar o consumo interno, restringindo a oferta internacional e pressionando os preços. Se a China reduzir suas importações de soja, como ocorreu durante o último conflito comercial, o país precisará buscar alternativas proteicas para rações, incluindo aminoácidos de origem sintética. Em 2019, durante a primeira guerra comercial, o governo chinês lançou uma campanha nacional para reduzir a dependência de farelo de soja, promovendo fórmulas de ração com menor teor proteico.
Como resultado, a taxa de inclusão de farelo caiu de 17,3% em 2019 para 13% em 2023, conforme dados oficiais. A substituição parcial do farelo de soja por aminoácidos pode aumentar a demanda interna chinesa, levando a uma redução nas exportações e a uma possível alta de preços no mercado global. Esse movimento afetaria os custos de produção de ração em outros países, especialmente na América Latina e na Europa, que dependem de importações desses insumos. Além disso, caso a China intensifique a substituição do farelo por aminoácidos, a indústria chinesa de proteína animal pode ter impacto de uma elevação nos custos de produção, reduzindo a margem dos produtores locais. Para mitigar parte da pressão, a China poderia aumentar a compra de farelo de soja de países como a Argentina, já que o mercado global de farelo é mais limitado em volume do que o de grãos de soja.
Com a crescente demanda chinesa por aminoácidos, as tradings e indústrias de insumos agrícolas com operações diversificadas terão vantagem competitiva. Empresas com capacidade de originação e processamento de grãos em diferentes países poderão aproveitar melhor as oportunidades criadas pelas mudanças nos fluxos comerciais globais. Mesmo com a expectativa de alta nos preços de insumos proteicos, o Rabobank alerta que o mercado de farelo pode enfrentar maior volatilidade por causa da possível ampliação da oferta de farelo sul-americano, especialmente da Argentina, que vem aumentando sua capacidade de exportação. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.