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06/Jan/2025

Tendência baixista para os preços da soja no Brasil

A safra 2024/2025 brasileira se iniciou em meio a temores por conta do baixo volume de chuvas, mas o clima favorável nos meses seguintes deve garantir produção de soja recorde. Do lado da demanda, políticas nacionais estimulando maior mistura de biodiesel ao óleo diesel deve favorecer a procura pelo grão para processamento interno. No front externo, a forte valorização do dólar frente ao Real deixa a soja brasileira mais atrativa a compradores internacionais, o que tende a favorecer as exportações. Quanto aos preços, as negociações em dólar para embarques nos portos brasileiros no primeiro semestre de 2025 são realizadas a valores bem abaixo dos registrados há um ano, e as cotações externas também operam em menores patamares. De modo geral, além do dólar, o mercado também deve estar atento às ações que devem ser tomadas pelo novo governo norte-americano, especialmente as que se referem a tarifas de importações, que podem gerar reações de outros países e deslocar demandantes à América do Sul.

No entanto, na Argentina, o governo sinalizou interesse em reduzir as “retenciones” sobre produtos agrícolas em 2025, o que pode incentivar as exportações do país e elevar a concorrência com o Brasil no farelo de soja, por exemplo. De acordo com o USDA, a área mundial de soja cresceu pela quinta temporada consecutiva, estimada em 146,5 milhões de hectares na 2024/2025, com destaque para o Brasil, que vem registrando consecutivos aumentos de área desde 2007/2008. A produção global é projetada em 427,1 milhões de toneladas, 8,2% acima da safra passada. A produção brasileira é projetada pelo USDA em volume recorde de 169 milhões de toneladas (40% da safra mundial) e pela Conab (Companhia Nacional de Abastecimento) em 166,2 milhões de toneladas. A Argentina deve colher 52 milhões de toneladas na temporada 2024/2025, de acordo com o USDA, a maior quantidade desde 2018/2019; e o Paraguai, 11,2 milhões de toneladas, um recorde.

Vale lembrar que os Estados Unidos colheram 121,42 milhões de toneladas na safra 2024/2025, o 2º maior volume da história. O USDA aponta que o Brasil deve abastecer o mercado global com 105,5 milhões de toneladas de soja na temporada 2024/25 (+1,3% frente à safra passada); os Estados Unidos, com 49,67 milhões de toneladas (+7,7%); o Paraguai deve exportar 7,3 milhões de toneladas (-5,2%); e a Argentina, 4,5 milhões de toneladas (-12%). As importações da China são estimadas pelo USDA em quantidade recorde de 103 milhões de toneladas na safra 2024/2025, 4% a mais que na temporada anterior. A União Europeia deve importar 14,6 milhões de toneladas de soja, aumento de 7,4% frente à safra anterior e o maior volume desde 2020/2021. O USDA estima que os estoques mundiais devem crescer, uma vez que o aumento da oferta tende a ser superior ao da demanda. A relação estoque final/processamento mundial deve ficar em 38%, a maior desde 2018/2019.

Na Bolsa de Chicago, os contratos com vencimentos em 2025 oscilam de US$ 9,80/bushel a US$ 10,00/bushel, o menor patamar nominal desde 2019. Para o Brasil, as negociações com base no porto de Paranaguá (PR) apontam preços FOB entre US$ 22,00 por saca de 60 Kg e US$ 23,50 por saca de 60 Kg de fevereiro a julho de 2025. Com base no dólar futuro negociado na B3, que está acima de R$ 6,00, a paridade de exportação da soja é calculada em R$ 138,59 por saca de 60 Kg para fevereiro/2025; em R$ 134,55 por saca de 60 Kg para março/2025; em R$ 136,64 por saca de 60 Kg para abril/2025 e acima de R$ 140,00 por saca de 60 Kg para maio/2025. O esmagamento global de soja é projetado pelo USDA em volume recorde de 347,42 milhões de toneladas na temporada 2024/2025, com crescimento de 5% sobre a anterior. Deste processamento são esperadas 272,48 milhões de toneladas de farelo e 65,86 milhões de toneladas de óleo. Entre os maiores processadores, somente para o Brasil que o USDA estima volume inferior, em 1,3%, para 54 milhões de toneladas.

Entretanto, a Abiove indica crescimento do esmagamento nacional, para 57 milhões de toneladas em 2025. Vale ressaltar que o consumo doméstico de óleo de soja no Brasil é projetado em volume recorde, de 9,53 milhões de toneladas, sendo 5,3 milhões de toneladas para o uso industrial e 4,23 milhões de toneladas para alimentação. Nos Estados Unidos, o consumo do óleo de soja é estimado em 12,7 milhões de toneladas, sendo 50% para uso industrial e 50% para uso alimentício – vale ressaltar que é a primeira vez que a demanda por óleo de soja para a indústria alcança o volume de óleo demandado para alimentação nos EUA. Quanto ao farelo de soja, o consumo mundial é estimado em 266,6 milhões de toneladas. No Brasil, 21 milhões de toneladas do derivado devem ser consumidas internamente (+5%) e 20,5 milhões de toneladas, embarcadas (-9,8%). A Argentina segue liderando as exportações de farelo, com 28 milhões de toneladas, 12,5% a mais que o volume escoado na temporada anterior e o maior desde 2020/2021. Fonte: Cepea. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.