11/Dec/2024
Segundo o Citi Research, os preços de grãos e oleaginosas na Bolsa de Chicago devem registrar queda média de 5% a 10% em 2025. A intensificação das tensões comerciais entre Estados Unidos e China, combinada com incertezas no Mar Negro envolvendo Rússia e Ucrânia, pode influenciar negativamente o mercado global de soja, milho e trigo. Novas tarifas sobre importações chinesas, incluindo uma taxa geral de 60% em produtos do país, devem desestabilizar os preços e aumentar os estoques norte-americanos no curto prazo. Se a China retaliar com tarifas sobre a soja dos Estados Unidos, a Bolsa de Chicago enfrentará pressões baixistas adicionais, enquanto o prêmio da soja brasileira pode se fortalecer. Desde a guerra comercial de 2018, a China tem diversificado suas importações e reduzido a dependência de produtos agrícolas dos Estados Unidos. As exportações norte-americanas de milho e soja somam cerca de 55 milhões a 60 milhões de toneladas por safra, mas dois terços da soja têm como destino a China.
Caso as tarifas sejam reativadas, as exportações norte-americanas de soja para o país asiático podem cair entre 13 milhões e 15 milhões de toneladas, elevando os estoques nos Estados Unidos a níveis vistos em 2017/2018. Um possível cessar-fogo entre Rússia e Ucrânia poderia liberar mais oferta de milho e trigo dos dois países, já descontada em preços devido à desvalorização cambial, com a remoção de entraves logísticos na região do Mar Negro. Por outro lado, a baixa produção de trigo na Rússia e a possível introdução de limites à exportação para proteger o mercado interno adicionam um elemento de incerteza. No campo climático, há probabilidade de 73% de ocorrência do fenômeno climático La Niña entre novembro de 2024 e janeiro de 2025, o que pode trazer volatilidade aos mercados agrícolas. Embora a duração e a intensidade sejam incertas, o padrão climático pode reintroduzir prêmios de risco climático nas cotações. Na América do Sul, o Citi projeta uma safra robusta. A produção brasileira de soja pode alcançar 168 milhões de toneladas, impulsionada por uma expansão de 2% na área plantada, que deve atingir 46,5 milhões de hectares.
Os produtores brasileiros expandem a área de soja há 17 anos consecutivos, com poucas alternativas viáveis. Na Argentina, a produção de soja deve aumentar para 50 milhões de toneladas, beneficiada pela migração de áreas de milho para a oleaginosa. No entanto, a produção argentina de milho deve cair 3 milhões de toneladas, para 47 milhões de toneladas, devido a uma redução de 12% a 18% na área plantada, reflexo de margens deprimidas e problemas com doenças agrícolas. Nos Estados Unidos, o Citi chama a atenção para o impacto do setor de bioenergia nos mercados agrícolas. A produção de etanol e diesel renovável segue em alta, mas possíveis mudanças nos mandatos de biocombustíveis sob o governo Donald Trump podem afetar a demanda por milho. O setor de bioenergia enfrenta incertezas que podem amplificar a volatilidade nas cotações do milho na Bolsa de Chicago. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.