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02/Dec/2024

Tendência de preços da soja sustentados no Brasil

O dólar norte-americano em torno dos R$ 6,00 tende a encarecer os insumos importados, como os fertilizantes, e, consequentemente, elevar os custos de produção da soja, especialmente das lavouras de 2ª safra. Por outro lado, o câmbio alto favorece a receita obtida em Reais por produtos exportados e eleva a paridade de exportação. Diante disso, para a safra de verão (1ª safra 2024/2025), que está com o custo já consolidado, o dólar em alto patamar favorece os vendedores. De fato, os preços da soja estão sustentados neste ambiente de valorização da moeda norte-americana, já que os produtores domésticos estão mais otimistas para as vendas do grão em 2025, mesmo diante da possível safra recorde no País. De 21 a 28 de novembro, o dólar avançou 2,9% frente ao Real, fechando a R$ 5,98 na quinta-feira (28/11). Trata-se da maior depreciação da moeda brasileira desde o início do Plano Real (27 de fevereiro de 1994).

Em novembro, a média do dólar foi de R$ 5,79, sendo 3% superior à de outubro/2024, expressivos 18,3% acima da de novembro/2023 e um recorde. Esse cenário de dólar elevado deve ser verificado nos próximos meses. O preço futuro do dólar foi negociado na B3 no dia 28 de novembro acima de R$ 6,00 para todo o ano de 2025. Porém, esse contexto inibe as negociações nos mercados spot e de contratos a termo. De um lado, os produtores estão atentos às atividades de campo e ausentes das vendas. Por outro, grande parte de consumidores indica estar abastecida e cautelosa nas aquisições. Assim, por enquanto, os preços no físico seguem praticamente estáveis. Nos últimos sete dias, o Indicador da soja Paranaguá ESALQ/BM&F, referente ao grão depositado no corredor de exportação e negociado na modalidade spot (pronta entrega), no Porto de Paranaguá, apresenta leve alta de 0,03%, cotado a R$ 142,43 por saca de 60 Kg. Em novembro, a média deste Indicador subiu 1% frente à de outubro, a R$ 143,28 por saca de 60 Kg, a maior desde junho deste ano, em termos reais (IGP-DI, de outubro).

Embora a média ponderada da soja no Paraná, refletida no Indicador CEPEA/ESALQ registre pequena queda de 0,3% nos últimos sete dias, a média de novembro avançou 0,5% em relação a outubro, a R$ 140,46 por saca de 60 Kg, a maior deste ano, em termos reais. Nos últimos sete dias, os valores registram recuo de 0,3% no mercado de balcão (preço pago ao produtor) e de 0,6% no de lotes (negociações entre empresas). Considerando-se as médias mensais, contudo, é observada alta de 1,9% em ambos os mercados. A demanda por farelo e por óleo de soja está menor. Os consumidores sinalizam estar abastecidos, adquirindo apenas lotes pontuais. As cotações do farelo de soja apresentam baixa de 0,6% nos últimos sete dias. Já de outubro para novembro, a média avançou 3,8%. O óleo de soja (posto em São Paulo com 12% de ICMS) está cotado a R$ 7.176,15 por tonelada, significativa queda de 4,5% nos últimos sete dias.

Contudo, entre as médias de outubro e de novembro, observa-se expressiva alta de 9,4%, a R$ 7.360,94 por tonelada, a maior desde dezembro/2021. Esse aumento se deve à significativa demanda pelo setor de biodiesel, registrada sobretudo na primeira quinzena deste mês. As atividades de campo seguem em ritmo intenso no Brasil. O clima nas Regiões Sul e Centro-Oeste vinha deixando agricultores em alerta, mas recentes chuvas trouxeram alívio ao setor. De acordo com a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), 83,3% da área nacional havia sido semeada até o dia 24 de novembro, acima dos 75% há um ano. Dentre as regiões, o cultivo foi concluído em São Paulo, enquanto, no mesmo período do ano, as atividades somavam 88%. Em Minas Gerais, 80% da área foi cultivada, ante as 65% há um ano. Em Mato Grosso, a semeadura alcançou 99,3%, acima das 96,3% em igual período de 2023. Em Mato Grosso do Sul, 93% da área foi semeada, também acima das 96,3% há um ano; e, em Goiás, 87% da área destinada à soja foi semeada, contra 71% em período equivalente de 2023.

A semeadura da soja alcançou 96% no Paraná, acima dos 93% há um ano; 48% no Rio Grande do Sul, contra 37% em período equivalente de 2023; e 70% em Santa Catarina, 12% a mais que no mesmo período do ano passado. Em Tocantins, a semeadura alcançou 90% da área, acima dos 65% há um ano. Na Bahia, 78% da área foi semeada, mais adiantado que os 55% cultivados no mesmo período do ano passado. No Piauí, 50% da área foi semeada com soja, mais que os 38% semeados há um ano; e, no Maranhão, a semeadura alcançou 40% da área, contra 34% em 2023. Na Argentina, de acordo com a Bolsa de Cereais de Buenos Aires, das 18,6 milhões de hectares reservados para o cultivo de soja na temporada 2024/2025, 44,4% foram semeadas até 27 de novembro. As vendas da atual temporada de soja nos Estados Unidos seguem em bom ritmo, cenário que impulsiona os preços futuros da oleaginosa. Porém, especulações sobre possível aumento nas tarifas sobre as exportações norte-americanas no próximo ano e a valorização do dólar limitam as altas.

De acordo com o relatório de inspeção e exportação do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), embora os embarques norte-americanos de soja tenham diminuído 7,25% entre as duas últimas semanas, na parcial desta safra (de setembro/2023 até 21 de novembro/2024), superam em 12% os de igual período da temporada passada, somando 19,68 milhões de toneladas de soja. Com isso, na Bolsa de Chicago, o contrato Janeiro/2025 da oleaginosa registra valorização de 1,1% nos últimos sete dias, a US$ 9,88 por bushel. Em novembro, a média foi de US$ 9,95 por bushel, recuo de 0,7% frente à média de outubro. Para o farelo de soja, o contrato Dezembro/2024 tem alta de 1% nos últimos sete dias. Na parcial de novembro, o derivado teve média de US$ 322,64 por tonelada, expressivos 7,9% inferior à média de outubro e a mais baixa desde agosto/2020. O contrato Dezembro/2024 do óleo de soja, por sua vez, acumula baixa de 3,4% nos últimos sete dias, influenciado por realizações de lucros. Em novembro, por outro lado, o valor médio do futuro deste derivado foi o menor nominal desde julho deste ano, de US$ 988,31 por tonelada. Fonte: Cepea. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.