28/Nov/2024
As distribuidoras de combustível já demonstram preocupação com a disparada no preço do biodiesel e têm repassado o aumento de custo com a mistura do produto no diesel B para o varejo. De fato, o biodiesel, que responde por 14% da mistura do diesel desde março, viu seu preço subir 44,7% no acumulado do ano, chegando a R$ 6,38 por litro na semana de 11 a 17 de novembro, a última medição da Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP). Trata-se do maior preço médio semanal para o biocombustível desde a segunda semana de julho de 2022. O biodiesel está num patamar de preço historicamente alto, e subiu muito rápido, principalmente nos últimos três meses. Biodiesel e etanol já têm volatilidade de preços, mas esse movimento do biodiesel é atípico e, dentro de uma política de custo normal, o aumento tem sido repassado.
A escalada de preços é atribuída a um choque de demanda, sobretudo após o aumento do percentual obrigatório de biodiesel no diesel de 12% para 14% em março deste ano, além de citar aumentos nos preços da soja e do óleo de soja, principal matéria prima do produto, associados ou não à mudança no regramento do setor. A StoneX aponta o aumento da demanda do setor dos combustíveis como o principal fator de pressão sobre o preço do óleo de soja, produto que responde por 90% da precificação do biodiesel. No ano até setembro, o mercado já comprou 6,7 milhões de metros cúbicos de biodiesel, um aumento de 24% ante o mesmo período de 2023. Esse aumento da demanda (por biodiesel) contribuiu para a disparada do óleo de soja. No acumulado do ano, o preço do óleo de soja em dólar subiu 20% no mercado doméstico. Considerando o efeito cambial, esse aumento em Real chega a 45% nos 11 meses do ano.
Fontes do mercado de distribuição afirmaram que, no curto prazo, é esperado um arrefecimento ou, ao menos alguma estabilidade maior nos preços do biodiesel, em função de uma maior oferta de soja e óleo de soja no Brasil e no mundo, além de um menor consumo de diesel na virada do ano, o que reduz a demanda pelo componente biocombustível. Mas, há previsão de novo aumento no mandato do biodiesel em março, com aumento de 14% para 15% na fatia do biocombustível na mistura, o que deve pressionar ainda mais a demanda. A previsão do Conselho Nacional de Política Energética é que esse percentual chegue a 20% em 2030. A previsão da StoneX é que a demanda de biodiesel vai crescer 11,6% em 2025, passando de 9 milhões para algo em torno de 10 milhões de metros cúbicos. Isso vai pedir mais 1 milhão de toneladas de óleo de soja, com a demanda por esse produto saltando de 7,1 milhões de toneladas para até 8,3 milhões de toneladas. Então haverá pressão de preços.
Há previsões de aumento de safra no Brasil, Estados Unidos e Argentina, que são bons sinais pelo lado da oferta, mas a demanda ainda deve crescer acima, de forma mais acelerada. Ainda que responda por uma parcela pequena do produto vendido ao consumidor final (14%), o encarecimento do biodiesel é hoje o principal fator de pressão sobre o preço final do óleo diesel B padrão ou S-10 nas bombas. O preço do insumo escalou 44,7% no acumulado do ano e têm preocupado as principais distribuidoras de combustíveis do País, que são responsáveis pela mistura antes do envio do produto final aos postos de abastecimento. Com a estabilidade dos preços praticados nas refinarias da Petrobras para a parcela fóssil da mistura do diesel, o diesel A, desde 27 de dezembro de 2023, o produto final tem visto o preço subir de forma lenta, mas consistente, em função do encarecimento da parcela biocombustível. Historicamente, o preço praticado nas refinarias da estatal é o principal formador do preço ao consumidor.
O último ajuste no diesel da Petrobras foi um corte linear médio de R$ 0,30 por litro ao fim de dezembro de 2023, que reduziu quase imediatamente os preços do diesel na ponta da cadeia. Dados da ANP mostram que, depois desse corte da estatal, o preço do diesel S-10 nas bombas passou a rondar os R$ 5,95 por litro, o que perdurou até julho, quando, já sob o efeito da alta do biodiesel, esse preço retomou o patamar dos R$ 6,00 por litro. Na semana até 23 de novembro, a última apurada pela ANP, o diesel S-10 custou na média nacional R$ 6,05 por litro, o maior preço desde meados de dezembro de 2023. O Índice de Preços Edenred Ticket Log (IPTL) indicou um preço médio de R$ 6,15 por litro para o diesel comum e de R$ 6,21 por litro para o diesel S-10 em novembro, altas de 0,65% e 0,49% respectivamente na comparação com outubro. Foram as maiores altas do ano. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.