11/Nov/2024
Uma nova guerra comercial entre Estados Unidos e China poderia afetar novamente os agricultores norte-americanos. Muitas das tarifas que a China impôs aos produtos agrícolas dos Estados Unidos durante a disputa comercial no primeiro mandato de Donald Trump ainda estão em vigor, embora a China tenha concedido uma isenção que é renovada anualmente. No entanto, essas tarifas poderiam ser facilmente restabelecidas. Se isso ocorresse, as exportações norte-americanas de soja para a China poderiam diminuir mais de 50% em relação aos níveis esperados, enquanto os embarques de milho poderiam cair 84%, de acordo com um relatório recente encomendado pela Associação Americana de Soja e a Associação Nacional dos Produtores de Milho. Uma tarifa de 60% sobre esses produtos agrícolas, equivalente ao que Trump ameaçou para produtos chineses, poderia levar a uma perda de até US$ 7,3 bilhões em valor anual de produção. Embora os Estados Unidos possam redirecionar algumas de suas exportações para outros países, não há demanda suficiente para compensar a perda esperada.
O governo terá de compensar o setor agrícola novamente, como da última vez, ou ver prejuízos nas fazendas e perda de emprego no setor. Uma guerra comercial não apenas reduziria o valor de produção dos agricultores norte-americanos, mas também teria um ‘efeito dominó’ na economia, especialmente em áreas rurais onde os produtores vivem e gastam seu dinheiro. Setores que podem ser fortemente afetados incluem manufatura e mineração, proteção de lavouras, fertilizantes, produtos de energia, bem como o setor imobiliário e de transporte, de acordo com o relatório da Associação Americana de Soja. Tarifas sobre outros produtos importados também podem aumentar os preços de insumos para os agricultores dos Estados Unidos, num momento em que já enfrentam custos recordes devido à inflação. Donald Trump já ameaçou impor uma tarifa de 200% sobre a fabricante de equipamentos agrícolas Deere, que anunciou em junho a transferência de parte de sua produção para o México.
Se uma disputa comercial se prolongasse, o impacto temporário poderia se transformar em uma mudança estrutural de longo prazo. A queda nas exportações para a China não só afetou os preços da soja e do milho dos Estados Unidos, mas também levou à redução da área de produção. Enquanto isso, Brasil e Argentina expandiram suas áreas de produção, que permanecerão em uso mesmo após um possível fim da guerra comercial sob Trump. A América do Sul ganharia em todas as frentes às custas dos agricultores norte-americanos e da economia dos Estados Unidos, de acordo com o relatório. Durante sua campanha, Trump declarou que implementaria tarifas de pelo menos 10% sobre produtos estrangeiros se fosse reeleito. As tarifas para certos produtos da China, que ele considera estar "explorando" os Estados Unidos há anos, poderiam chegar a 60%. Em 2018, Trump impôs tarifas sobre mais de US$ 300 bilhões em importações chinesas, desencadeando uma guerra comercial entre os dois países.
A China respondeu aplicando tarifas retaliatórias sobre bilhões de dólares em produtos norte-americanos, especialmente agrícolas, como soja e milho. A China é o maior mercado para as exportações norte-americanas de soja e um importante comprador de milho. Quando a China passou a comprar de outros países produtores, como Brasil e Argentina, muitos agricultores norte-americanos sofreram com a queda nas vendas. Para ajudar produtores dos Estados Unidos na época, o governo Trump concedeu bilhões de dólares em subsídios ao setor agrícola, o que essencialmente compensou a maior parte da receita de tarifas arrecadada durante a guerra comercial com a China, de acordo com uma análise do Conselho de Relações Exteriores. Embora o governo Trump tenha alcançado um acordo com a China em 2019, pedindo que comprasse mais US$ 200 bilhões em produtos norte-americanos, a China comprou apenas 83% do valor prometido em produtos agrícolas, segundo o Instituto Peterson de Economia Internacional.
Mas, apesar dos impactos econômicos da guerra comercial com a China, os agricultores norte-americanos seguem apoiando Donald Trump. Ele anunciou a intenção de impor uma tarifa de 60% sobre produtos chineses e uma taxa mínima de 10% sobre outras importações, gerando preocupações sobre novas retaliações que podem afetar o setor agrícola. As exportações de soja para a China, principal mercado do produto, não se recuperaram totalmente desde as tensões comerciais de 2018. Analistas apontam que outra guerra comercial pode intensificar a competição com o Brasil, que tem aumentado sua participação nas exportações para a China. Fontes: Broadcast Agro e Forbes Agro/Reuters. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.