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08/Nov/2024

Percepções do Agro brasileiro sobre governo Trump

Representantes do setor produtivo nacional avaliam que a vitória de Donald Trump à presidência dos Estados Unidos pode favorecer o Brasil no comércio de soja com a China, em caso de o governo norte-americano repetir a guerra comercial com o país asiático, mas os reflexos das políticas de Trump no câmbio e no multilateralismo global trazem preocupação. Interlocutores do setor consideram praticamente certa uma investida do governo Trump na retaliação contra a China, o que pode levar o país asiático a recorrer a um maior volume de soja brasileira. O Brasil já tinha se favorecido de boa parte desse redirecionamento da demanda chinesa em 2018, na primeira fase da guerra comercial sino-americana no primeiro mandato de Trump.

A tendência é de o Brasil exportar mais soja para a China, mas hoje o País já exporta um volume considerável. O prêmio pago pela soja brasileira pode melhorar, mas não tanto como foi em 2018. Há espaço para o Brasil ocupar no fornecimento de soja ao mercado asiático. A relação de mercado do Brasil com os Estados Unidos tende a superar ideologias, mas deve haver uma tentativa de aproximação mais intensa da China com o Brasil e países africanos. Nesse cenário, a tendência é de a China driblar o protecionismo comercial dos Estados Unidos ampliando as relações comerciais, incluindo exportações de seus produtos, e investimentos com outros países, o que dialoga inclusive com o programa do governo chinês da Nova Rota da Seda.

Em relação a negociações comerciais em andamento entre Brasil e Estados Unidos, como a possibilidade de ampliar a cota de carne bovina e de açúcar brasileiro vendidos ao mercado norte-americano, representantes do setor acreditam que eventual avanço dependerá de contrapartida brasileira, como a redução da tarifa sobre importação de etanol dos Estados Unidos. O protecionismo de Trump é certo. Mas, é preciso aguardar para ver se ele brigará com todos os que não concordam com suas ideologias ou se escolherá o Brasil entre seus países amigos. Em contrapartida, há receio do setor produtivo com o impacto das políticas anunciadas por Trump, se cumpridas, sobre os juros e dólar. Câmbio alto remunera mais o exportador, mas aumenta muito o preço de insumos importados e gera volatilidade demasiada no mercado nacional e internacional, com amplas disparidades.

Outra preocupação do agronegócio brasileiro é quanto ao enfraquecimento do multilateralismo, como foi no primeiro mandato de Trump em que a Organização Mundial do Comércio (OMC) foi paralisada. Hoje, o órgão de apelação da OMC está inativo por falta de indicação de um membro americano. Ele deve travar o multilateralismo, o que é ruim para os países produtores e para o Brasil, sobretudo neste momento em que se faz necessário questionar as ações europeias, caso da lei antidesmatamento, e o País precisa da OMC e órgãos multilaterais fortalecidos e estabelecendo as regras do jogo. Na questão climática, representantes do setor produtivo avaliam que a visão de Trump tende a não ser de preservação ambiental a custo de desenvolvimento e da produção. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.