04/Nov/2024
Muitos consumidores brasileiros de farelo de soja, atentos à demanda externa aquecida, sobretudo a partir do segundo trimestre deste ano, fizeram estoques longos do derivado e, agora, adquirem apenas pequenos volumes para completar as reservas. Com isso, os preços do farelo de soja caíram no Brasil, e a participação do derivado na “crush margin” chegou a 58,2% na semana passada, a mais baixa desde 5 de julho de 2022. Para este cálculo, foram utilizados os valores da soja, do farelo e do óleo negociados no estado de São Paulo. Uma outra parcela dos consumidores, especialmente suinocultores e representantes de confinamentos, segue ativa nas aquisições de farelo de soja, favorecida pelo maior poder de compra. O preço do suíno é o maior desde novembro/2020 e o do boi gordo, desde agosto/2022, em termos nominais. Esse cenário impede quedas mais acentuadas nos preços do farelo de soja no Brasil, que registra desvalorização de 1,8% nos últimos sete dias. Entre as médias de setembro e de outubro, os preços ficaram praticamente estáveis (+0,1%).
No âmbito global, o cenário é similar. Com base nos contratos de primeiro vencimento da soja, do farelo e do óleo de soja negociados na Bolsa de Chicago, a participação do farelo de soja “crush margin” foi de 57,7% no dia 31 de outubro, a mais baixa desde 9 de outubro de 2023. O contrato de primeiro vencimento (Dezembro/2024) do farelo de soja na Bolsa de Chicago está no menor patamar desde 27 de agosto de 2020, a US$ 330,14 por tonelada, expressiva queda de 3,5% nos últimos sete dias. Na média de outubro, o contrato de primeiro vencimento do farelo recuou 1,3% frente à do mês anterior. A desvalorização externa do farelo está relacionada à maior oferta do derivado na Argentina, principal abastecedor mundial de farelo e óleo de soja. Além disso, o crescimento no consumo global de óleo de soja, tanto por indústrias alimentícias quanto pelo setor de biodiesel, vem gerando expectativas de aumento no processamento e, consequentemente, de maior excedente de farelo de soja.
Com isso, as negociações envolvendo o óleo de soja seguem aquecidas. O óleo de soja (posto em São Paulo com 12% de ICMS) registra avanço de 2,2% nos últimos sete dias, a R$ 6.988,45 por tonelada. O preço médio em outubro foi de R$ 6.736,62 por tonelada, 4,9% superior ao de setembro e o maior desde janeiro/2023, em termos reais (IGP-DI, de setembro). Com o maior retorno pela venda do óleo de soja, a “crush margin” apresenta avanço de 9,4% nos últimos sete dias, a R$ 486,69 por tonelada. E o retorno em relação ao custo da soja é de 21%, contra 19% na semana anterior, tendo-se como base os valores da soja em grão, do farelo e do óleo de soja no estado de São Paulo. Na Bolsa de Chicago, o contrato Dezembro/2024 do óleo de soja acumula valorização de 1,8% nos últimos sete dias, a US$ 995,16 por tonelada. Na média de outubro, a alta foi de 3,8% frente à do mês anterior.
No mercado da soja em grão, os preços se mantêm praticamente estáveis. De um lado, a firme demanda por óleo de soja e a valorização cambial dão suporte às cotações do grão. Porém, por outro lado, as recentes chuvas na América do Sul e a maior oferta nos Estados Unidos limitam as altas. Nos últimos sete dias, os preços da soja registram leve alta de 0,3% no mercado de balcão (valor pago ao produtor) e estabilidade no mercado de lotes (negociações entre empresas). Entre as médias de setembro e de outubro, os preços de ambos os mercados avançaram 2,5%. Nos últimos sete dias, o Indicador da soja Paranaguá ESALQ/BM&F, referente ao grão depositado no corredor de exportação e negociado na modalidade spot (pronta entrega), no Porto de Paranaguá, apresenta recuo de 0,3%, cotado a R$ 143,90 por saca de 60 Kg. A média ponderada da soja no Paraná, refletida no Indicador CEPEA/ESALQ registra queda de 0,4% nos últimos sete dias, a R$ 141,13 por saca de 60 Kg. De setembro para outubro, as médias subiram 1,4% e 2,2%, na mesma ordem.
Na Bolsa de Chicago, o contrato Novembro/2024 da soja apresenta desvalorização de 1,4% nos últimos sete dias, a US$ 9,82 por bushel. Em outubro, a queda foi de 1,1% frente à média de setembro. As atividades de campo avançaram significativamente no Brasil. De acordo com a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), 37% da área nacional havia sido semeada até o dia 27 de outubro, levemente abaixo dos 40% há um ano. Dentre as regiões, 72% da área estimada foi semeada em Mato Grosso do Sul, avanço de 37% em uma semana e acima dos 52% há um ano; 70%, em São Paulo, aumento de 30% frente à semana passada e superior aos 58% cultivados no mesmo período de 2023. No Paraná, a semeadura alcançou 62%, crescimento de 21% na última semana e acima dos 58% observados há um ano. Em Minas Gerais, a semeadura da soja soma 18% do total esperado para o Estado, aumento de 7,5% frente à semana anterior e em linha com os 17,8% há um ano. No Maranhão, a semeadura atingiu 6% da área, acima dos 3% em igual período de 2023.
Em Santa Catarina, a semeadura totaliza 15% da área, aumento de 7% ante a semana anterior e apenas 1% inferior ao cultivado há um ano. Em Mato Grosso, as atividades seguem mais lentas nesta temporada, com 55,2% da área semeada, avanço de 34,1% em uma semana, mas abaixo dos 70,9% cultivados há um ano. Em Goiás, o cenário é similar: a semeadura avançou 17% entre as duas últimas semanas, alcançando 26% da área, ainda assim, abaixo dos 31% há um ano. Em Tocantins, 8% da área foi semeada com a oleaginosa, 5% superior à semana passada, mas abaixo dos 15% cultivados em período equivalente de 2023. A semeadura da safra 2024/2025 também foi iniciada na Argentina. De acordo com a Bolsa de Cereais de Buenos Aires, 3,3% dos 19 milhões de hectares foram semeados até o dia 30 de outubro. Nos Estados Unidos, 78% da área cultivada com soja foi colhida até o dia 27 de outubro, à frente dos 82% colhidos há um ano e dos 78% na média dos últimos cinco anos, de acordo com o relatório de acompanhamento de safras do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos. Fonte: Cepea. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.