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31/Oct/2024

Guerra comercial EUA-China deve favorecer Brasil

Uma vitória de Donald Trump nas eleições presidenciais dos Estados Unidos pode levar a novas tarifas sobre produtos chineses, possivelmente causando prejuízos de bilhões de dólares para os agricultores dos Estados Unidos, com o redirecionamento do comércio para nações concorrentes, como o Brasil. As mudanças propostas por Trump prometem tarifas de 10% a 20% sobre todos os bens importados, embora essa faixa tenha variado em diferentes momentos durante a campanha. Trump também ameaça elevar as tarifas existentes sobre todos os produtos chineses para 60%. Essas novas tarifas podem desencadear retaliações da China, que é o maior parceiro comercial da agricultura dos Estados Unidos. A retomada da guerra comercial que marcou o primeiro mandato de Trump pode estimular a China a buscar outros fornecedores de produtos agrícolas.

Segundo a StoneX, se uma guerra comercial ocorresse entre os Estados Unidos e a China, a competitividade do produto norte-americano diminuiria em comparação com o do Brasil. A China, então, buscaria comprar o máximo possível do Brasil, aumentando a demanda e elevando os prêmios de exportação no Brasil em comparação com a Bolsa de Chicago. Como resultado de tarifas retaliatórias em vigor entre o verão de 2018 e o fim de 2019, as perdas nas exportações agrícolas dos Estados Unidos superaram US$ 27 bilhões, com a China representando cerca de 95% do valor perdido, mostrou um estudo publicado neste mês pela Associação Nacional dos Produtores de Milho e da Associação Americana da Soja. Segundo as entidades, se a China cancelar a isenção tarifária existente sobre produtos agrícolas dos Estados Unidos, as exportações de soja norte-americana para a China podem cair em até 16 milhões de toneladas, ou mais de 50%.

As exportações de milho para o país asiático devem cair mais de 84%, ou 2,2 milhões de toneladas. As perdas seriam ainda maiores se a China impusesse novas tarifas retaliatórias. Como ocorreu na guerra comercial de 2018, é improvável que a agricultura dos Estados Unidos consiga novos negócios suficientes para compensar essas perdas. Segundo o CoBank, será preciso se concentrar em outros grandes mercados, como o México, para substituir a China, mas o México também traz riscos de novos problemas comerciais sob um governo de Trump. O México, por sua vez, recorreria mais à América do Sul para substituir qualquer comércio perdido com os Estados Unidos. O México é o principal comprador de milho dos Estados Unidos, adquirindo muito mais do que a China. O oposto é verdadeiro para a soja. A China comprou 24,4 milhões de toneladas de soja dos Estados Unidos no ano comercial 2023/2024, enquanto o México adquiriu 4,8 milhões de toneladas.

Segundo a Associação Nacional dos Produtores de Milho, uma elevação de tarifas pelos Estados Unidos pode impulsionar os esforços da China e dos países sul-americanos para consolidar suas relações comerciais. Isso pode afastar ainda mais os agricultores norte-americanos dos mercados mundiais, após a guerra comercial anterior ter prejudicado a percepção de confiabilidade dos Estados Unidos como parceiro comercial. O Brasil tem sido o país mais beneficiado pela mudança da China em seus parceiros comerciais. O setor agrícola brasileiro tem crescido continuamente desde que produziu mais soja do que os Estados Unidos pela primeira vez em 2012, segundo dados do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA). Segundo o USDA, o Brasil será responsável por cerca de 61% das exportações mundiais de soja até 2032.

Analistas dizem que esse número pode crescer ainda mais rapidamente com a imposição de novas tarifas pelos Estados Unidos. Uma vez que terras sejam convertidas para a produção agrícola no Brasil, elas permanecerão em produção mesmo após o fim da guerra comercial, afirmou a Associação Americana da Soja. Para a StoneX, embora uma guerra comercial renovada com um segundo mandato de Trump afete rapidamente o apetite da China por grãos dos Estados Unidos, esse apetite pode diminuir independentemente de quem vença em 5 de novembro. Tarifas são certamente uma parte da equação de preços, mas o ponto principal é que a China está se afastando da dependência de compras dos Estados Unidos de qualquer forma, devido tanto a tensões geopolíticas quanto a preços. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.