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23/Oct/2024

Clima movimenta mercados de soja, milho e trigo

Os mercados de soja, milho e trigo vêm enfrentando um momento de preços mais pressionados nos últimos meses, com os fundos especulativos tendo atingido posições liquidamente vendidas muito amplas nas bolsas norte-americanas. Essa conjuntura mais baixista ocorre diante de balanços de oferta e demanda globais sem maiores ameaças pelo lado da oferta, enquanto a demanda avança dentro do esperado. Contudo, questões climáticas movimentaram e devem continuar influenciando esse cenário nos próximos meses, já que a produção tem um maior potencial de apresentar mudanças bruscas, dependendo do clima, podendo alterar o equilíbrio entre oferta e demanda de maneira mais inesperada. As preocupações com o clima, inclusive, foram o motivo principal da ampla cobertura de posições vendidas pelos especuladores no período recente. Para a soja e o milho, as atenções estão cada vez mais voltadas para a safra da América do Sul, com os atrasos no plantio da oleaginosa no Brasil tendo movimentado o mercado.

Após uma seca histórica, as chuvas em setembro continuaram muito escassas na maior parte da região produtora, com exceção do Sul do País, o que alimentou preocupações com possíveis prejuízos sobre as lavouras e com atrasos no plantio da segunda safra de milho, que já é semeada num período mais restrito, após a soja, correndo mais riscos. Na Argentina, onde o milho começa a ser plantado cedo, algumas áreas mais secas também causaram preocupação e alguma lentidão dos trabalhos no campo. Já no caso da soja argentina, o plantio começa mais tarde e as condições climáticas ainda tendem a evoluir para um quadro mais favorável ao desenvolvimento da safra. De qualquer forma, nas últimas semanas, as chuvas retornaram de forma mais generalizada e em melhores volumes no Brasil e na Argentina, situação que deve favorecer o plantio, com o produtor de grãos tendo grande capacidade de avançar rapidamente com os trabalhos no campo.

Mesmo assim, o clima daqui para frente continuará central, trazendo volatilidade ao mercado. No caso do trigo, houve algumas preocupações com a falta de chuvas na Austrália e na Argentina, onde as safras estão em andamento, assim como no Brasil, mas não se esperam perdas muito significativas, pelo menos por enquanto. Destaca-se que a safra paranaense de trigo perdeu potencial produtivo pela falta de umidade, além da ocorrência de geadas, mas o ciclo no Rio Grande do Sul caminha para um resultado favorável. Por mais que a finalização da safra 2024/2025 de trigo no Hemisfério Sul ainda esteja no radar, são as condições climáticas para o ciclo 2025/2026 de países do Mar Negro e mesmo dos Estados Unidos que estão preocupando, uma vez que representam a maior parte da produção anual e o plantio e início do desenvolvimento têm se deparado com falta de chuvas. A safra da Rússia é especialmente importante, pelo país ser o principal exportador do cereal, e o resultado do ciclo 2024/2025 ficou abaixo do ano anterior, com a possibilidade de novas perdas por questões relacionadas à meteorologia reforçando as dúvidas quanto ao excedente exportável no próximo ano.

De qualquer forma, olhando para os fundamentos concretos, entre os três grãos, é o mercado de soja que se encontra em um cenário mais “folgado”, com estimativas de produção mundial consideravelmente acima do consumo. No caso do milho, apesar de não haver restrições pelo lado da oferta, o tamanho da safra 2024/2025 ainda está mais indefinido, uma vez que a safrinha brasileira, que concentra grande parte da produção do cereal por aqui, será plantada somente no começo de 2025, além de as estimativas mostrarem produção e consumo mundial mais ajustados. Mesmo não havendo um quadro de escassez de trigo ao redor do mundo, o balanço de oferta e demanda do cereal em 2024/2025 caminha para um consumo superior à produção, ainda que esta última também tenha avançado, o que justifica as preocupações neste início da safra nova de inverno. Fonte: Ana Luiza Lodi. Broadcast Agro.