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21/Oct/2024

Preços da soja pressionados no Brasil e no exterior

Os preços da soja estão em baixa nos Estados Unidos e no Brasil, refletindo o otimismo quanto à safra mundial 2024/2025. As expectativas de diminuição na demanda da China, principal importador global da oleaginosa, reforçam o movimento de queda. Dados divulgados neste mês pelo Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) apontam produção mundial de soja na temporada 2024/2025 em 428,9 milhões de toneladas, 8,6% superior às 394,7 milhões de toneladas colhidas na safra 2023/2024. O esmagamento global é projetado em 346,3 milhões de toneladas e as transações globais, em 181,5 milhões de toneladas, respectivos aumentos de 4,8% e de 2,6% frente à temporada anterior; o estoque mundial também pode ser recorde, previsto em 134,6 milhões de toneladas. Nos Estados Unidos, a colheita da nova safra está “a todo vapor”, com 2/3 dos 34,9 milhões de hectares colhidos até o dia 13 de outubro, acima dos 57% colhidos há um ano.

A produção de soja norte-americana é estimada em recorde de 124,7 milhões de toneladas de soja. Assim, mesmo com crescimentos de 9,15% nas exportações, de 6% no esmagamento e de 5,3% no consumo doméstico, os estoques do país podem ser os maiores das últimas seis temporadas, projetados pelo USDA em 14,96 milhões de toneladas em agosto/2025. Diante desse cenário, na Bolsa de Chicago, o contrato Novembro/2024 da soja registra desvalorização de 2,6% nos últimos sete dias, a US$ 9,88 por bushel. O contrato Dezembro/2024 do óleo de soja tem baixa de 2,7% no mesmo período, a US$ 938,94 por tonelada. Para o farelo, o contrato Dezembro/2024 apresenta leve avanço de 0,6%, a US$ 350,64 por tonelada. A área a ser cultivada com soja na Argentina também deve crescer, estimada pelo USDA em 16,9 milhões de hectares na safra 2024/2025, sendo 3,7% acima da temporada passada. Com isso, a produção deve aumentar 6%, para 51 milhões de toneladas.

Ainda de acordo com o USDA, 40 milhões de toneladas de soja na Argentina devem ser destinadas ao esmagamento, elevação de 12% frente à safra anterior. As exportações são estimadas em 4,5 milhões de toneladas, 11,8% inferiores às de 2023/2024. A área de cultivo de soja no Brasil vem se ampliando consecutivamente desde a temporada 2007/2008, sobretudo em espaços de pastagem degradada e na substituição de parte da área de milho safra de verão (1ª safra). Para a nova safra (2024/2025), a área destinada à soja deve alcançar um novo recorde, de 47,3 milhões de hectares, de acordo com as projeções da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) e do USDA divulgadas neste mês. A produção nacional é estimada em 166 milhões de toneladas pela Conab e em 169 milhões de toneladas pelo USDA. As exportações brasileiras de soja são projetadas pela Conab em volume recorde de 105,54 milhões de toneladas, 14,2% acima da safra 2023/2024. O processamento é estimado em 56,6 milhões de toneladas, um recorde e 7,9% a mais que a temporada anterior.

Este aumento está atrelado às expectativas de maior demanda por derivados, sobretudo no mercado doméstico. As boas previsões e estoques mundiais elevados enfraquecem as cotações no spot nacional. Nos últimos sete dias, o Indicador da soja Paranaguá ESALQ/BM&F, referente ao grão depositado no corredor de exportação e negociado na modalidade spot (pronta entrega), no Porto de Paranaguá, apresenta recuo de 0,7%, cotado a R$ 140,36 por saca de 60 Kg. A média ponderada da soja no Paraná, refletida no Indicador CEPEA/ESALQ registra queda de 0,4% nos últimos sete dias, a R$ 138,85 por saca de 60 Kg. Nos últimos sete dias, os preços da soja registram alta de 1% no mercado de balcão (preço pago ao produtor), mas leve recuo de 0,1% no mercado de lotes (negociações entre empresas). O farelo de soja apresenta leve desvalorização de 0,1% nos últimos sete dias. O óleo de soja (posto em São Paulo com 12% de ICMS), subiu 0,4% nos últimos sete dias, a R$ 6.664,60 por tonelada.

Além disso, chuvas irregulares seguem deixando os produtores brasileiros em alerta e recuados nas comercializações. De acordo com a Conab, 9,1% da área nacional havia sido semeada até 13 de outubro, abaixo dos 19% cultivados há um ano. Dentre as regiões, o Paraná, beneficiado por maior índice pluviométrico, está à frente das atividades de campo, com 33% da área semeada, acima de 31% observados há um ano. As recentes chuvas também permitiram o avanço da semeadura em Mato Grosso do Sul, que alcançou 20% da área cultivada, porém, 3% percentuais a menos que em igual período do ano passado. Por outro lado, observam-se chuvas mal distribuídas em parte das Regiões Centro-Oeste e do Sudeste do Brasil. Mato Grosso, maior produtor nacional da oleaginosa, cultivou apenas 7,8% da área, expressivamente abaixo dos 35,2% semeados em período equivalente de 2023. Em São Paulo, o cultivo alcançou 5% da área, também significativamente inferior aos 35% cultivados há um ano. Fonte: Cepea. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.