26/Sep/2024
De acordo com a S&P Global Commodity Insights, a capacidade de processamento de soja do Brasil deve atingir em 2024 seu maior nível ativo em quase 20 anos, impulsionada por margens positivas e pela elevação da mistura obrigatória de biodiesel ao diesel. As plantas de esmagamento de soja no País devem encerrar o ano com uma capacidade ativa de 204.793 toneladas por dia, o que corresponderá a 93,5% da capacidade total instalada, a maior taxa de utilização desde 2005 (93,6%), conforme dados da Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais (Abiove). A expansão deve-se a investimentos em novas instalações e à reativação de unidades anteriormente inativas, reflexo das margens favoráveis, especialmente para empresas integradas à produção de biodiesel.
O óleo de soja, principal matéria-prima para a produção de biodiesel no Brasil, teve sua mistura obrigatória elevada de 12% para 14% em março de 2024, com expectativa de alcançar 15% em março de 2025. O subproduto do esmagamento de soja representa cerca de 70% das matérias-primas do biodiesel, influenciando diretamente a oferta, a demanda e os preços. Como terceiro maior produtor mundial de óleo de soja, o Brasil exportou, em média, 1,80 milhão de toneladas nos últimos cinco anos, sendo 2,60 milhões em 2022 e 2,33 milhões em 2023. No entanto, com o aumento da mistura obrigatória de biodiesel, as exportações do País devem cair para menos de 1,50 milhão de toneladas em 2024. O preço do óleo de soja FOB Porto de Paranaguá (PR) atingiu US$ 1.063,95 por tonelada em 20 de setembro, o maior nível desde maio de 2022.
O governo brasileiro pretende aumentar a mistura de biodiesel em um 1% ao ano, visando atingir 20% até 2030. No entanto, a proposta depende de pesquisas técnicas sobre a viabilidade da mistura B20. Caso essa medida seja aprovada, a indústria de esmagamento precisará expandir sua capacidade, uma vez que menos de 7% da capacidade atual permanece inativa. No primeiro semestre de 2024, as margens de esmagamento no interior do Brasil ficaram abaixo da média de cinco anos, afetando investimentos em novas plantas. As margens foram significativamente inferiores às registradas entre 2021 e 2023, o que levou as empresas a reativarem unidades. Para atender à demanda interna nos próximos anos, o Brasil terá que reduzir exportações de óleo de soja ou expandir sua capacidade de esmagamento. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.