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16/Sep/2024

Preço da soja pressionado pela maior oferta global

O movimento de alta nos preços da soja foi interrompido nos Estados Unidos e no Brasil, devido às expectativas de maior oferta mundial. A entrada da safra 2024/2025 no Hemisfério Norte se aproxima, mas, claramente, ainda há de se esperar o cultivo, desenvolvimento e colheita especialmente na América do Sul. Há preocupações com o clima seco no Brasil, mas a previsão de chuvas em partes do País para as próximas semanas já está levando os produtores a iniciarem o cultivo da nova temporada. De acordo com dados divulgados no dia 12 de setembro pelo Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), a oferta mundial de soja na temporada 2024/2025 é estimada em volume recorde, de 429,2 milhões de toneladas, 8,73% superior à safra 2023/2024. A produção nos Estados Unidos é projetada em quantidade recorde de 124,81 milhões, 10% acima da temporada anterior. O aumento na produção norte-americana está atrelado às condições climáticas favoráveis às lavouras da oleaginosa, que tem o potencial de registrar a maior produtividade da história do país, calculada em 3,58 toneladas por hectare.

Além disso, com o consumo recorde de soja nos Estados Unidos na temporada 2023/2024 (que se encerrou em agosto), de 65,56 milhões de toneladas, o excedente exportável diminuiu. As exportações norte-americanas somaram 46,27 milhões de toneladas, a menor quantidade desde 2019/2020. Mesmo assim, os estoques de passagem foram de 9,26 milhões de toneladas em agosto, 28,7% acima dos da temporada 2022/2023. E os estoques podem crescer ainda mais na temporada 2024/2025, estimados em 14,97 milhões de toneladas, expressivo aumento de 61,7%. Diante disso, os contratos futuros do complexo soja estão pressionados. Na Bolsa de Chicago, o vencimento Setembro/2024 da oleaginosa registra desvalorização de 1,7% nos últimos sete dias, a US$ 9,91 por bushel. Para o farelo, o contrato de mesmo vencimento tem baixa de 1,3% no período, a US$ 348,88 por tonelada. O contrato de primeiro vencimento do óleo de soja registra forte queda de 3,6%, a US$ 899,70 por tonelada.

Os produtores brasileiros estão cautelosos em iniciar a semeadura diante do tempo seco, mas o Centro de Previsão de Tempo e Estudos Climáticos (Cptec) prevê chuvas nos próximos dias em parte dos Estados das Regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste do País. De acordo com o USDA, a área de cultivo de soja no Brasil pode crescer pela 18ª safra consecutiva, projetada em 47,3 milhões de hectares na temporada 2024/2025, 3,3% acima da anterior e um recorde. Com isso, a produção de soja no Brasil passaria de 153 milhões de toneladas em 2023/2024 para 169 milhões de toneladas na temporada 2024/2025. Por outro lado, o estoque final da safra 2023/2024 (setembro/2024) é estimado em 27,86 milhões de toneladas, 24,3% abaixo da temporada passada (setembro/2023). Esse cenário se deve à quebra na produção nacional e às maiores demandas externa e doméstica. No entanto, com o aumento na produção da próxima safra, o estoque em setembro/2025 pode alcançar as 33,9 milhões de toneladas. Diante desse cenário, há maior disparidade entre as indicações dos compradores e os valores ofertados pelos vendedores no mercado brasileiro, resultando em baixa liquidez.

A valorização do dólar frente ao Real limitou as quedas domésticas. Nos últimos sete dias, o Indicador da soja Paranaguá ESALQ/BM&F, referente ao grão depositado no corredor de exportação e negociado na modalidade spot (pronta entrega), no Porto de Paranaguá, se mantém estável, cotado a R$ 140,98 por saca de 60 Kg. A média ponderada da soja no Paraná, refletida no Indicador CEPEA/ESALQ registra queda de 0,4% nos últimos sete dias, a R$ 136,50 por saca de 60 Kg. Nos últimos sete dias, os preços da soja apresentam recuo de 0,2% no mercado de balcão (valor pago ao produtor), mas alta de 1% no mercado de lotes (negociações entre empresas). Quanto aos derivados, o farelo de soja registra desvalorização de 0,3% nos últimos sete dias. O valor do óleo de soja (posto em São Paulo com 12% de ICMS), acumula queda de 0,8% no mesmo comparativo, a R$ 6.366,86 por tonelada. As áreas de cultivo de soja na Argentina e no Paraguai devem crescer 3,7% e 2,7%, passando para 16,9 milhões de hectares e 3,85 milhões de hectares, nos respectivos países, com produções estimadas em 51 milhões de toneladas e em 11,2 milhões de toneladas, na mesma ordem, de acordo com o USDA.

Como 78% da produção na Argentina é destinada às indústrias de esmagamento, o USDA aponta para queda na exportação de soja em grão no país, estimada em 4,5 milhões de toneladas, 13,5% abaixo da temporada anterior. Com isso, pela terceira temporada consecutiva, o Paraguai deve ser o terceiro maior exportador de soja do mundo, embarcando 7,3 milhões de toneladas da oleaginosa. As estimativas do USDA são de que a China importe 109 milhões de toneladas na temporada 2024/2025, abaixo dos 111,5 milhões de toneladas projetados até o final deste mês. A União Europeia, mesmo com estoques maiores, deve buscar no mercado global 14,6 milhões de toneladas de soja em grão na temporada 2024/2025, 5,8% a mais que o volume estimado para esta safra, de 13,8 milhões de toneladas. O estoque final da soja da União Europeia é projetado em 1,52 milhão de toneladas em setembro/2025, acima das 1,37 milhão de toneladas estimadas anteriormente. Fonte: Cepea. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.