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02/Sep/2024

Tendência é de alta para os preços da soja no Brasil

O aquecimento na demanda da China e a valorização externa mantêm em alta os prêmios de exportação e as cotações no Brasil. Além disso, parte dos produtores domésticos segue resistente em negociar o remanescente da safra 2023/2024, voltando as atenções ao clima para início da semeadura da nova temporada. A umidade está baixa nas principais regiões brasileiras e não há previsão de chuva no curto prazo, cenário que pode retardar o início das atividades envolvendo a safra 2024/2025. De acordo com a Embrapa, o período de vazio foi finalizado nas regiões norte e oeste do Paraná e no centro-sul de São Paulo no sábado (31/08). Assim, os produtores já podem iniciar as atividades de campo a partir de 1º de setembro. Vale lembrar que, anteriormente, as liberações para o cultivo da oleaginosa ocorriam entre os dias 10 e 15 de setembro, a depender da região e/ou do Estado. Com demanda firme e vendedores retraídos, o Indicador da soja Paranaguá ESALQ/BM&F, referente ao grão depositado no corredor de exportação e negociado na modalidade spot (pronta entrega), no Porto de Paranaguá, apresenta avanço de 2,9% nos últimos sete dias, cotado a R$ 134,93 por saca de 60 Kg.

A média ponderada da soja no Paraná, refletida no Indicador CEPEA/ESALQ registra alta de 3,3% nos últimos sete dias, a R$ 131,30 por saca de 60 Kg. Na média de agosto, por outro lado, ambos os Indicadores registraram o menor patamar desde abril deste ano, em termos reais (valores deflacionais pelo IGP-DI de julho/2024). A média do Indicador ESALQ/BM&F - Paranaguá foi de R$ 132,98 por saca de 60 Kg em agosto, 3,7% inferior à média de julho e 14% abaixo da de agosto/2023. O Indicador CEPEA/ESALQ - Paraná registrou média de R$ 129,00 por saca de 60 Kg em agosto, quedas de 3,4% frente ao mês de julho e de 11,4% em relação há um ano. Nos últimos sete dias, os preços da soja apresentam alta de 3,6% no mercado de balcão (valor pago ao produtor) e de 2,2% no mercado de lotes (negociações entre empresas). No comparativo mensal, houve queda de 2,5% no mercado de balcão e de 2,8% no mercado de lotes. Em um ano, os valores caíram 9% no balcão e 7,6% no mercado de lotes. Essas baixas se devem à expressiva desvalorização registrada na primeira quinzena de agosto.

No front externo, a valorização está atrelada ao aumento nas exportações norte-americanas. De acordo com o relatório de inspeção e exportação do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), na última semana, os embarques da oleaginosa cresceram 1,37% frente aos da semana anterior e 26% em comparação aos de semana equivalente do ano passado. Na parcial desta temporada (de setembro/2023 até 22 de agosto), os Estados Unidos escoaram 44,2 milhões de toneladas, 14,8% abaixo do volume exportado no mesmo período da temporada anterior. Vale lembrar que a safra 2023/2024 se encerrou no dia 31 de agosto nos Estados Unidos e na China. Na Bolsa de Chicago, o contrato Setembro/2024 registra valorização de 3,5% nos últimos sete dias, a US$ 9,73 por bushel. Em agosto, o contrato de primeiro vencimento da soja registrou a menor média desde agosto/2020, a US$ 9,84 por bushel, sendo também 11,8% menor que o registrado em julho/2024 e 29,1% abaixo do de agosto/2023. Os preços do farelo de soja estão sustentados pela valorização da soja em grão, tanto no Brasil quanto nos Estados Unidos.

A liquidez, no entanto, é baixa, devido à ausência de consumidores. Enquanto os demandantes nacionais relatam ter estoques, boa parte dos estrangeiros se volta à Argentina. Os preços do farelo de soja acumulam alta de 0,6% nos últimos sete dias. Por outro lado, em agosto, o valor médio do farelo de soja caiu 3,7% frente ao de julho/2024 e 10,9% sobre o de agosto/2023, em termos reais. Na Bolsa de Chicago, o contrato Setembro/2024 apresenta avanço de 0,7% nos últimos sete dias, a US$ 340,17 por tonelada. Em agosto, a média foi a menor desde outubro/2021, também sendo 9,5% inferior à de julho/2024 e 24,3% abaixo da de agosto/2023. Os preços do óleo de soja seguem em alta, influenciados pela firme demanda para a produção de biodiesel no Brasil. O óleo de soja (posto em São Paulo com 12% de ICMS) tem alta de 1% nos últimos sete dias, a R$ 6.357,60 por tonelada. A média do mês de agosto avançou 4,3% frente à de julho/2024 e significativos 17,5% em relação à média de agosto/2023, sendo também a maior desde fevereiro/2023, em termos reais.

Mesmo com a alta no preço do óleo de soja, o maior custo com o grão reduz a margem das indústrias brasileiras. Tendo-se como base os valores da soja em grão, do farelo e do óleo de soja no estado de São Paulo, a “crush margin” registra recuo de 10,7% nos últimos sete dias, a R$ 612,23 por tonelada. Assim, o retorno em relação ao custo da soja é de 31,49%, contra 36,5% na média da semana anterior. Vale ressaltar que, em período equivalente do ano passado, a “crush margin” havia sido calculada a R$ 365,79 por tonelada, com retorno em relação ao custo da soja de apenas 18,42%. Na Bolsa de Chicago, o preço futuro do óleo de soja é impulsionado pela valorização do petróleo, que incentiva as refinarias a elevarem a mistura do biodiesel ao óleo diesel. O contrato Setembro/2024 registra avanço de 6,8% nos últimos sete dias, a US$ 951,73 por tonelada. Em agosto, o contrato de primeiro vencimento do óleo caiu 10,7% frente ao mês de julho e significativos 38% no comparativo anual. Fonte: Cepea. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.