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28/Aug/2024

EUA: produtores de soja e milho estão pessimistas

O cinturão agrícola dos Estados Unidos está caminhando para uma safra recorde neste ano. No entanto, poucos agricultores estão comemorando. Os preços de grãos, sob pressão desde que o boom das commodities atingiu seu auge durante a pandemia, caíram ainda mais em 2024. As chuvas em regiões de cultivo foram abundantes pela primeira vez em anos, abrindo caminho para novos recordes de produção. Isso intensifica o que já parecia um ano financeiramente desastroso nas fazendas. Orçamentos planejados na primavera já não são mais viáveis, e custos altos de insumos como sementes e fertilizantes estão consumindo as receitas. Para muitos agricultores, é um retorno aos tempos mais difíceis anteriores à pandemia. Os preços do milho e da soja estavam estagnados na segunda metade da década de 2010, pressionando a renda agrícola.

Os preços recordes em 2021 e 2022 deram um impulso aos agricultores, mas o momento voltou a ser desfavorável para eles. Agora, alguns produtores estão sendo forçados a considerar opções que prefeririam evitar. Isso pode significar reduzir a aplicação de fungicidas e fertilizantes, e aceitar mais problemas com pragas e menores rendimentos das lavouras, ou adiar investimentos que aumentariam a produtividade e os lucros ao longo do tempo. O milho e a soja estão sendo negociados nos menores níveis desde 2020. O índice de preços ao produtor para o milho caiu pela metade desde que atingiu um pico recente há dois anos, em parte devido à forte produção do Brasil. Os preços de fertilizantes alcançaram níveis recordes com a guerra entre Rússia e Ucrânia, após um grande aumento nos preços do gás natural. Outros custos incluem a contratação de trabalhadores, a compra de sementes e combustíveis.

Os produtores estão usando suas reservas. Alguns planejam fazer um orçamento rigoroso para a safra do próximo ano, limitando a compra de insumos e plantando mais soja do que milho, já que o cultivo da oleaginosa consome menos fertilizantes. Além de adiarem a compra de novas máquinas. A Deere & Co. informou neste mês que as vendas de equipamentos no terceiro trimestre fiscal em sua divisão de produção e agricultura de precisão caíram 25% em relação ao ano anterior. O custo de arrendamento de terras agrícolas também subiu nos últimos anos, tornando-se uma parcela maior das despesas agrícolas. O arrendamento aumentou todos os anos por um longo período. Em fevereiro, o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) previu que o lucro líquido das fazendas cairia 25% este ano. Economistas da Universidade de Illinois dizem que agricultores no Estado provavelmente perderão até US$ 118,00 por acre de milho e US$ 81,00 por acre de soja.

As perdas podem ser ainda maiores se os preços não se recuperarem. Além disso, a presença crescente do Brasil no mercado agrícola mundial e a produção constante da Rússia devem manter a pressão sobre as cotações e os agricultores dos Estados Unidos. Segundo o CoBank, uma instituição financeira agrícola, Brasil e Rússia estão produzindo grãos em um ritmo maior do que o mundo jamais precisará. A perspectiva de longo prazo não parece boa. A situação financeira que os agricultores enfrentam é irônica, já que as condições de cultivo estão perfeitas em uma era marcada por eventos climáticos extremos e outros desastres. Participantes da expedição de safra Pro Farmer Crop Tour na semana passada também visitaram lavouras majoritariamente saudáveis em sete Estados: Dakota do Sul, Nebraska, Iowa, Illinois, Minnesota, Indiana e Ohio. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.